Mudança de gosto ou do bolso? #IBOVESPA
Na véspera do feriado de Thanksgiving os americanos estão
mais preocupados em pegar o avião a tempo do que os mercados. É noticiado que
os aeroportos têm estado caóticos e nessa data em que os familiares se reúnem,
normalmente na casa de seus pais, a tropa viaja de cidades grandes para cidades
pequenas onde esse últimos moram.
Um novo dilema vem acontecendo na sociedade americana com a
separação de casais que permaneciam casados por longos períodos. A dúvida que surge
nessas ocasiões, com quem a família dos filhos passa as festas? Eu passei por
esse processo já faz mais de 20 anos e percebi que quando um casal se separa
inicia imediatamente um conflito de interesses, semelhante à da vida
profissional que enfrentamos diversas vezes. Acredito que só o tempo pode
amenizar esse sofrimento da família.
Ontem participei de um call promovido pela Coatue, que é uma
experiente gestora da área de tecnologia. Essa empresa adquiri participações em
empresas emergentes auxiliando sua evolução para futura venda através de IPO ou
operações de M&A. Os leitores do Mosca sabem que sou muito otimista com o
futuro ocasionado pela Revolução Digital que vivemos, mas também sou cauteloso
com as possíveis frustrações dos elevados investimentos feitos nesta área serem
rentáveis.
Seu fundador Philippe
Laffont destacou a importância da inteligência artificial (IA) como motor de
inovação para o futuro dos investimentos em tecnologia. Ele mencionou que a IA
impulsionará a demanda por setores relacionados, como energia e infraestrutura
de IA. Além disso, Laffont expressou otimismo em relação às oportunidades de
investimento em IA, mesmo com as avaliações elevadas de algumas empresas,
indicando que acredita que a oportunidade de investir ainda não passou.
Num determinado momento ele disse: Daqui a 10 anos vamos
olhar para trás e pensar que era obvio que o mundo passaria por tamanha
mudança. Novas empresas serão criadas e valorizadas num tempo recorde em
relação ao passado ao mesmo tempo desafiando muitos negócios existentes hoje.
Acredito que embora tenha uma viés, afinal, é seu negócio, está empresa está em
contanto com empresas que estão sendo criadas na área de IA e sabe de antemão
as mudanças que estão por vir, além de avaliar seu impacto.
De maneira simplificada essa ideia está em acordo a ideia da
“carteirinha” e também da empresas que estão no pátio esperando se conseguem
entrar no clube. Um cenário deflacionário numa dimensão imensurável. Acho que
posso dar uma sugestão na área de renda fixa internacional: não comprem papeis
longos de ninguém por dois motivos: a taxa longa está muito baixa em comparação
com a curta – embora num cenário deflacionário poderia ser bom, mas por
enquanto esse cenário é apenas uma ideia; e principalmente porque essa empresa
pode não existir no futuro. Hoje em dia, com o pequeno diferencial de juros
entre os títulos do governo e os privados é mais um motivo para optar pelo
primeiro.
Sobre mudanças existe uma em andamento que já está afetando
alguns setores. Os Milenium estão recebendo o bastão dos Baby boomers, uma vez
que esse últimos estão no momento de consumir suas poupanças de forma comedida,
não são mais gerados de riqueza de forma geral. E esse grupo – Milenium, tem
gostos muito distintos. Um setor que está sendo muito afetando é o das marcas
que possuem margens ainda maiores que a Nvidia e já sofrem com quedas de vendas
da ordem de 50 milhões de consumidores como relata Carol Ryan no Wall Street
Journal.
Clientes Estão Abandonando Marcas de Luxo à Medida que os
Preços Aumentam Demais
As marcas de luxo perderam mais de 10% de sua base habitual de clientes. Nos
últimos dois anos, aproximadamente 50 milhões de clientes abandonaram marcas de
luxo, com plataformas de revenda e concorrentes mais acessíveis prontamente
acolhendo esses consumidores.
De acordo com a consultoria Bain, a demanda por bens de luxo
deverá permanecer estável em 2024. Desde 2022, as marcas de luxo, marcando a
primeira vez, em décadas, que o setor registra um encolhimento no número de
consumidores. Nos últimos 30 anos, essas empresas buscaram atrair a classe
média para expandir suas vendas, um movimento conhecido como "democratização
do luxo", que triplicou o tamanho do setor.
Reversão de Tendências
Os aumentos de preços reverteram essa tendência de longo
prazo. Desde o início da pandemia, os custos dos produtos de luxo subiram
consideravelmente, embora com variações significativas entre as marcas. Embora
alguns consumidores tenham reduzido seus gastos devido à inflação que afeta a
renda disponível, milhões foram excluídos pelo aumento dos preços.
Segundo Luca Solca, analista da Bernstein, “é praticamente impossível encontrar bolsas de tamanho regular de marcas renomadas por menos de US$ 3.000.”
Além de vender para menos pessoas, as marcas de luxo estão comercializando um volume significativamente menor de produtos. Estima-se que, em 2024, o número de unidades vendidas pelo setor será 20% a 25% inferior ao de 2022, segundo a Bain. Excluindo categorias mais acessíveis, como cosméticos e óculos de sol, que ainda têm alta demanda, o declínio pode chegar a um terço para itens como bolsas e sapatos.
Durante a pandemia, as marcas aumentaram seus preços muito acima de seus próprios custos. Por exemplo, a bolsa média Lady Dior da Christian Dior custava €3.900 em 2020 e hoje custa €5.900 (cerca de US$ 6.200), um aumento de 51%. No entanto, o custo estimado de produção subiu apenas 18%, de €330 para €388. Assim, os consumidores estão pagando 15 vezes o custo de fabricação, contra 12 vezes em 2020.
Embora esses aumentos tenham impulsionado os lucros, também
tornaram os consumidores mais atentos ao valor que estão obtendo pelo preço
pago. Muitos ainda preferem marcas que oferecem alta qualidade, como Hermès e
Brunello Cucinelli, que mantêm a produção majoritariamente interna, em vez de
terceirizá-la.
A Estratégia das Grandes Marcas
As marcas de luxo podem considerar a perda de consumidores
de entrada como um preço a pagar para preservar sua imagem exclusiva.
Jean-Jacques Guiony, diretor financeiro da LVMH, afirmou que não considera a
introdução de produtos acessíveis uma solução para a desaceleração do setor.
Segundo ele, “seria um erro. Precisamos permanecer fiéis ao que somos.”
Essa estratégia pode ser sensata se os gigantes do luxo
estiverem preocupados com a superexposição de seus produtos. Enquanto isso,
marcas concorrentes estão prontas para captar os milhões de clientes deixados
para trás.
O sonho de todo jovem da minha época era ganhar um carro
quando completado 18 anos. Eu acabei me aproveitando de uma lei da época que
permitia a obtenção da licença para dirigir com 17 anos, me lembro que fiz o
exame no dia do meu aniversário e já tinha um Fusca na garagem me esperando.
Hoje em dia não é mais assim, o carro na melhor das hipóteses se tornou um
veículo para transporte, na sua maioria, e é logico que existem exceções.
Gastar dinheiro em restaurantes e viagens é esse o maior desejo dessa geração,
e na nossa economizar para montar a poupança.
As marcas dos produtos de luxo são valiosas pois viram
elemento de desejo, mas com limites para a nova geração e o movimento de queda
deve se acentuar nos próximos anos. Pensamentos como o colocado acima por
Jean-Jacques Guiony não são corretos no meu entender, me faz lembrar da Lexus
quando introduziu seu carro para concorrer com a Mercedes pela metade do preço,
e essa empresa dizia que não estava preocupada, confiava na fidelidade de seus
clientes. Quase quebrou.
Análise Técnica
No post a-queridinha-em-xeque fiz os seguintes
comentários sobre o IBOVESPA: “O movimento da última semana não permite
nenhuma conclusão, o que deixa aberta a possibilidade em ambos os sentidos.
Contudo, ele não apresentou nenhuma força de alta”.
Vou pedir para os leitores terem uma visão pragmática quando o assunto for o IBOVESPA, quero dizer que de uma semana para outra posso mudar de posição. Mas porque dessa observação? Eu trabalho com alta do indicie no médio prazo, esse é o ponto mais relevante e em função dele não pretendo propor trades de venda. A grande questão é que eu tenho algumas hipóteses para a correção em andamento, e se, em algum momento percebo 5 ondas de alta vou estudar um trade de compra. Parece que essa possibilidade surgiu na última semana, quando observado numa janela de 1 hora.
Eu publiquei o gráfico com essa possível hipótese com janela de 1 dia e, ao lado, de 1 hora – é desta forma que eu acompanho os diversos mercados. No retângulo destacado em azul, se nota as 5 ondas. Não sei se a onda v azul já terminou. Na sequência, deve ocorrer uma correção onde os níveis para entrada estão no retângulo salmão 128.9 mil / 128.4 mil / 128.0 mil. O stop loss estaria em 126.6 mil.
- Opa David, agora vai!!!!!
Não vá comemorando porque muita coisa tem que acontecer
antes. Essas 5 ondas podem ser nada mais do que uma correção em zig-zag, que
depois de terminada volta a cair de novo; ou ainda uma outra configuração, pois
não é muito “by the books”. A única coisa que posso garantir é que, se essa
contagem de curto prazo for correta a bolsa vai ultrapassar o nível da onda
v azul. Muita calma e disciplina. Vamos observar nas próximas horas o que
acontece.
O S&P500 fechou a 5.998, com queda de 0,38%; o USDBRL a R$ 5,9360, com alta significativa de 2,20%; o EURUSD a € 1,0565, com alta de 0,76%; e o ouro a U$ 2.636, com alta de 0,16%.
Fique ligado!
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