A "Queridinha" em xeque #IBOVESPA
Todo trimestre, as empresas publicam seus resultados. Porém, nada parece mais importante que o anúncio da Nvidia, hoje, no final do pregão. Os investidores têm estado otimistas com essa empresa pela sua evolução exponencial de vendas e lucros. A vitória de Trump não tem grande impacto nessa empresa, como ocorreu com as ações da Tesla, que subiram desde a sua confirmação, por razões óbvias da ligação de Elon Musk com Trump. O gráfico abaixo mostra o P/L das principais ações americanas e poucas estão em preços razoáveis. Porém, a Tesla lidera com 118, enquanto a Nvidia aparece com 63. O que você prefere: Tesla com Trump ou Nvidia com a IA?
Analistas estimam um lucro ajustado de US$ 0,71 por ação, com receita de aproximadamente US$ 33,1 bilhões, para a Nvidia. Para o próximo trimestre, as projeções indicam uma receita entre US$ 39 bilhões e US$ 40 bilhões, refletindo a contínua demanda por chips de inteligência artificial.
Investidores estão atentos às projeções futuras da Nvidia,
especialmente em relação ao lançamento dos chips Blackwell e à capacidade da
empresa de atender à crescente demanda por soluções de IA. A divulgação dos
resultados de hoje é aguardada com grande expectativa, pois pode influenciar
significativamente o mercado financeiro e o setor de tecnologia.
A projeção futura da “Queridinha” se resume na viabilidade
de a IA pagar os elevados investimentos efetuados pelas grandes companhias,
pois, por enquanto, não tem concorrência. Parmy Olson comenta na Bloomberg que
a desaceleração da IA é a oportunidade para descobrir como entregar o retorno
sobre o investimento.
O boom de inteligência artificial de trilhões de dólares foi
construído com base na certeza de que os modelos generativos continuariam
melhorando exponencialmente. Spoiler: não é o caso.
Em termos simples, as “leis de escala” diziam que, ao
adicionar mais dados e poder computacional a um modelo de IA, suas capacidades
cresceriam continuamente. Mas uma recente enxurrada de reportagens sugere que
isso não está mais acontecendo, e os principais desenvolvedores de IA estão
descobrindo que seus modelos não estão melhorando tão dramaticamente quanto
antes.
Uma desaceleração no ritmo de desenvolvimento das
ferramentas de IA oferece um espaço muito necessário para as empresas
descobrirem como entregar aquele retorno sobre o investimento tão essencial.
De acordo com a Bloomberg News, o Orion da OpenAI não é
muito melhor em programação do que o modelo anterior da empresa, o GPT-4,
enquanto a Alphabet Inc., dona do Google, está vendo apenas melhorias
incrementais no seu software Gemini. Já a Anthropic, um concorrente de peso,
ficou para trás no lançamento do esperado modelo Claude.
Executivos da OpenAI, Anthropic e Google afirmaram
recentemente, sem hesitação, que o desenvolvimento da IA não está estagnando.
Mas eles diriam não diriam diferente. A verdade é que os temores de longa data
sobre retornos decrescentes para a IA generativa, previstos até por Bill Gates,
estão se tornando realidade. Ilya Sutskever, um ícone da IA que popularizou a
abordagem de “quanto maior, melhor” para construir modelos de linguagem,
recentemente disse à Reuters que o progresso se estabilizou. “Os anos 2010
foram a era da escala”, disse ele. “Agora estamos de volta à era da maravilha e
descoberta.”
“Maravilha e descoberta” dá uma visão positiva para “não
temos ideia do que fazer a seguir”. Isso também pode, compreensivelmente,
causar ataques de ansiedade em investidores e empresas, que devem gastar 1
trilhão de dólares na infraestrutura necessária para cumprir a promessa da IA
de transformar tudo. Bancos de Wall Street, fundos de hedge e firmas de private
equity estão gastando bilhões para construir grandes data centers.
Isso tudo equivale a uma grande aposta? Não exatamente.
Não há dúvida de que os principais beneficiários do boom da
IA foram as maiores empresas de tecnologia do mundo. A receita trimestral de
armazenamento em nuvem da Microsoft Corp., Google e Amazon Inc. tem crescido
constantemente, e suas capitalizações de mercado, juntamente com as da Nvidia
Corp., Apple Inc. e Meta Platforms Inc., aumentaram em 8 trilhões de dólares
nos últimos dois anos. Retornos sobre o investimento para todos os outros —
seus clientes — estão demorando mais para aparecer.
Contudo, uma pausa no hype do mercado em torno da IA pode
ser útil, assim como aconteceu com inovações anteriores. Isso porque a
tecnologia geralmente não bate em um muro e morre, mas segue uma curva em “S”.
A ideia da curva em “S” é que o progresso inicial leva anos antes de acelerar
rapidamente, como vimos nos últimos dois anos com a IA generativa, até começar
a desacelerar novamente e, crucialmente, evoluir.
Por exemplo, críticos declararam repetidamente a morte da
Lei de Moore ao longo dos anos, pouco antes de um avanço na fabricação de chips
empurrá-la adiante. O desenvolvimento de aviões progrediu a passos lentos até a
transição de hélices para jatos nos anos 1950, o que levou a um salto adiante —
antes de a tecnologia aparentemente estagnar. Mas, assim como na fabricação de
chips, o desenvolvimento da aviação não parou, mas se transformou; os aviões de
passageiros tornaram-se muito mais eficientes em combustível, seguros e baratos
de operar, mesmo que sejam apenas nominalmente mais rápidos do que eram nos
anos 1960.
Um platô semelhante para a IA e suas leis de escala pode
também significar uma nova abordagem para o desenvolvimento e a medição de
sucesso, que até agora focaram muito em capacidade e pouco em outras áreas,
como segurança. Alguns dos modelos de IA generativa mais avançados deixam a
desejar em áreas críticas, como segurança e equidade, de acordo com um estudo
acadêmico recente que avaliou como eles se alinham à nova lei europeia de IA.
Pesquisadores de IA já estão explorando novos caminhos para
melhorar seus modelos sem depender apenas de mais dados e poder computacional.
Uma abordagem é focar na melhoria de um modelo após ele ter sido treinado, na
chamada fase de inferência. Isso pode incluir dar ao modelo mais tempo para
processar múltiplas possibilidades antes de chegar a uma resposta, razão pela
qual a OpenAI descreveu seu modelo mais recente como melhor em “raciocínio”.
A beleza da curva em “S” é que ela pode oferecer a todos um
respiro, em vez de correrem atrás da última tecnologia que lhes dará uma
vantagem sobre seus concorrentes. Empresas que têm experimentado com a IA
generativa agora têm tempo para redesenhar seus processos e fluxos de trabalho
para melhor capitalizar os modelos de IA existentes, que já são poderosos.
O professor Erik Brynjolfsson, da Universidade de Stanford,
escreveu sobre o “paradoxo da produtividade”, observando que a produção muitas
vezes parece estagnar ou cair quando grandes novas tecnologias chegam, antes de
disparar. Uma pausa na IA oferece mais espaço nessa fase crucial de
investimento.
Ela também dá tempo aos reguladores para projetarem
proteções mais eficazes. O AI Act da União Europeia, ao qual as empresas
estarão sujeitas a partir de 2026, precisa ser mais específico sobre como
define danos. Enquanto os órgãos reguladores trabalham nisso, é útil que
modelos inovadores não inundem o mercado com problemas inesperados.
A IA generativa esteve em um trem-bala nos últimos dois
anos, e o impulso tem sido claramente lucrativo para os gigantes da tecnologia.
Uma desaceleração na estação oferece uma pausa muito necessária para todos os
outros.
Esse artigo não me parece tão tranquilizador, embora o risco
pareça maior para as empresas que oferecem seus modelos para os clientes do que
para a Nvidia, que vende os chips.
Fiquei pensando: como iremos saber se o investimento se
pagou? A resposta mais evidente é observar se o lucro dessas empresas cresce. O
detalhe da amortização desses investimentos poderá falsear os resultados em
função do prazo adotado. Se uma empresa adota X anos enquanto outra adota Y
anos, qual é o correto? Ninguém tem a resposta, e tenho a impressão de que o
mercado irá usar outro critério. Serão tempos desafiadores, e podem estar
certos de que o critério do Mosca será bem objetivo: os gráficos, sem opinião
ou considerações fundamentais.
No post musk-no-ninho-de-cobras, fiz os seguintes
comentários sobre o IBOVESPA: “daqui a pouco decide se começa uma
recuperação ou vai para novas quedas, o que parece mais provável. Antes que meu
amigo pergunte, o gráfico a seguir com janela semanal destaca o intervalo dessa
possível queda entre 121,4 mil / 117,7 mil. Mas antes de sair vendendo, espere
a definição de curto prazo”.
O movimento da última semana não permite nenhuma conclusão, o que deixa aberta a possibilidade em ambos os sentidos. Contudo, ele não apresentou nenhuma força de alta. Pelo contrário, parece mais estar ganhando tempo para continuar a queda. Nessa situação, vou me basear em algumas evidências:
a) o movimento se encontra contido no canal traçado com a
linha pontilhada, precisa rompê-lo;
b) nada esclarecedor no curto prazo destacado com a
elipse;
c) na janela mais curta, nada de 5 ondas. Sendo assim,
continuo com a opção definida acima.
- Puxa, David, nenhuma dica?
Nem pensar em se posicionar. Melhor jogar no cassino e,
olha, as chances lá são contra você!
O S&P500 fechou a 5.917, sem variação; o USDBRL a R$ 5,7725,
sem variação; o EURUSD a € 1,0542, com queda de 0,50%; e o ouro a U$ 2.650, com
alta de 0,68%.
Fique ligado!
Meta, Google, Microsoft, Apple, entre outros clientes da NVidia estão trabalhando nos próprios chips de IA, além dos chineses, como a Huawei. Qual seria a barreira de entrada?
ResponderExcluirMaciel não sou especialista do assunto, mas do que eu sei não é nada fácil replicar os chips usados na IA, razão da margem estratosférica de 75% da Nvidia. Mas a história nos mostra que em algum momento vai surgir concorrência
ResponderExcluirA NVIDIA indubitavelmente está na vanguarda, mas a AMD produz as gpus para o XBOX e o PS5, por exemplo. E a Huawei seria a principal concorrente em IA, mas tem a barreira contra as empresas chinesas. Hoje o importante é não ficar para trás nos investimentos em IA, mas a consolidação sempre vem e será o momento onde os gastos começarão a serem reavaliados.
ResponderExcluir