Resultado ilusório #nasdaq100 #NVDA
Está chegando o final de ano, época em que começam a surgir
as previsões para o próximo ano. Quem é leitor antigo do Mosca sabe que não dou
muito valor – na verdade, nenhum valor – para esses resultados, principalmente
em relação a qual nível a bolsa vai terminar o ano. Pensei um pouco sobre como
poderia nomear esses números e, como mencionei no título, são ilusórios. Por
que seriam ilusórios? Porque fornecem uma falsa sensação que pode ser de
alegria – na maioria das vezes – ou de preocupação, caso o analista acredite
que o mercado vai cair.
Especificamente na bolsa de valores, os analistas usam
basicamente duas variáveis: qual a projeção de lucros para o ano seguinte e o
nível de P/L que acreditam. A primeira variável até conseguem ter uma
estimativa razoável, bastando considerar os ganhos projetados de cada empresa e
ponderar pelo peso que a mesma compõe no índice. Agora, a segunda é puro chute.
Observem o gráfico abaixo, que contém o P/L em um período
longo de 40 anos, e atentem para a linha preta, que leva em consideração os
lucros futuros estimados. A média se encontra aproximadamente em 17, mas
atualmente está em 21,5.
Vamos fazer uma pequena simulação para que o leitor perceba a discrepância que pode ocorrer. A estimativa de lucro do S&P 500 para 2025, segundo o economista Ed Yardeni, é entre $275 e $285. A tabela abaixo contém o nível projetado para o S&P 500 de acordo com diversos níveis de P/L.
Levando em consideração os níveis de lucro expressos por Yardeni, o resultado da bolsa para o próximo ano seria pífio. Se tivéssemos convicção nesses números, seria melhor ficar na renda fixa, ganhando 4.5 % ao ano sem risco. Agora, se o P/L for mais elevado, por exemplo, 25, o resultado seria interessante; se for menor, seria melhor sair correndo.
Sempre considerem que, ao observar uma estimativa do S&P
500, estará associado um lucro projetado e um nível de P/L. E quem sabe qual
será o P/L em dezembro de 2025?
E o que dizer das projeções mais longas, como, por exemplo,
de 10 anos? Antes de dar minha opinião – vocês já devem saber qual é –, John
Authers comentou na Bloomberg com um título sugestivo: No longo prazo, todas
as projeções serão revisadas.
No longo prazo estaremos todos mortos
Esta é a época em que casas de investimento publicam suas
previsões para o próximo ano, e eu as critico como uma perda de tempo. Não
apenas é absurdo gastar tempo analisando períodos curtos e arbitrários, mas,
para a maioria das instituições, é o longo prazo que realmente importa.
À medida que nos preparamos para o download das projeções de
2025, que provavelmente precisarão ser revisadas meia dúzia de vezes antes de o
ano terminar, vale a pena olhar para a indústria de suposições de capital de
longo prazo. O resultado desanimador é que isso também parece uma perda de
tempo, com projeções tão superficiais que nos fazem questionar se não estão
levando o ditado de Keynes sobre o longo prazo muito a sério. Não deveriam, já
que muitas instituições precisam planejar para horizontes muito além de uma
vida humana.
Teorias de Projeções de Longo Prazo
Em teoria, projeções de longo prazo deveriam ser dirigidas
principalmente pelo ponto de partida. Quando ações parecem historicamente
caras, espera-se que a década seguinte seja pior que a média, e vice-versa.
Existem também abordagens bastante diferentes para alocação de ativos, o que
deveria gerar variação. Em vez disso, o que emerge é:
- Notável
estabilidade nas projeções ao longo do tempo;
- Uma
tendência de convergir para poucos números arredondados;
- Uma
crença curiosa de que algumas classes de ativos podem se sair bem
independentemente das circunstâncias, particularmente private equity.
Meus colegas da Absolute Strategy Research reuniram
suposições de mercado de capital de várias fontes, desenterrando algumas
tentativas regulares de prever o longo prazo: uma pesquisa da Horizon Actuarial
e outra realizada pela Nasdaq eVestment. Embora prever retornos para classes de
ativos na próxima década não seja tão popular quanto prever onde o S&P 500
estará no fim do próximo ano, está próximo disso.
Essas suposições são especialmente importantes no mundo dos
fundos de pensão públicos dos EUA, onde um déficit grande pode ser reduzido
assumindo retornos mais altos. (Há mais na contabilidade de pensões do que
isso, mas essa é uma descrição justa.) O NASRA (Associação Nacional de
Administradores de Aposentadoria de Estado) publica uma pesquisa a respeito. As
projeções médias e medianas de retornos de ações diminuíram neste século, mas
muito lentamente, e não de forma significativa. O resultado nesse gráfico da
projeção do retorno anualizado da bolsa em 10 anos veio de 8,0% para 6,8%.
Gráficos e Comparações
O NASRA também apresenta um gráfico de como a amplitude
total das suposições mudou ao longo do tempo. Nunca foi mais de 1,5 pontos
percentuais, e a direção da mudança foi a mesma.
Essa aparente estabilidade pode parecer uma visão
conservadora e apropriada do mercado de ações, mas lembre-se: o maior
determinante de retorno é o ponto de partida. As expectativas de retorno eram
mais altas no início dos anos 2000, quando as ações estavam absurdamente caras
e obviamente destinadas a um mau desempenho por alguns anos. Já em 2010, quando
as ações estavam baratas, as expectativas diminuíram. Isso não reflete
prudência e conservadorismo tanto quanto uma recusa obstinada em considerar as
mudanças nas circunstâncias.
Assim, as expectativas de retorno total de 10 anos do
S&P 500 se movimentaram de maneira completamente diferente das projeções de
fundos de pensão. É estranho que tenha havido pouca tentativa de avaliar o
potencial de oscilações grandes nos retornos. Não é razoável esperar que os
gestores de fundos de pensão acertem o mercado, mas suposições que se tornassem
mais pessimistas ou otimistas conforme o ponto de partida faria sentido e
ajudaria a capturar oportunidades contrárias.
Para mostrar o quão pouco uso essas suposições rígidas têm na prática, David Bowers e Ian Harnett, da Absolute Strategy Research, compilaram o gráfico a seguir, que compara o retorno médio projetado de 10 anos para ações dos EUA, de acordo com a própria pesquisa deles e de Horizon, com o resultado final. Grandes variações nos retornos foram observadas sem alterações nas suposições para o futuro.
Commodities e Private Equity
No caso das commodities, ocorre o oposto. A última década foi muito ruim para investir nesse setor, mas nada muda a expectativa de que elas terão retornos de 4% a 5%. Outro ponto problemático é a confiança aparentemente ingênua de que o private equity continuará oferecendo retornos excepcionais. Este setor enfrenta um cenário onde a alavancagem barata pode não ser tão acessível, e a crescente competição por negócios deve pressionar os retornos para os investidores.
Nem sei se vale algum comentário. Observando os dois últimos gráficos, tem-se a nítida impressão de que é de pouca valia – ou nenhuma – essas previsões. Acredito que elas existem para uma apresentação ao board e fiquem tranquilos, acreditando que tudo vai dar certo.
A melhor classificação é do Mosca: Um resultado ilusório.
Fico com a análise técnica para me guiar.
Análise Técnica
No post Powell passa uma rasteira, fiz os seguintes
comentários sobre a Nasdaq 100: “Atualmente, o nível de 21,7 mil não foi ultrapassado,
deixando aberta a possibilidade de uma correção ‘meia chata’. Contudo,
movimentos em janelas menores (1 hora) sugerem correção contida nos níveis
destacados no retângulo. Se ultrapassar 21.182, o primeiro objetivo seria
23.362”.
Fiz uma pequena modificação nas ondas de menor grau sem comprometer a visão mais ampla. Segundo minha opção, estaríamos na onda iii laranja, e o objetivo final seria 23.362.
O que não pode acontecer: queda abaixo de 19.880; o que
desejamos que aconteça: superar 21.182 e, principalmente, 21.707.
Sobre a Nvidia, meus comentários foram: “Assim como a Nasdaq 100, a Nvidia precisa manter sua correção contida em níveis do retângulo. Acima de ~U$150, novas altas se tornam possíveis”.
A Nvidia, como não poderia deixar de ser dado seu alto peso no índice da Nasdaq 100, tem uma configuração semelhante. O objetivo final, caso seja vencida a barreira anotada como “abre a janela” em U$152,89, seria entre U$233 e U$248, conforme apontado no gráfico abaixo.
O que não pode acontecer: queda abaixo de U$132.
Faz algum tempo que não publico a previsão do PIB elaborado pelo Fed de Atlanta ‑ GDPNow. Depois do último trimestre ter sido excelente, vejam como projeta o crescimento do PIB para o 4º trimestre.
Resultado excepcional: se ocorrerem os 2,6% projetados, não seria nada mal. Os economistas estão prevendo algo um pouco inferior a 2%, mas, se estiverem errados, basta trocar de camisa! Hahaha...
O S&P500 fechou a 5.969, com alta de 0,35%; o USDBRL a R$ 5,7975, com queda de 0,29%; o EURUSD a € 1,0415, com queda de 0,55%; e o ouro a U$ 2.708, com alta de 1,44%.
Fique ligado!
Comentários
Postar um comentário