Máximas também refletem mínimas #juros 10y
Preciso
confessar que estou ficando preocupado. Diariamente são reportadas máximas de
preços em diversos mercados. Aqui não estou falando das bolsas, que também se
encontram nesta balada, mas principalmente de matérias-primas.
Um
artigo de Jim Reid, publicado pelo Deutsche Bank, levanta uma hipótese para as
altas observadas em algumas commodities.
Ontem publiquei meu pacote de gráficos mensal sobre o rápido
crescimento do ESG (*). Obviamente, muito do crescimento é baseado na
necessidade de sustentabilidade em todas as partes do E, S e G. No entanto,
quanto mais ele cresce, mais ele gera consequências indesejadas com as quais o
mundo e os mercados terão de lidar. Por exemplo, os gráficos mostram que vimos um
mercado turbinado nas ações de energia renovável, solar e eólica nos últimos 12
meses. Será que isso é desempenho sustentável e encoraja o investimento futuro?
Ou simplesmente reflete o início de um mercado altista muito mais estrutural?
Qualquer gráfico do mercado financeiro que exiba crescimento exponencial
merece, pelo menos, alguma análise.
Além disso, o gráfico a seguir mostra que o impulso para a energia renovável levou a um aumento acentuado recente no preço dos insumos de commodities que entram no processo de fabricação. Isso levanta questões sobre os custos futuros da energia renovável e também sobre o impacto que essa mineração pode ter sobre a sustentabilidade. Por exemplo, se a demanda por carros elétricos aumentar como muitos acreditam, o que isso significará para o preço e a mineração dos insumos de commodities dos quais depende essa indústria?
Portanto, embora o movimento ESG provavelmente cresça de forma contínua, a maior aceitação pelo mercado já está tendo efeitos colaterais que podem por si próprios criar problemas de sustentabilidade nos próximos trimestres e anos.
(*) ESG
- ESG significa usar fatores ambientais, sociais e de governança para avaliar
empresas e países sobre o quão avançados estão em sustentabilidade. Uma vez que
dados suficientes tenham sido adquiridos sobre essas três métricas, elas podem
ser integradas ao processo de investimento ao decidir quais ações ou títulos
comprar.
Muito bem, esse movimento enorme que estamos presenciando
apenas começou. A nova geração está extremamente preocupada com a
sustentabilidade, e esse movimento cresce todos os dias, o que faz prever que em
pouco tempo qualquer produto deverá estar adequado a esses critérios.
Um artigo de Elena Losavio no Financial Times fala da
mudança nos investidores em empresas que já estão adequadas.
O aumento da demanda por investimentos "sustentáveis" levou os
gestores a mudar a estratégia ou o perfil de investimento de 253 fundos
europeus em 2020, ajudando a levar os ativos da região investidos em fundos ESG
para um recorde de € 1,1 trilhão até o final de dezembro. Além dos veículos redirecionados,
houve 505 novos lançamentos de fundos ESG na Europa ao longo do ano. Os fundos
passivos foram um forte fator de crescimento dos ativos, representando 22,5% do
mercado de ESG na Europa até o final de 2020.
Os dados indicam que os investidores correram aos fundos ESG no ano passado, com fundos sustentáveis europeus desfrutando de um aumento particularmente forte de 84% nos fluxos trimestrais até o final de dezembro. Esse interesse febril encorajou os gestores a introduzir critérios de ESG aos fundos existentes, dizem os números do setor. Os dados da Morningstar também mostram que 87% dos 253 fundos redirecionados, que dizem ter adicionado critérios de ESG aos seus objetivos de investimento e/ou políticas, também se renomearam, adicionando termos como "sustentável", "ESG", "verde" ou "investimento socialmente responsável" ao título do fundo.
Se a razão fosse só as commodities relacionadas a essa nova tendência, é razoável supor esse movimento de valorização. Como não existiam no passado, não deveríamos nos preocupar com a demanda elevada, já que é uma questão de tempo que novos produtores entrem no mercado para satisfazê-la.
Mas esses “estouros” de preços são observados em outros mercados. Fiz um apanhando geral de alguns desses gráficos. Não se preocupem em tentar enxergar qual a matéria-prima, pois meu objetivo é que percebam o movimento que está ocorrendo.
Não se assustem com o gráfico grifado em amarelo: é o preço da energia no Texas, que subiu de forma “bitcoin” por conta das temperaturas extremamente baixas atingidas para essa região.
Com
todo esse movimento, as taxas de juros estão subindo no mundo inteiro, assunto
de hoje na área técnica.
Fico
pensando nos bancos centrais observando esses movimentos. Como devem estar
encarando? Não se pode esquecer que mais estímulos estão prontos para serem
lançados.
Quando
máximas de preços são atingidas em algum mercado, significa que mínimas são
atingidas na moeda. Se é uma ou outra, o efeito sobre uma eventual fuga da
moeda é baixo. Agora, se for generalizado, um certo desconforto surge para quem
tem recursos investidos.
O
que nos aguarda no futuro? Será que a depressão ocasionada pela Covid-19 vai
dar origem a um superaquecimento indesejado?
No post pênalti sem goleiro, fiz os seguintes comentários sobre os juros de 10 anos: ...” No sentido inverso, se ultrapassar 1%, e principalmente acima de 1,4%, aumenta muito a chance de término do movimento de queda e início de um novo ciclo de alta” ...
Passado um mês da última atualização, ontem as taxas de 10 anos atingiram a máxima de 1,33%, ficando muito próximas do limite mencionado acima. A mudança definitiva ocorre a 1,5% a.a., mas já acima de 1,4% as chances aumentam consideravelmente.
Caso continuem os movimentos mencionados acima, acredito que os mercados irão levar as taxas de juros aos extremos e testar a convicção dos bancos centrais, que não podem nem piscar neste momento.
Por
enquanto, são receios de alta da inflação a níveis acima do desejado. Sendo
assim, é uma batalha de expectativas entre o mercado de um lado e os bancos
centrais do outro. Esses últimos têm poder indiscutível. Porém, se a inflação
subir, a situação deve ficar muito mais complicada.
Lembrem-se
do tema do Mosca para esse ano: “In” ou “De”, por enquanto, o
“In” está pondo as manguinhas de fora!
O
SP500 fechou a 3.931, sem alteração; o USDBRL a R$ 5,4105, com alta de 0,76%; o
EURUSD a € 1,2041, com queda de 0,54%; e o ouro a U$
1.776, com queda de 1,01%.
Fique
ligado!
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