O Megaespeculador #S&P500
A MicroStrategy virou manchete nos últimos dias, não porque
seu principal produto viralizou, mas devido à sua estratégia de acumular
bitcoins em seus ativos. Qual é a história dessa companhia?
Fundada em 1989 por Michael J. Saylor, Sanju K. Bansal e
Thomas Spahr, a empresa viu Saylor atuar como CEO desde a fundação até 2022,
quando assumiu o cargo de presidente executivo. Sanju K. Bansal desempenhou o
papel de COO, contribuindo para o crescimento e as operações da empresa,
enquanto Thomas Spahr também esteve envolvido na fundação, embora seu papel
específico não seja amplamente documentado.
Sanju Bansal deixou a empresa em 2013 para fundar a Hunch
Analytics, focada em análise de dados no setor de saúde. Já Thomas Spahr,
cofundador, saiu em 2001. Atualmente, a MicroStrategy gera receita
principalmente por meio de dois segmentos:
- Suporte
a Produtos (Product Support): Serviços de suporte e manutenção
contínuos para os produtos licenciados pela empresa. No último ano, este
segmento foi a principal fonte de receita, totalizando aproximadamente US$
263,89 milhões, representando a maior parte da receita anual.
- Licenciamento
de Produtos (Product Licensing): Venda de licenças de software para
clientes novos e existentes. Embora significativo, o licenciamento
contribui com uma parcela menor da receita total em comparação ao suporte.
Não é preciso ser um especialista em marketing para perceber
que o negócio da empresa está mais concentrado em manutenção do que na venda de
novos produtos. Observando a longo prazo e considerando que softwares tendem a
se tornarem obsoletos, sua receita poderia cair significativamente.
Análise dos Indicadores:
- Receita
Total Anual: A receita permaneceu relativamente estável desde 2020,
com uma leve tendência de queda, indicando que o principal negócio de
software não apresentou crescimento relevante.
- Lucro
(Prejuízo) Líquido Anual: Prejuízos crescentes a partir de 2021,
atribuídos principalmente às perdas não realizadas relacionadas à
desvalorização do Bitcoin.
- Participações
em Bitcoin: Crescimento consistente, alcançando 252.220 BTC em 2024,
consolidando-se como a maior detentora corporativa da criptomoeda.
- Valor
de Mercado das Participações em Bitcoin: Flutuações conforme a
volatilidade da criptomoeda, atingindo US$ 16 bilhões em 2024.
- Preço
Médio de Aquisição do Bitcoin: Aumentou ao longo dos anos, refletindo
compras a preços mais elevados.
- Dívida
Total: Subiu de US$ 500 milhões em 2020 para US$ 4,3 bilhões em 2024,
devido a emissões de títulos para financiar a compra de Bitcoin.
Considerações Finais: A estratégia de acumular
Bitcoin impactou profundamente a estrutura financeira da MicroStrategy. Apesar
da valorização significativa de suas participações, a volatilidade do ativo e o
aumento da alavancagem financeira são desafios consideráveis.
Exemplos de Investidores e Seus Resultados
Casos como o de Chase Furey, um trader de 25 anos, ilustram
o impacto da estratégia da MicroStrategy. Ele investiu cerca de US$ 112.000 em
ações e ETFs relacionados ao Bitcoin, vendo seu portfólio crescer para US$
400.000 em poucas semanas. Garrett Shirey, um barbeiro de 39 anos, também
obteve lucros rápidos comprando ações como alternativa ao investimento direto
em Bitcoin.
Se a empresa tivesse mantido seu curso original, provavelmente continuaria dependendo majoritariamente de receitas de manutenção. Contudo, Saylor resolveu adotar uma estratégia ousada: acumular Bitcoin e alavancar os recursos. Atualmente, a alavancagem é de 4:1, com um valor de mercado de US$ 91,2 bilhões, enquanto seu estoque de Bitcoin equivale a US$ 35,7 bilhões. Isso implica um “ágio” de 150%, sugerindo que investidores pagam o Bitcoin a uma cotação implícita de US$ 235 mil.
Análise Técnica Do ponto de vista técnico, a onda
(C) vermelha parece ter atingido seu máximo em US$ 535. Não há uma
tendência de alta estabelecida, tratando-se de um movimento macro de correção.
Boa sorte a quem possui ações da MicroStrategy. Afinal, você está nas mãos não de um empresário, mas de um Megaespeculador! O megaespeculador local, Nagi Nahas, se sentiria um principiante! Hahah...
Análise Técnica
No post "maas-o-milongueiro-que-faz", fiz os
seguintes comentários sobre o S&P 500:
“Depois de muitas tentativas, cheguei a duas hipóteses
que têm consequências diferentes no curto prazo. Vou fazer algo que raramente
faço: apresentar ambas aos leitores.”
Na opção que implicaria uma queda maior, comentei: “Para
que esse cenário se concretize, é necessária a formação de cinco ondas na
elipse destacada. Caso isso não ocorra, a segunda opção se torna preferida.”
As cinco ondas não aconteceram, o que me leva a considerar
preferencialmente o cenário alternativo: “Uma alta na onda (3) vermelha
levaria o índice inicialmente a 6.520 – uma valorização de 10% –, com o
objetivo final em 6.939 pontos, totalizando uma alta de 19%.”
Nessa opção, não sei se a onda 2 azul terminou ou ainda precisa trabalhar mais algum tempo. Se, por acaso, a bolsa ultrapassar a máxima histórica de 6.020, o percurso em azul passa a ser o mais provável, podendo atingir 6.530 no final do ano – um belo presente de Natal! O stop loss dessa visão está em 5.696.
Para meus leitores que têm um viés mais fundamentalista, a ilustração a seguir mostra um quadro interessante. Nela, são traçadas três linhas em azul representando o EPS (Lucro por Ação), considerando três níveis de P/L: 10, 15 e 20. Em vermelho, temos a evolução do S&P 500. Até 2010, a bolsa transitava entre a parte inferior e mediana do gráfico, com exceção do período entre 1997 e 2000, quando ocorreu a bolha do ponto.com. A partir daí, e especialmente depois de 2015, o índice passou a trafegar entre as linhas mediana e superior – um período que coincidiu com a evolução tecnológica que vivemos.
Está cara ou barata? Fica a critério de cada um avaliar.
O S&P500 fechou a 6.021, com alta de 0,57%; o USDBRL a R$ 5,8080, com alta de 0,17%; o EURUSD a € 1,0481, com queda de 0,12%; e o ouro a U$ 2.631, com alta de 0,25%.
Fique ligado!
Não são apenas os valutations que estão esticados, mas os valores de mercado também.
ResponderExcluiro que eu quiz mostrar com o gráfico é que o P/L está numa nova dinâmica de patamar.
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