A narrativa e a realidade #IBOVESPA

 

Se você pegar dez relatórios de bancos sobre o mercado de câmbio, pode apostar que nove irão recomendar a venda de dólar. Alguns sugerem comprar euro, outros até moedas emergentes. Os argumentos são variados, afinal, cada instituição precisa justificar sua posição. Mas a realidade tem mostrado algo bem diferente, como destacam Ed Yardeni e Robin Brooks nos materiais publicados.


A grande questão é: como o mercado conseguiu levar as cotações do dólar para baixo, conforme relatado em artigos da Bloomberg? A resposta está nos mercados de derivativos, onde dois movimentos principais têm sustentado essa dinâmica. De um lado, clientes europeus com posições nos EUA, mas sem cobertura no euro, recorreram ao hedge por meio de swaps cambiais. De outro, especuladores ampliaram agressivamente suas apostas no mercado futuro, montando posições de grande porte vendidas no dólar.

Esse arranjo, contudo, depende de um elo frágil: a efetiva compra da moeda. No caso do euro, se não houver demanda real no mercado à vista, os contratos futuros deixarão de se valorizar. A consequência imediata é que, quanto mais euros forem trocados por dólares no mercado spot, maior será a pressão negativa sobre a moeda única. Nesse cenário, os especuladores abandonam suas posições, realizando lucro ou absorvendo prejuízo conforme o preço de entrada. Já os europeus que haviam feito hedge desfazem as operações, porque, como sempre digo, o hedge nada mais é do que o epílogo de uma especulação malsucedida.


A leitura do Mosca é clara: há uma desconexão entre a narrativa propagada nos relatórios e a realidade observada no funcionamento dos mercados. O dólar pode até se enfraquecer temporariamente diante de movimentos técnicos ou de apostas especulativas, mas estruturalmente continua sustentado por fundamentos que não se desfazem apenas com posições em derivativos. Em algum momento, a distância entre discurso e prática se fecha — e a correção costuma ser abrupta.

A esquerda está perdendo

A recente pesquisa da Quaest trouxe um dado relevante: a desaprovação ao governo Lula subiu significativamente, principalmente entre eleitores mais jovens. A queda da popularidade do governo não está restrita ao debate econômico, mas reflete um cansaço mais amplo com a retórica ideológica e com o desempenho prático da gestão federal.

Esse movimento, no entanto, não é isolado. Está em linha com o que se observa em diversos países da América Latina. Governos de esquerda, que ascenderam nos últimos anos surfando a insatisfação popular com gestões anteriores, agora enfrentam forte desgaste. O caso do Chile é emblemático: o presidente Gabriel Boric, que encarnava a nova esquerda latino-americana, vê sua popularidade derreter em meio a crises institucionais e promessas não cumpridas.

A própria Argentina caminha para um modelo completamente distinto, com Milei implementando reformas liberais que seriam impensáveis há poucos anos. Mesmo enfrentando resistências, o novo presidente conseguiu imprimir mudanças estruturais e, curiosamente, tem colhido melhora nos indicadores econômicos e na percepção do investidor estrangeiro.

Vejo entre meu círculo de amizade e também nas redes sociais que acompanho uma esperança de mudança nas próximas eleições, mas no caso do Brasil não sei se o esgotamento como ocorreu no restante da AL chegou a ponto de mudar. A esse pessoal que está esperançoso da mudança sugiro ter um plano B caso o Lula se reeleja, pois será difícil aguentar mais 4 anos!


Análise Técnica

No post o-menino-pentelho fiz os seguintes comentários sobre o IBOVESPA:
“Neste momento, encontro-me num dilema: por um lado, o mercado poderia permanecer por mais algum tempo corrigindo nesse intervalo para depois retomar a queda; por outro, como mostro no gráfico abaixo, desde a mínima se formaram 5 ondas, o que pode ser o prelúdio de novas altas.”

A queda ocorrida ontem, em função da absurda decisão do Ministro Dino do STF, levou o Ibovespa a um nível interessante caso o movimento seja apenas uma correção. Ainda assim, há pontos que suscitam dúvidas. Vamos detalhar o gráfico com uma janela de 2 horas a seguir.

No retângulo destacado, só é possível contar 3 ondas. Isso pode ser positivo, já que, se o mercado retomar a alta, o movimento terá caráter corretivo. Por outro lado, é preocupante se houver queda abaixo dos 134 mil pontos.

No gráfico da semana passada, o movimento contido no círculo verde havia sido considerado como 5 ondas de alta. Observando melhor a figura acima, seria realmente 5 ondas ou, na verdade, 7? Caso sejam 7, a probabilidade maior é de queda na sequência. Marquei um símbolo em laranja que, se ultrapassado, enfraquece a hipótese de alta.

Prometi que não reclamaria mais do sistema do Metastock, mas é impressionante como esse sistema é ruim (juro que é a última vez! Hahaha).

O S&P 500 fechou a 6.395, com queda de 0,24%; o USDBRL a R$ 5,4727, com queda de 0,60%; o EURUSD a € 1,1655, sem variação; e o ouro a U$ 3.348, com alta de 0,98%.

Fique Ligado!

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