Recordando: "Você está demitido" #IBOVESPA

 

Donald Trump parece não ter abandonado o personagem que criou em seu programa de televisão. No reality show “O Aprendiz”, ele se projetava como um chefe implacável, que avaliava candidatos em tarefas de gestão e marketing, sempre com a autoridade final sobre quem ficava ou saía. O momento mais esperado era a sala de reuniões, quando ele, sem titubear, encerrava o episódio com seu bordão: “You’re fired!”. A frase virou marca de sua personalidade pública — dura, direta e, acima de tudo, autoritária.

Agora, a diferença é que esse estilo teatral e punitivo foi transportado para o coração da política econômica mundial. Trump resolveu brincar de O Aprendiz no comando do Federal Reserve, mirando a governadora Lisa Cook como seu novo “alvo” de demissão. O motivo oficial? Alegações frágeis de fraude em hipotecas antigas, anteriores ao cargo. O verdadeiro objetivo? Trocar uma voz mais cautelosa dentro do comitê por alguém disposto a votar a favor de cortes imediatos de juros.

O problema é que esse gesto vai muito além de uma encenação para a plateia política. A independência do Fed é um dos pilares de credibilidade do sistema financeiro americano. Desde sua criação, os mandatos longos e protegidos foram pensados justamente para blindar decisões monetárias contra pressões políticas de curto prazo. Se um presidente puder remover governadores sem provas consistentes, apenas por conveniência, o mercado perde a confiança na neutralidade do banco central.

No limite, o efeito pode ser o oposto do desejado: os juros de longo prazo podem subir, refletindo o temor de inflação futura e a perda de confiança no dólar, mesmo que o Fed queira afrouxar sua política. Foi exatamente o que se observou após o anúncio: os rendimentos dos títulos de 30 anos começaram a subir, sinalizando que investidores já percebem risco de manipulação política.

É importante lembrar como o comitê realmente funciona. São 12 membros votantes: sete governadores indicados pelo presidente e confirmados pelo Senado, o presidente do Fed de Nova York e quatro presidentes regionais escolhidos em regime de rodízio. A substituição de Lisa Cook, sozinha, não mudaria o rumo das decisões, mas cria constrangimento e pressiona os demais membros. Trump parece apostar nesse clima de intimidação para impor sua agenda.

A analogia com a vida real é inevitável. Ao longo da minha carreira, tive de lidar com momentos de demissão — e posso afirmar que são situações delicadas, carregadas de peso humano. Diferente do palco de um reality show, não há prazer em dizer a alguém que perdeu o emprego. Na prática, é um processo doloroso para os dois lados. Mas Trump parece extrair energia desse ato, como se reforçasse sua imagem de dominador. E agora, ao aplicar esse método à política monetária, a consequência pode ser desastrosa não apenas para os demitidos, mas para a confiança global nos Estados Unidos.

No fim, a tentativa de transformar o Federal Reserve em uma extensão de um programa de TV não apenas enfraquece a instituição, mas lança dúvidas sobre a própria estabilidade econômica. Como alerta a Bloomberg, se a percepção de ingerência política aumentar, será necessário o Fed endurecer ainda mais sua política no futuro para recuperar credibilidade.

Trump pode até gostar de repetir “You’re fired!”, mas o preço desse espetáculo pode ser pago por todos: com juros mais altos, inflação descontrolada e um dólar menos confiável. Na televisão, o bordão rendia audiência. No governo, pode custar caro ao mundo inteiro.


Análise Técnica

No post “a-narrativa-e-realidade” fiz os seguintes comentários sobre o IBOVESPA: “No retângulo destacado, só é possível contar 3 ondas. Isso pode ser positivo, já que, se o mercado retomar a alta, o movimento terá caráter corretivo. Por outro lado, é preocupante se houver queda abaixo dos 134 mil pontos”. Na última segunda-feira acrescentei: “Hoje, a bolsa brasileira emitiu um sinal positivo que pode justificar uma entrada. Pessoalmente, aguardaria uma retração para a faixa de 137 mil pontos, com stop loss em 134,8 mil”.


Quem seguiu minha recomendação conseguiu comprar ontem. Como destaquei no gráfico abaixo seria esperado que a bolsa rumasse no sentido destacado, superando a marca de 139 mil – importante frisar que a onda 4 azul pode “perder” tempo nessa região, mesmo um pouco abaixo do nível atual, até que complete a onda 5 azul. Quem não pegou essa alta (eu!) ainda terá a chance na retração depois de completada essa sequência.


– Puxa David, agora que surgiu uma oportunidade na Bovespa, o que segundo você é uma raridade, vai estar numa boa e a gente sofrendo. O que devo fazer?

Tem razão, ainda não se pode abrir a champagne. Vou tentar deixar os parâmetros que devem ser seguidos. Primeiro, antes de tudo, precisamos das 5 ondas; se por acaso a bolsa der meia volta antes disso, temos um problema, e é provável que a correção continue.

Vamos em frente. Não sei onde essa onda 5 azul pode terminar, sendo assim, não posso calcular até onde pode retrair, mas posso afirmar que não pode ultrapassar de jeito nenhum os 134 mil. Um “chute” diria que deve ficar entre 137,5 mil e 136,4 mil, e quanto mais elevado for a onda 5 azul, mais para cima terá que reajustar esse intervalo.

Terminando todas essas lições de casa, na sequência a bolsa deve subir com mais ímpeto e provavelmente eu estarei de volta.

Para terminar, só falta combinar com os russos (que virou menção ruim ultimamente)! Hahaha.

O S&P 500 fechou a 6.481, com alta de 0,24%; o USDBRL a R$ 5,4164, com queda de 0,26%; o EURUSD a € 1,1635, sem variação; e o ouro a U$ 3.394, sem variação.

Fique ligado!

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