Esqueça o que você aprendeu #ouro #gold

 


Esse é o penúltimo post do ano de 2022 e o último com o conteúdo habitual, ficando o para o dia 31 de dezembro quando faço uma análise dos resultados do ano. Este ano também teremos um artigo de meu associado Alberto Dwek, sobre alguns fatos marcantes. O Mosca vai entrar de férias e voltará no dia 9 de janeiro. Como sempre, se surgir algo relevante ou uma oportunidade de trade, vou publicar de forma extraordinária — afinal, os mercados não entram de férias.

Tenho muita consideração pelos trabalhos elaborados pela Gavekal e busco trazê-los esporadicamente aos leitores. Hoje vou compartilhar suas ideias para o futuro, pois eles acreditam que estamos vivendo uma nova era e deveríamos esquecer o modelo que vigorou nos últimos 30 anos. Para tanto, Louis-Vincent Gave faz um relato dos principais acontecimentos em 2022, indicando no que se deveria ter investido caso soubesse a priori o que iria ocorrer. Na maioria dos casos, o retorno teria sido baixo. Em seguida, expõe em grandes linhas o que se deve abandonar e como encarar este novo ciclo.

Resumindo, 2022 foi um ano difícil de navegar, pois relacionamentos e tendências nos quais os investidores confiavam se romperam ou reverteram — por exemplo, a correlação inversa entre títulos do governo e ações, e o desempenho superior das ações da Big Tech e dos EUA em geral. Ansioso, investidores poderiam considerar que as tendências da década 2011-2021 permanecem no lugar, e 2022 marcou uma pausa para chacoalhar os jogadores “fracos” ou “alavancados”. Por outro lado, eles poderiam concluir que há uma razão mais profunda para a baixa atual dos mercados; ou seja, para marcar uma mudança estrutural na economia global e facilitar uma mudança na liderança de um grupo de ações para outro (ver Temas para 2023: Consequências da implosão da bolha americana).

Nos últimos anos, a maioria dos artigos e livros publicados pela Gavekal apontaram para este último cenário, e hoje o cenário de investimento está realmente mudando: da globalização à desglobalização; da energia abundante à energia escassa; do “consenso de Washington” ao conflito de grandes potências; da população em crescimento ao rápido envelhecimento, e da desinflação à inflação.

Isso deve resultar em mudanças dramáticas na construção do portfólio. Ainda assim, surpreendentemente, praticamente todos os principais bancos privados e empresas de gestão de patrimônio mantêm os mesmos processos: após o preenchimento de um questionário, um novo cliente é considerado "conservador" e, portanto, com uma carteira composta por 60% de títulos e 40 % de ações, ou é considerado "agressivo" e, portanto, aconselhado a aplicar 60% do seu capital em ações e 40% em obrigações.

Desnecessário dizer que essa estratégia funcionou perfeitamente por 30 anos — tanto para clientes como para empresas de gestão de dinheiro. Mas parou de funcionar há dois anos. No entanto, os ativos da maioria das pessoas ainda são administrados com base na premissa de que, devido ao fato de que a estratégia funcionou por 30 anos, ignorar o fato de que falhou terrivelmente nos últimos dois anos.

Assim, talvez 2023 seja o ano em que os investidores aceitarão que os bons e velhos tempos das carteiras equilibradas acabaram. Nesse caso, os investidores esperarão que o Papai Noel deixe mais vencedores de 2022 — energia, materiais, países emergentes e talvez empresas financeiras — nas meias penduradas perto da árvore de Natal.

Nossas previsões feitas esta semana, e principalmente em relação aos juros de 10 anos, estão em linha com esse ponto de vista da Gavekal. No post a-armadilha-dos-juros-americanos, projeto taxas de juros mais elevadas nos próximos anos, quebrando a tônica de queda que perdurou por mais de 40 anos, apresentando um bom hedge contra a carteira de ações (quando uma subia a outra estava em queda e vice-versa). Provavelmente, esse equilíbrio não deve funcionar no futuro se minhas projeções se materializarem.

Esse será um grande choque para esses investidores — basta ver quantos e quantos artigos foram escritos este ano enfatizando a perda que ocorreu, não sendo o caso dos investidores do Brasil, onde a renda fixa sempre predominou em função dos juros serem elevados.

Hoje meus comentários serão sobre o ouro, que permaneceu dentro de um intervalo desde a criação do Mosca. Me recordo quando o metal chegou a U$ 1.920, a quantidade de inserções nos noticiários da Bloomberg. Naquele momento, previsões de U$ 5.000 até U$ 30.000 proliferaram, caindo na tendência que comentei recentemente de “subiu, vai subir mais”. Felizmente, meu call foi de queda naquele momento, porém passados mais de 10 anos acredito que chegou a hora do ouro brilhar.

A taxa de juro real é um fator importante no comportamento do preço do ouro conforme se pode observar no gráfico abaixo. Este ano houve um deslocamento na curva entre ambos o que poderia induzir uma queda de preço do ouro. Sem entrar no detalhe do motivo dessa distorção no meu ponto de vista (tem a ver com a alta do juro), acredito que haja uma distorção dessa taxa (real), talvez essa correlação esteja prejudicada por enquanto. Vamos ver como se comporta em 2023.



No post boia-furada fiz os seguintes comentários sobre o ouro: ... “ O ouro ficou e ainda está intrincado na onda 4 em laranja, para essa contagem tenho 2 hipóteses que externei nos posts publicados sobre o metal. Para a previsão do ano, posso praticamente assumir que essa correção deverá terminar em 2022, a dúvida vai ficar de que nível, se ao redor de U$ 1.700 ou um pouco mais abaixo U$ 1.600 números arredondados só para dar uma ordem de grandeza” ... ...” Em seguida, o movimento começa a tomar força para terminar entre U$ 2.650 e U$ 3.700. Embora seja um intervalo bastante grande, no dia a dia vamos conseguir mais precisão. Está chegando a hora do ouro brilhar” ...



O Mosca acertou o nível onde a queda deveria ocorrer, pois em outubro último atingiu a mínima de U$ 1.610. O que não posso afirmar ainda é se a onda 4 em laranja terminou. No curto prazo, como venho enfatizando nos posts sobre o metal, estou trabalhando com perspectiva de alta como cenário base e, conforme destacado no gráfico a seguir, o nível de U$ 1.729 é fundamental para esse fim.



A trajetória que deveria levar o ouro para a cotação de U$ 2.460 está expressa em azul onde a onda (1) ainda não está completa. Naturalmente, o detalhe e precisão ocorrerá no desenvolvimento dessa onda. Queria enfatizar que o objetivo final para o ouro poderá ser bem superior ao nível apontado acima, pois a onda 5 em commodities tendem a ser estendida. Sugiro acompanhar o Mosca para as sugestões de trade (marketing...  hahaha!).



Incialmente, queria agradecer os leitores pela confiança nestes mais de 10 anos e informar que o número de leituras evoluiu significativamente este ano, estando próximo de atingir a marca de 600.000 visitas. Desejo boas festas e Feliz Natal e aguardem o post do dia 31 com os resultados obtidos neste ano desafiador.

O SP500 fechou a 3.844, com alta de 0,59%; o USDBRL a R$ 5,1614, com queda de 0,10%; o EURUSD a 1,0617, com alta de 0,23%; e o ouro a U$ 1.797, com alta de 0,26%.

Fique ligado!

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