Agora é para valer #OURO #GOLD

 


A inteligência artificial não é mais uma promessa ou especulação sobre o futuro. Saiu dos relatórios de consultorias, das falas entusiasmadas de executivos de tecnologia e das apresentações institucionais recheadas de chavões. Está nas ruas, nas empresas, nas casas, nos celulares, e—principalmente—no cotidiano das pessoas. A curva de adoção, que antes era monitorada com cautela, agora ganhou o contorno de um processo irreversível. O uso da IA generativa não apenas se consolidou, como começa a desenhar uma nova arquitetura do trabalho, da produtividade e, inevitavelmente, do mercado.

O gráfico abaixo mostra com clareza o que os números já indicavam: o acesso ao ChatGPT, mesmo com as quedas sazonais como nas férias escolares dos EUA, retornou com força total, sugerindo que seu uso está sendo institucionalizado, especialmente dentro de rotinas profissionais.

Esse dado evidencia um fenômeno de incorporação tecnológica que vai além da curiosidade pontual. O ChatGPT e seus pares deixaram de ser brinquedos digitais para se tornarem ferramentas de apoio operacional, com efeitos ainda mal compreendidos sobre as engrenagens da economia real. Como mencionei antes, o uso vem se expandindo de forma exponencial, sem que o público precise mais ser convencido de seu valor ou potencial. E isso não se refere a perguntas triviais sobre filmes, clima ou significado de palavras, mas à realocação de tarefas rotineiras – desde o suporte jurídico inicial, passando por fluxos de atendimento automatizado, até a prototipagem de códigos.

Nesse contexto, o Mosca levanta uma questão crucial: os gigantescos investimentos em IA se justificarão economicamente? A discussão se desloca do plano do encantamento tecnológico para o pragmatismo dos balanços financeiros. Os mercados, por ora, seguem apostando pesado.

Não é à toa que empresas como Nvidia, Microsoft, Broadcom e Arista lideram os fluxos de capital, com o capital estrangeiro retornando em peso para os EUA. O gráfico a seguir ilustra esse movimento:


O capital busca onde há produtividade, escala e — por enquanto — um arcabouço institucional mais sólido. Não por acaso, a narrativa macroeconômica americana gira em torno do crescimento impulsionado por IA. A mais recente análise de Yardeni sustenta que o impacto na produtividade virá, sim, mas com defasagem. O que o mercado antecipa agora são os primeiros sinais dessa transformação.


É impossível ignorar, contudo, a tensão social que acompanha essa revolução. O artigo “The Human Toll of Artificial Intelligence” [O Custo Humano da Inteligência Artificial], de Ben Carlson, traz relatos pungentes de trabalhadores que estão sendo substituídos — ou precarizados — por soluções baseadas em IA. Desde roteiristas em Hollywood até moderadores de conteúdo nas Filipinas, a nova tecnologia não distribui seus benefícios de forma uniforme. Há quem se beneficie da automação e há quem seja atropelado por ela. E esse choque tende a ganhar escala.

O modelo atual, alimentado por grandes volumes de dados, demanda mão de obra qualificada e intensiva no back-end, seja na rotulagem de dados, no treinamento de modelos ou mesmo no controle de qualidade. Por mais paradoxal que pareça, há mais trabalho por trás da “automação total” do que o imaginado. O gráfico abaixo demonstra a diferença entre o uso percebido da IA e o uso efetivamente produtivo:


Esse hiato levanta outro sinal de alerta: até que ponto os ganhos de produtividade são reais ou apenas deslocamentos de custos e responsabilidades dentro da cadeia? Não é exagero imaginar que o futuro exigirá um novo contrato social entre capital, tecnologia e trabalho.

O que está em curso é um experimento de escala civilizacional, em tempo real, sem piloto automático. Governos, empresas e indivíduos estão tateando soluções enquanto a maré já subiu. E não haverá boia para todos. O entusiasmo irracional dos investidores pode até sustentar valuations inflados por algum tempo, mas a economia se impõe – e ela cobra resultados, não promessas.

Por isso, volto ao ponto central deste post: Agora é para valer. Os próximos trimestres dirão se o salto tecnológico se traduzirá em salto produtivo e sustentável. E aqui o “Mosca” estará atento aos desdobramentos.

 

Análise Técnica

No post “o-novo-estagiário”, comentei sobre o ouro: “Aparentemente, a onda (4) vermelha configurou-se como um triângulo — formação técnica comum nesse estágio da estrutura de Elliot. Em uma escala menor, a área demarcada no gráfico revela cinco ondas completas. Se essa leitura se confirmar, retomar posições compradas em ouro faz sentido”.



Abandonei a ideia do triângulo na onda (4) vermelha e passei a interpretá-la como uma correção flat, anotada com A–B–C em azul. Não que isso faça muita diferença, mas o encaixe técnico é mais adequado. Estamos prontos para comprar? Talvez sim, mas seria arriscado. Não existe outro argumento além da hipótese descrita na onda (4) vermelha. Além disso, o ouro passou os últimos quatro meses dentro de uma faixa de preços demarcada pelo retângulo, situada entre US$ 3.250 e US$ 3.450, encontrando-se agora no meio dessa banda. Para eliminar algumas hipóteses, é necessário que o preço ultrapasse US$ 3.447. Até lá, a melhor decisão é aguardar.


O S&P 500 fechou a 6.370, com queda de 0,40%; o USDBBRL a R$ 5,4781, com queda de 0,11%; o EURUSD a € 1,1605, com queda de 0,38%; e o ouro a U$ 3.338, com queda de 0,30%.

Fique ligado!

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