Saiu mal na fita #SP500
Jim
Reid, do Deutsche Bank, publicou um extenso estudo — 800 anos! — sobre a
inflação em diversos países. Afinal, esse é o assunto mais quente do mercado.
O relatório de hoje mostra que, na maioria de nossas vidas, vivemos um período muito inflacionário em relação à história de longo prazo, mesmo que nem sempre tenha sido assim, especialmente nos últimos anos. Antes do início do século XX, os preços geralmente aumentavam muito lentamente ao longo do tempo e, na verdade, costumavam ficar estáveis por longos períodos. Por exemplo, no Reino Unido, o nível geral de preços permaneceu praticamente inalterado entre 1800 e 1938.
No entanto, a inflação subiu em todo o mundo em vários momentos do século XX. Os preços do Reino Unido desde 1938 aumentaram em um múltiplo de 50 (+ 4885%) e, dos 25 países onde temos dados de inflação contínua até 1900, o Reino Unido é na verdade um de apenas 5 países da amostra a não experimentar inflação extrema em um determinado ano (nós definirmos como> 25% a.a.). Desses 25 países, apenas Holanda (3,0%), Canadá (3,0%), Estados Unidos (3,0%) e Suíça (2,1%) viram uma inflação anual média de 3% ou menos desde 1900.
Então, o que mudou no século XX? Houve uma explosão única
na população global, e nós regularmente rompíamos laços com sistemas monetários
atrelados a metais preciosos antes de abandoná-los completamente na maior parte
do mundo a partir de 1971.
No futuro, não teremos o mesmo aumento populacional
(desinflacionário), mas a população em idade ativa no Ocidente mais a China
diminuirá, o que pode ajudar a recuperar o poder perdido (inflacionário).
Muitos dizem que a tecnologia vai compensar isso. Em última análise, porém, a
inflação provavelmente dependerá de quão agressiva forem as políticas monetária
e fiscal e se elas funcionarão juntas de forma consistente. Na década pós-GFC,
eles trabalharam em direções opostas, mas os primeiros sinais pós-Covid são de
que estão se movendo mais na mesma direção. Um sistema de moeda fiduciária
permite tal experimento se os legisladores decidirem seguir esse caminho. Todos
os olhos estão voltados para o (s) pacote (s) de estímulo dos EUA e o FED nos
próximos meses e trimestres.
Quando
eu estava analisando o gráfico, imaginei que teria que procurar no índice a
curva do Brasil pela cor, e percebi que seria bastante difícil. Ao olhar o
cabeçalho, porém, notei que o gráfico estava em ordem decrescente de inflação —
ou seja, o Brasil é o campeão mundial no quesito inflação. (É verdade que o
gráfico não mostra todos os países, mas mesmo assim...)
Outro
fator que chamou minha atenção são os juros de 2 anos dos títulos americanos.
Um artigo do Wall Street Journal por Julia-Ambra Verlaine, enfatiza a diferença
entre esse título e os juros denominados de IOER – Interest Rate on Excess
Reserves, equivalente a taxa SELIC, da troca de reservas entre os bancos.
O
spread entre o rendimento do Tesouro de dois anos e uma taxa de juros chave
definida pelo Federal Reserve é o mais estreito desde as mínimas do mercado
durante a pandemia, um sinal potencial de estresse do sistema financeiro.
O rendimento do Tesouro de dois anos, que fechou a segunda-feira em 0,113%, está 0,013 ponto percentual acima da taxa de juros sobre as reservas excedentes, ou IOER. Foi negociado em baixa de 0,105% no início de fevereiro. O Fed paga aos bancos pelas reservas acima das exigidas pela política regulatória do banco central, como parte de seu esforço para manter a liquidez no sistema financeiro.
Os traders disseram que o encolhimento desse spread reflete o apetite por dívidas de curto prazo à medida que os investidores buscam ativos seguros e estacionam seu dinheiro. Também destaca um ponto de tensão fundamental nos mercados financeiros: até que ponto que, o apoio do Fed aos mercados leva os preços dos ativos a níveis insustentáveis, e quão vulneráveis isso deixa os mercados de títulos e outras áreas expostas a reversões repentinas.
Analistas
têm observado os resultados do leilão do Tesouro para avaliar se o aumento dos
gastos fiscais com uma onda de oferta de títulos do Tesouro empurraria os
preços para baixo e os rendimentos para cima. Até agora, isso não aconteceu.
Mas os traders de títulos estão preocupados que a inflação possa aumentar nos
próximos meses e anos, à medida que o governo imprima dinheiro para apoiar a
economia e cobrir os custos futuros de empréstimos.
Os
traders afirmam que os rendimentos de curto prazo seriam mais altos se o Banco
Central não estivesse ancorando as taxas. O Fed tem comprado US$ 80 bilhões em
Títulos, todos os meses desde junho, e reduziu
as taxas para quase zero em março, para
estabilizar os mercados financeiros.
A
ideia é que as baixas taxas de juros e a compra de títulos aumentem os gastos,
fornecendo crédito barato para empresas e famílias. Alguns investidores de
títulos temem que crédito muito barato signifique inflação.
O mercado e os analistas ficam vidrados nas taxas de 10 anos com certa razão, pois é ela que fornece a visão do mercado sobre o futuro dos juros. O diferencial entre a taxa de 10 anos e a de 2 anos há poucos meses dava indicação de problemas — sempre que ficou negativo, ocorreu uma recessão mais à frente. O gráfico a seguir dá uma ideia de como esse diferencial esteve nos últimos anos.
São elevadas as apostas do mercado de que a inflação irá subir, e como consequência, de que o Fed elevará os juros muito antes do que prevê. Para fazer essa aposta, o trader compra o título de 2 anos e vende o de 10 anos. Acontece que a quantidade do primeiro tem que ser algumas vezes maior que a do segundo — consequência técnica de um conceito chamado de duration . Sendo assim, uma parte da pressão – juro muito baixo, pode estar vindo dessas apostas.
Mas
existem também os fundos de renda fixa, que acabam comprando esses papéis em
função do seu mandato. Eu me pergunto, por que compraria esse papel com juro
tão baixo, considerando que a chance de mais quedas de juros parece descartada
no curto prazo? A uma taxa de 0,11% a.a., é melhor deixar o dinheiro na conta
corrente e evitar o risco de o Fed ter que agir antes do previsto.
Distorções
atuais provocadas pelos bancos centrais!
No post http://acficando-mal-acostumado, tracei 2 cenários possíveis para a bolsa americana, um contemplando uma queda que poderia levar a 3.100 e o outro a 3.600.
-
David, estou totalmente confuso com essas ideias de correção pequena ou
correção grande. Defina de uma vez!
Você
está totalmente com razão, tamanha indefinição deve ser muito difícil para quem
não entende análise técnica. Mas não vou poder atender seu pedido de optar por
uma delas.
A
principal razão de todo esse cuidado vem da extensão do movimento sem uma
correção maior. Isso põe a análise em alerta.
As
quedas observadas desde ontem forçaram o stop loss nas 2 posições que
detínhamos: nasdaq100 e Ibovespa.
Minhas
considerações nos gráficos estão se sucedendo conforme o mercado evolui, razão
pela qual hoje não estou publicando as antigas como sempre faço, a fim de
evitar dúvidas.
Para que entendam o raciocínio, o que está marcado no círculo em verde foi postergado para o círculo em azul. Seria um pouco complicado explicar os motivos que me levaram a isso.
Desta forma, podemos esperar mais altas até abril, porem de forma tortuosa (como estou enxergando agora). Essa estratégia fica válida desde que o SP500 não caia abaixo de 3.694.
Como
podem notar a dificuldade de operar e sugerir trades neste momento se deve ao
pequeno retorno esperado ~ 4% (3.850 para 4.000), contraposto à impossibilidade
de acertar o término da onda (1) em azul.
O
SP500 fechou a 3.881, com alta de 0,13%; o USDBRL a R$ 5,4409, com queda de 0,36%;
o EURUSD a € 1,2144, sem alteração; e o ouro a U$
1.804, com queda de 0,21%.
Fique
ligado!
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