No dia a dia é bem diferente #USDBRL
Meu filho, que se
especializou no mercado de apostas de futebol, criou uma estratégia que, à
primeira vista, pode parecer um tiro no escuro — mas que, na prática,
revelou-se um modelo estatístico sofisticado, ancorado em probabilidade e
controle de risco. A ideia? Apostar em escanteios no final das partidas, entre
os minutos 85 e 90. Nada de palpites sobre quem vai vencer ou sobre o número de
gols: esse é o território dos amadores. O foco está onde o mercado ainda não
foi completamente arbitrado.
O resultado é surpreendente. Num intervalo de 6 meses, gerou 662 unidade de lucro, ou seja, se a aposta foi de R$ 100 o resultado seria de R$ 66.200! Mas eu fui além, pedi para que ele simulasse qual seria o resultado caso fossem feitas apenas 2 apostas por dia. Numa simulação de 2.000 casos, o lucro esperado com uma aposta de R$ 100 foi de R$ 3.605 e, mais importante, a probabilidade de perda 0,35%.
A lógica me chamou atenção, sobretudo porque se parece — em muitos aspectos — com os dilemas que enfrentamos nos investimentos. Tanto que resolvi testar. Abri uma conta no Bet365 em parceria com um amigo: cada um faria as apostas em dias alternados, respeitando a disciplina de no mínimo duas operações diárias. No meu primeiro dia, acertei quatro “greens” e um empate. Senti-me invencível. Mas no fim de semana, “4 reds” e uma única vitória. A sensação imediata foi: “o modelo parou de funcionar”. Parecia urgente recuperar o prejuízo.
Aí entra Daniel Kahneman. O Nobel mostrou que perdas causam um desconforto
muito mais intenso do que a satisfação dos ganhos — mesmo que ambos tenham
exatamente a mesma magnitude. Isso se chama aversão à perda, e não poupa
ninguém. Nem mesmo um investidor experiente como eu.
Esse episódio serve como gancho para o tema de hoje: os mercados acionários
norte-americanos, especialmente o S&P 500 e o Nasdaq, estão batendo
recordes históricos. E a pergunta natural surge: é prudente entrar agora?
Afinal, a máxima histórica intimida. Mas será que isso é racional?
Dois artigos recentes ajudam a desmontar esse medo. O primeiro deles, “Why You
Shouldn’t Be Scared of Heights”, lembra que os mercados passam a maior parte do
tempo em ou perto das máximas históricas. Não por acaso: ações bem escolhidas
tendem a se valorizar com o tempo, refletindo o crescimento de lucros,
reinvestimentos e produtividade. Quem evita investir só porque o índice está no
topo, ignora que quase sempre estamos no topo. E mais: o retorno médio anual do
S&P 500, quando comprado em máximas históricas, não é inferior ao retorno
de entradas aleatórias. O gráfico a seguir, extraído do artigo, ilustra esse
ponto com clareza:
O segundo artigo traz um personagem curioso: o “pior market timer do mundo”. Trata-se de um investidor que, por puro azar, sempre aportou seu dinheiro antes das grandes quedas — 1972, 1987, 2000, 2007 e 2021. Mesmo assim, ao simplesmente manter seus investimentos sem resgatar, ele acumulou uma fortuna considerável ao longo dos anos. A lição é clara: o tempo no mercado é mais importante que o “timing” de entrada.
Os dois estudos dialogam diretamente com o que experimentei nas apostas. Quando
olhamos para uma sequência isolada de resultados, nosso emocional entra em
pane. Uma perda recente pode nos fazer abandonar um modelo que,
estatisticamente, é vencedor. É exatamente assim que muitos investidores se
comportam: entram no topo, enfrentam uma correção e se desesperam, esquecendo
que investir é uma maratona, não uma corrida de 100 metros.
O Mosca já viu essa história se repetir inúmeras vezes. O investidor entra no
pico, o mercado realiza, a emoção fala mais alto e ele pula fora, comprometendo
todo o plano. Depois, com os preços já corrigidos e retomando alta, volta a
aplicar, só para repetir o ciclo. Esse comportamento, além de exaustivo, é
destrutivo do ponto de vista financeiro.
Não existe momento “perfeito” para investir — assim como não existe sequência
perfeita de apostas. O que importa é seguir uma lógica estatística sólida,
saber que perdas fazem parte do caminho e, sobretudo, não permitir que o
emocional destrua o racional. É isso que separa os amadores dos profissionais,
tanto no mercado financeiro quanto nos escanteios da Mongólia Interior às 8 da
manhã.
Portanto, se você está receoso de entrar em um índice porque ele está em alta
histórica, recomendo fazer o oposto: adote um plano, entenda os fundamentos,
aceite a volatilidade como parte do jogo e não se deixe levar por oscilações
pontuais. O histórico mostra que, ao longo do tempo, o racional costuma
prevalecer sobre a emoção.
Pequena observação do Alberto Dwek: a questão do investimento de timing
errado também se complica com a questão emocional da incerteza pessoal em
relação a acidentes e à própria mortalidade. Querendo ou não, todos estão
sujeitos à dúvida sobre a data em que precisarão retirar recursos investidos,
no todo ou em parte.
Ou seja, a
realização do investimento, que é o que vai determinar o resultado e, portanto,
o sucesso da compra, pode ser forçada. Por isso, a entrada a qualquer tempo faz
muito mais sentido para jovens que para velhos, para quem é independente mais
do que para quem tem família para sustentar, para quem aceita o risco mais do
que para quem sofre com variações.
Mesmo quem só
aplica uma parcela que “não machuca se perder” acaba sofrendo com variações
negativas pelo desconforto com a possibilidade de ser eventualmente obrigado a
resgatar. No final, é preciso um tipo especial de pessoa, e talvez por isso são
tão raros. Conheço poucos: são na maioria solteiros, independentes,
imperturbáveis, e simplesmente acumulam compras e as mantêm. Não é o meu caso.
Na minha próxima
encarnação, vou tentar aplicar esses conselhos,
nesta não dá mais! Hahaha...
E para quem quiser se
aventurar nos escanteios finais de partidas obscuras — e sentir na pele a
montanha-russa das decisões instantâneas — o link é este: Telegram: View
@gotlidertips – GotLider Tips.
Análise Técnica
No post “desafiando-lei-da-gravidade” fiz os seguintes comentários sobre o dólar:”No gráfico com janela de 2 horas, parece que um triângulo está se formando, o que deveria levar o dólar para R$ 5,69. Dentro dessa hipótese, a moeda brasileira ainda pode ter uma queda até R$ 5,49”.
A dúvida ainda não foi resolvida e as 5 ondas não foram completadas. Resolvi mostrar o gráfico de mais longo prazo e enfatizar que se tudo estiver correto na minha avaliação a onda 5 vermelha é diagonal e como tal se desenvolve não de forma impulsiva, mas sim corretiva como se pode ver nas ondas anteriores os A – B – C em vermelho.
Quais são as consequências? Primeiro que não é mandatório que a onda em formação agora se desenvolva em 5 ondas, pode ser um tipo de onda A vermelha como as anteriores embora seja muito pouco provável. Sendo assim, vou assumir que vai ser em 5 ondas e o nível de R$ 5,67 deve ser atingido brevemente. Notem que o objetivo final seria ao redor de R$ 7,00 e caso aconteça, quero ver como se comportarão os analistas que estavam esperando quedas maiores, ou se vangloriando com a queda a R$ 5,40. Ah, mas tudo bem, a culpa vai ser do Trump! Hahaha ...
O S&P 500 fechou a
6.305, com alta de 0,14%; o USDBRL a R$ 5,5670, com queda de 0,21%; o EURUSD a € 1,1693, com alta de 0,58%; e o ouro a U$ 3.397,
com alta de 1,40%.
Fique ligado!
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