Desafiando a Lei da Gravidade #USDBRL

 


Donald Trump voltou ao centro do palco com seu estilo inconfundível: bravatas comerciais. Após um hiato em que se ocupou com aparições midiáticas — como entregar a taça ao Chelsea numa final de futebol —, ele decidiu reincendiar a guerra tarifária, mirando desta vez em Brasil, Canadá, União Europeia e México. A volta desse “velho novo” Trump, por si só, já seria motivo de alerta. Mas o contexto atual amplia as incertezas: inflação ainda elevada, Fed pressionado, crescimento hesitante e uma nova variável em cena — a inteligência artificial.

Durante algum tempo, os mercados se acalmaram com a ideia do “TACO” — “Trump Always Chickens Out”, expressão que sugere que ele sempre recua no último momento. Desta vez, no entanto, a ameaça parece mais concreta. As tarifas retornam como instrumento político e econômico, sem que se saiba, com precisão, seus impactos. Como acreditar que a inflação não será afetada ou que o crescimento seguirá estável? Achar que se pode impor tarifas generalizadas e esperar serenidade nos indicadores é como desafiar a própria lei da gravidade.

Nesse cenário turvo, Trump volta também suas baterias ao presidente do Federal Reserve, Jay Powell, o acusando de manter os juros “injustificadamente altos” e sugerindo uma queda da taxa para a faixa de 1% a 2%. Essa pressão política revela um desejo populista de estimular a economia a qualquer custo, mesmo sob o risco de reacender a inflação. A resposta do Fed, como mostra o artigo da Bloomberg, tem sido firme: a instituição foi desenhada para resistir a esse tipo de interferência, mantendo seu mandato técnico acima de vontades pessoais ou eleitorais.

No entanto, nem tudo são más notícias. Uma pesquisa recente do Wall Street Journal com economistas de grandes bancos revelou uma queda na percepção de risco de recessão nos EUA. O mercado de trabalho permanece robusto, com crescimento consistente no emprego, o que dá margem para que o Fed mantenha os juros em patamares elevados por mais tempo, sustentando sua estratégia de desinflação gradual sem comprometer a atividade.

Mas a variável que realmente pode romper essa lógica — ou ao menos configurá-la — é a inteligência artificial. O estudo do Deutsche Bank traz uma simulação que chama atenção: se a IA conseguir elevar a produtividade dos EUA em apenas 0,5 ponto percentual ao ano, o impacto sobre a trajetória da dívida pública seria transformador. A dívida, hoje em rota explosiva, passaria a se estabilizar. O PIB per capita cresceria 17% até 2055. Em vez de sufocar o país, o endividamento seria administrável — uma possibilidade que parece ficção, mas tem base matemática.



Essa perspectiva alimenta uma esperança genuína: se a IA cumprir parte das promessas, os ganhos em eficiência e crescimento podem mitigar os riscos fiscais que hoje preocupam economistas e investidores. Por outro lado, o avanço tecnológico também traz um dilema social. Qual será o destino dos empregos tradicionais? Que setores perderão relevância? A produtividade sobe, mas será que o bem-estar acompanha?

É aqui que entra a complexidade do momento atual. De um lado, um presidente que volta a usar tarifas como arma eleitoral. De outro, um banco central tentando manter sua autonomia diante da turbulência política. E no centro disso tudo, a sociedade tentando entender se a tecnologia será salvadora ou disruptiva.

O Mosca vê nesse momento uma encruzilhada. Não há como prever se Trump irá além das ameaças, tampouco se o Fed aguentará firme até o fim do ciclo. O que está claro é que a política econômica está sendo redirecionada, e não necessariamente por critérios técnicos. Apostar que inflação vai cair com tarifas e cortes artificiais de juros é, no mínimo, ignorar princípios básicos da economia. Como dizia Newton, o que sobe tem que descer. Trump pode tentar desafiar a gravidade, mas os mercados não costumam perdoar quem abusa das leis naturais.



Se a IA conseguir criar um novo ciclo virtuoso de crescimento, talvez tenhamos uma saída elegante. Caso contrário, a conta virá — em forma de inflação, desequilíbrio fiscal ou ambos. O Mosca segue atento, torcendo para que o “outlier tecnológico” se confirme, mas mantendo um pé atrás. Porque por mais que os tempos mudem, a gravidade continua atuando.


Análise Técnica

No post “lutando-morro-acima” fiz os seguintes comentários sobre o dólar e a liquidação da posição vendida: “Sempre que zeramos uma posição, ficamos 'torcendo' para estarmos certos — como se liquidar nas mínimas fosse dar um troféu, aquela sensação de 'eu sou bom pra KRlho'...” Completei a ideia no post “cutucaram-o-leão”: “O dólar tem que começar a subir do nível atual de R$ 5,53 e ultrapassar R$ 5,62, senão pode ter sido falso e voltar a cair”.




Vamos esclarecer alguns pontos: o fato de ter zerado na mínima foi por conta da estatística — o mais provável aconteceu, e por enquanto minha contagem se mostrou correta. Segundo: nem pensar que eu tinha algum 'inside information' sobre o que o Trump pretendia fazer; a razão é que a análise técnica é uma ótima ferramenta.

No gráfico com janela de 2 horas, parece que um triângulo está se formando, o que deveria levar o dólar para R$ 5,69. Dentro dessa hipótese, a moeda brasileira ainda pode ter uma queda até R$ 5,49. Completada essa sequência, poderemos entrar na opção de compra de dólar na retração desse primeiro movimento. Tudo deve ser esclarecido nesta semana.




    O S&P 500 fechou a 6.268, com alta de 0,14%; o USDBRL a R$ 5,5820, com alta de 0,44%; o EURUSD a 1,16685, com queda de 0,19%; e o ouro a U$ 3.344, com queda de 0,35%.

Fique ligado!  

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