Quando o dinheiro está errado #eurusd
Naquela
época, eu costumava dizer que, quando surgiam operações indicando que se
deveria comprar A e vender B, comprar A e vender C ou comprar A e vender D, o
preço errado era o de A — sendo assim, bastava comprar esse ativo.
Acredito
que hoje a situação é semelhante no mundo, onde A é o dinheiro. Todos os dias
aparece algum mercado que se encontra num extremo de preços. Hoje vou comentar
um artigo de Tyler Durden no site ZeroHedge.
É
hora de festa para empresas zumbis em todos os lugares, agora que "alto
rendimento" é oficialmente "baixo rendimento".
A
euforia recorde do mercado de ações e a consequente "corrida para o
lixo", vista nos últimos dias, com as altas explosivas de ações baratas provocadas
por investidores do Reddit em cumplicidade dos gestores de fundos, repercutiu
no mercado americano de títulos de alto risco, onde o rendimento médio
dos títulos caiu abaixo de 4% pela primeira vez na história, com investidores
acumulando uma classe de ativos historicamente conhecida por seus "altos
rendimentos", embora haja um problema em se considerar alto um
rendimento abaixo de 4%.
Como mostrado abaixo, o índice Bloomberg Barclays Corporate High-Yield caiu para 3,96% na noite de segunda-feira, sua sexta sessão consecutiva de quedas
Apesar da recente alta nos rendimentos nominais do tesouro em meio ao aumento da inflação embutida nos títulos de dez anos, os investidores continuaram a devorar os títulos de alto risco em um ritmo recorde como uma alternativa ao "rendimento não tão alto" oferecido pelos títulos do Tesouro.
Como resultado dessa demanda sem precedentes por títulos ruins, a maioria das novas emissões, mesmo aquelas classificadas no nível mais arriscado de CCC tiveram enorme demanda. Tanto que, de fato, de acordo com o Credit Suisse, houve uma notável alta de 1,9% este ano nos títulos CCC , com rendimentos agora em mínimas recordes de 6,7% para o índice Credit Suisse.
Embora esta corrida para o lixo seja uma ótima notícia para as corporações zumbis, que serão capazes de obter acesso barato ao dinheiro, permitindo-lhes continuar sua queima de recursos e sua existência deflacionária por mais um ano ou dois. É um sinal sinistro para os investidores de títulos, que estão comprando papel no máximo preço histórico, porque qualquer soluço levaria a uma alta nos juros. Por outro lado, a julgar por seus comentários, eles não somente estão despreocupados, como querem mais: Falando à Bloomberg, David Norris, chefe de crédito dos EUA na TwentyFour Asset Management, disse que os títulos CCC, responsáveis por uma parte significativa da oferta recente, podem ser uma das melhores partes de crédito este ano:
"Vale
a pena dar atenção a esse canal novo e robusto para a emissão de crédito de
baixa qualidade, pois é provável que haja algumas boas histórias aqui para
investidores com liquidez suficiente para se envolverem", disse ele.
Não
ficou claro se ele estava tentando convencer os outros ou a si mesmo de que
suas compras são prudentes. Embora a festa possa e vá continuar enquanto houver
mais otários, é olhar para os fundamentos e confirmar que a festa só vai durar
enquanto os bancos centrais continuarem a injetar centenas de bilhões no mercado
todo mês.
Esses artigos estão se sucedendo quase que diariamente: bolsa, bitcoin, juros, títulos, fora os que não são tão visíveis. Como a comparação é feita contra a moeda, não será ela que está errada? Eu tenho quase certeza de que essa é a razão: com juros reais ao redor do mundo abaixo de zero, não é logico que os investidores busquem outras formas de investir? Sabemos também o beabá da economia: os preços sobem quando a demanda aumenta mais que a oferta.
O gráfico a seguir é sugestivo, comparando as várias bolhas que ocorreram nos últimos 50 anos. Nada se compara à bitcoin. Também nada se compara aos estímulos que estamos presenciando.
Fiz alguns comentários no passado sobre o excesso de capital e trabalho no mundo atual, acredito que um post que vale ser visto novamente foi escrito em 2019 vida-promissora. Nesse tipo de movimento estrutural, não observamos suas consequências de um dia para o outro, mas em determinado dia cai a ficha com um relatório ou coisa do tipo.
Veja
o dilema em que nos encontramos: por um lado o movimento dos BC’s tende a gerar
“bolhas” nos diversos ativos que podem transbordar para os preços de produtos
gerando inflação, por outro lado o excesso de mão de obra — originado parte
pelas consequências da Covid-19 e parte pela tecnologia —tem efeitos
deflacionários nos preços.
Com
a continuidade desse cenário, onde os bancos centrais além de não retirar a
liquidez injetam mais, e bom se acostumar com preços altos sem ficar
horrorizado ou assustado.
No post sempre-os-mesmos, fiz os seguintes comentários sobre o euro: ...” No gráfico a seguir, nota-se que o euro está testando a reta de suporte, bem como o nível mais extremo de € 1,1971, ainda aceito dentro dos parâmetros técnicos” ... ...” Como podem notar, destaquei € 1,1907 como o máximo aceitável. Abaixo disso não tem desculpa, um novo cenário deveria ser traçado” ...
A moeda única continuou testando o nível que denominei de mínimo aceitável atingindo € 1,1950. A partir daí se iniciou um movimento de recuperação, fortalecendo minha hipótese de alta.
Às vezes, os preços agem dessa forma, ameaçando atingir níveis extremos. Se você estiver posicionado, existe a tendência de liquidar as posições para evitar mais perdas. O emocional é que conta muito nestes momentos. Porém, quando se estabelece uma posição, é fundamental seguir os parâmetros fixados, sem deixar que o emocional decida por você.
Se o mercado permitir, vou sugerir um trade de compra ao redor dos níveis marcados acima, entre € 1,2070/1,2020, com stop loss a € 1,1950. Fiquem atentos ao Mosca.
Em complemento ao post de ontem, gostaria de acrescentar um tweet sobre os resultados da Tesla. Desnecessário qualquer comentário!
O SP500 fechou a 3.909, sem variação; o USDBRL a R$ 5,3841, com alta de 0,11%; o EURUSD a € 1,2116, sem variação; e o ouro a U$ 1.841, com alta de 0,26%.
Fique ligado!
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