Contenha o medo #S&P 500
O mercado de ações é,
por essência, um gerador de desconforto. O medo de comprar na máxima ou vender na
mínima não é apenas uma sensação, é uma armadilha recorrente para a maioria dos
investidores. O problema não está na existência das quedas, mas na incapacidade
de lidar com elas racionalmente. O estudo anexo mostra isso de forma
cristalina: embora as correções façam parte da dinâmica natural dos mercados, a
recuperação quase sempre acontece — e frequentemente é mais rápida do que se
imagina.
Entre os dados mais relevantes, o levantamento mostra que cerca de 90% das
perdas são recuperadas em até dois anos. E em 70% dos casos, essa volta
acontece em menos de 12 meses. Isso significa que a angústia provocada por uma
queda acentuada raramente se justifica em termos racionais. O investidor que
não abandona sua posição no pânico tende a ser recompensado com a normalização
dos preços.
Mas se a estatística conforta, a realidade emocional nem sempre corresponde. Muitos se perguntam: e se essa for a exceção? E se agora for diferente? Essa dúvida, embora legítima, costuma custar caro. Sair no pior momento por medo de novas perdas é uma forma de cristalizar o prejuízo. E o pior: perder o ciclo de recuperação que frequentemente se segue.
O Mosca sustenta que a ferramenta mais poderosa contra esse viés emocional não é a esperança — é a técnica. A análise técnica, e especialmente o uso da Teoria de Elliott, permite objetivar o processo de tomada de decisão. Se o investidor foi estopado em uma queda, não significa que perdeu a oportunidade. Basta aguardar uma formação de cinco ondas de alta e entrar na correção subsequente. Assim, a decisão de entrada e saída deixa de ser intuitiva e passa a ser sistemática.
É importante destacar que o uso de stop loss — tão criticado por alguns — não é sinal de fraqueza. Pelo contrário, é uma estratégia para proteger o investidor da própria ansiedade. Sair com uma perda pequena é preferível a manter uma posição por apego e ver o prejuízo se aprofundar. A chave está em não confundir stop com desistência: o reingresso técnico pode acontecer logo adiante.
Enquanto isso, a mídia e os indicadores de risco tentam montar o enredo do desastre iminente. A abertura de opções de venda para cobertura contra desaste nas big techs, destacada por matéria da Bloomberg, é um exemplo claro disso. A cobertura é enviesada, pois não menciona que essas apostas são pequenas em relação ao volume total de opções. A intenção é inflar o medo. Mas o investidor bem-informado sabe distinguir entre ruído e sinal.
O mesmo vale para os spreads de crédito. O artigo de John Authers adverte que a estabilidade dos spreads não indica calmaria, mas talvez complacência. No entanto, os dados mostram que os fundamentos permanecem sólidos, com inadimplência sob controle e lucros corporativos resilientes. Se há uma bomba-relógio no mercado, ela ainda não começou a contagem regressiva.
Dessa forma, a combinação de fundamentos saudáveis, recuperação estatisticamente provável das perdas e uso disciplinado de análise técnica forma um tripé robusto para enfrentar períodos de turbulência. O que derruba o investidor não é a queda em si, mas o medo de agir racionalmente diante dela.
O Mosca não diz que não se deve ter cautela — apenas que o medo descontrolado nunca foi uma boa estratégia. O investidor que entende os ciclos, que domina as ferramentas técnicas e que não se deixa paralisar pelo pânico, tem todas as condições de transformar o desconforto em oportunidade.
Portanto, não tenha medo. Tenha método.
Análise Técnica
No post “a-china-manda-recado-ao-trump” fiz os seguintes comentários sobre o S&P 500: “A proximidade do S&P 500 do nível em que o jogo continua, somada a um resultado mais benigno da inflação, levou-me a optar por entrar na bolsa na abertura, a 6.380”
Com o texto de hoje o leitor pode achar que eu virei “porra louca” ao entrar no mercado no pico e jogar fora minha contagem mais conservadora. Podem ficar tranquilo que não fiquei, mas nem por isso deixei de arriscar, e esse foi o caso da minha entrada que na verdade contempla o caso mais arrojado. O stop loss foi ajustado para um resultado próximo do zero a zero.
Não vou publicar ainda minha opção mais agressiva de alta e continuar com a mais conservadora a seguir. Como podem notar, o S&P 500 deveria retroceder até o nível de 6.263 ( -2,7%) / 6.114 (- 5%).
- David, primeiro não estou gostando de você ocultar gráficos de nós – acha que somos crianças? depois não entendo por que você entrou se acha mais provável que vai ser estopado!
Sobre sua primeira observação não coloquei o gráfico de alta mais agressiva porque te conheço bem: você já iria comprar os tubos. Depois, não disse que o stop loss é o mais provável — para dizer a verdade, o fato de ter atingido a máxima histórica deixa o mais arrojado como mais provável. Desta forma, se a bolsa subir, estamos comprados e da próxima vez atualizo — se cair, não vamos sofrer.
O S&P 500 fechou a
6.411, com queda de 0,58%; o USDBRL a R$ 5,5005, com alta de 1,15%; o EURUSD a €
1,1646, com queda de 0,13%; e o ouro a U$ 3.316, com queda de 0,49%.
Fique ligado!
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