Um pouco de teoria
Nos últimos dias assiste-se uma quebra de braço entre os políticos
e o ministro da economia Paulo Guedes. O motivo principal seria que os primeiros
querem aprovar o “Renda Brasil” sem a contrapartida de receitas, o que iria
aumentar o déficit público. Isso tem ocasionado a alta de juros identificada na
sua curva.
Para que se entenda melhor esse assunto, a Bloomberg
publicou um artigo instrutivo.
Em primeiro lugar, para os novatos do mercado de dívida,
lembre-se que os preços dos títulos e os rendimentos se movem em direções
opostas. A quantidade de dinheiro que um detentor de títulos deve receber é
pré-determinada, desta forma, se alguém paga menos para adquirir um título,
então o retorno esperado - ou rendimento - sobe. Isso significa que quando há
um movimento de alta nos títulos (ou seja, as pessoas estão comprando-os), os
rendimentos são menores. Por outro lado, quando os títulos caem de preço, os
rendimentos sobem. Além disso, cada uma dessas situações pode ocorrer enquanto
a curva está inclinando (o prêmio para uma dívida mais longa está crescendo) ou
achatando (o prêmio está encolhendo).
A seguir, estão os quatro tipos de mudança de curva que
podem ocorrer:
“Bear Steepening”
“Bull Steepening”
Quando o mercado entra nesse ciclo, os títulos sobem,
arrastando os rendimentos para baixo. A inclinação ocorre porque os títulos
mais curtos têm apreciação - empurrando seus rendimentos para baixo, enquanto a
taxa dos mais longos não caem com a mesma intensidade. Isso amplia a diferença
de juros entre os dois. Esse tipo de mudança pode ocorrer quando o Fed está
cortando suas taxas de juros de referência de curto prazo, como fez após a
crise financeira de 2008 - ou até mais cedo, quando os traders antecipam os
movimentos do Fed.
Vale uma ressalva sobre esse cenário, nos dias de hoje
parece impossível de acontecer, haja visto que, as taxas de juros estão próximas
de 0%.
“Bull Flattening”
Os títulos caem, independentemente do vencimento, acarretando
alta dos rendimentos. Isso explica a parte “Bear”. O achatamento ocorre
quando títulos mais curtos veem seus preços enfraquecerem mais, aumentando seus
rendimentos em um ritmo mais rápido do que aqueles mais longos. Isso comprime o
spread entre os dois, achatando a curva no geral. Movimentos como este podem
ocorrer à medida que o Fed aperta a política enquanto a inflação permanece sob
controle.
Essas são as 4 formas que a curva de juros pode se apresentar,
e acontecessem dependendo do estágio em que a economia se encontra, conjugado as
ações da autoridade monetária.
Quiz: Abaixo se encontra a curva da taxa de juros nominal no Brasil, em qual cenário se classifica hoje?
Amarela (31/12/2018) – Naquele momento a curva estava inclinada,
com os juros curto a nível de 6,5%. Não existia uma expectativa pelo mercado de
corte de juros, mas que acabou ocorrendo em 2019.
Verde escura (31/12/2019) – O BC efetuou um corte de juros
durante o ano, e o mercado não acreditava em novos cortes, porem também não
acreditava em altas. Note que a diferença entre o juro de 1 mês e de 5 anos,
embora esse último mais elevado, não denota uma expectativa de alta, podemos considerar
essa diferença como um prêmio de risco.
Verde claro – azul – vermelho (jun/ago/setembro2020) – Essas
curvas entre si não são muito diferentes, apenas pioraram nos meses (diferença
entre as taxas curta e longas).
Se você respondeu Bear Steepening acertou. O BC
baixou a taxa SELIC para 2% a.a., o mercado acredita que além de ser temporário
esse nível, a discussão fiscal coloca mais pressão sobre os juros longos. Notem
que a curva está muito inclinada, entre o juro de 1 mês comparado com o de 5
anos a diferença é 5%.
Daqui em diante, quando vocês lerem no noticiário que o juro
está subindo, ele quer dizer que, provavelmente a alta se dá nos juros longos.
No post o-novo-virus, fiz os seguintes comentários sobre o SP500: ...” eu espero alguns dias de correção, onde o SP500 deveria ficar contido entre 3.280 – 3.350, a partir daí, teria um objetivo entre 3.700 – 3.800” ...
As indicações parecem positivas desde que atingiu a mínima, mas correções podem nos passar a perna. Para que o leitor possa acompanhar melhor o andamento. Na região compreendida entre 3.495 e 3.280, nada é muito conclusivo. Acima do primeiro, aumentam as chances de o movimento de alta ter ganho curso, bem como, abaixo de 3.280, a correção ainda está em andamento.
Fique ligado!
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