Conta de padeiro #OURO #GOLD #EURUSD
Há momentos em que uma simples conta feita de cabeça explica mais sobre o mundo do que pilhas de relatórios. Ontem, depois de ler as discussões sobre a sustentabilidade dos investimentos em inteligência artificial, decidi fazer a minha.
Essa hipótese ficou ainda mais interessante com o anúncio do acordo entre a Walmart e a OpenAI, que permitirá aos usuários do ChatGPT realizar compras diretamente no aplicativo. A partir daí, o que parecia um chatbot ganha contornos de ecossistema: o consumidor conversa, consulta e compra — tudo em um mesmo ambiente. Se outras empresas seguirem o mesmo caminho, estamos diante do nascimento de uma plataforma comercial integrada. A Amazon, que sempre jogou sozinha nesse terreno, agora tem motivo para olhar de lado.
Um mercado em consolidação
A história da tecnologia mostra que, quando o mercado amadurece, o número de competidores tende a despencar. A Goldman Sachs, em relatório recente, sugere que os investimentos em IA não são excessivos. Segundo o banco, boa parte do capital aplicado está sendo direcionada à criação de produtividade estrutural, e não apenas à especulação. O relatório também prevê que o crescimento potencial da economia americana pode se sustentar acima de 2% ao ano, graças à difusão dessas tecnologias.
Essa leitura vai na direção contrária do ceticismo que tomou conta dos analistas nas últimas semanas. O argumento central é que os gastos com IA — embora gigantescos — são proporcionais à transformação em curso. É como erguer uma nova infraestrutura digital que sustente a próxima etapa de crescimento da economia global.
Concordo com a Goldman em um ponto essencial: não vão sobrar muitas empresas. As que tiverem escala, dados e poder de processamento sobreviverão. As demais, provavelmente, sucumbirão. Eu mesmo testei outras plataformas — inclusive o Grok —, mas acabei voltando ao ChatGPT, que hoje oferece desempenho superior e integração mais ampla com outras ferramentas. Em tecnologia, eficiência e adaptação contam mais que glamour.
A lógica das grandes apostas
O caso do ChatGPT é exemplar. Um negócio que começou como uma curiosidade
acadêmica está se transformando em um dos ativos mais poderosos do planeta. A
ideia de que Sam Altman — seu criador — também faz as suas “contas de padeiro”
não é descabida. Só que as dele são baseadas em bilhões de linhas de dados e na
expectativa de dominar a interface entre consumo, informação e decisão.
A integração com o varejo, os serviços de voz, os assistentes autônomos e o
acesso a dados financeiros criam um círculo virtuoso de receitas recorrentes. A
conta que eu fiz, ainda que grosseira, serve apenas para ilustrar a dimensão do
fenômeno: se uma fração dessas parcerias se concretizar, a OpenAI poderá gerar
um fluxo de caixa comparável ao das maiores empresas do mundo.
O curioso é que, enquanto muitos analistas se preocupam com o custo da IA,
poucos se detêm sobre o retorno incremental de produtividade. A automação das
tarefas cognitivas reduz custos operacionais, acelera decisões e multiplica a
capacidade de análise. Isso não é uma promessa distante — já está acontecendo.
O ciclo de confiança
O relatório da Goldman Sachs, que citei acima, ecoa algo que o mercado parece
ter esquecido: o investimento em inovação raramente é linear. Primeiro, vem o
ceticismo; depois, o exagero; e, por fim, a maturação. A IA está justamente
entre as duas primeiras fases. Há quem tema uma bolha e há quem veja uma
revolução.
Mas o equilíbrio está no meio: a revolução existe, e a bolha também. O que separa as duas é o tempo. O mesmo investimento que parece caro hoje será lembrado, em alguns anos, como o alicerce de uma nova fronteira tecnológica.
A diferença entre um delírio coletivo e uma visão de futuro está na capacidade de execução. E é isso que o mercado começa a entender. O capital vai migrando silenciosamente para as mãos de poucos players, aqueles que têm não apenas o produto, mas o ecossistema. É o caso da OpenAI, que começa a se posicionar como infraestrutura de inteligência, e não apenas como aplicativo.
Um otimismo calculado
Se há algo que a conta de padeiro revela, é que a escala altera tudo. Uma empresa que cobra 20 dólares por mês e tem centenas de milhões de usuários não é mais uma startup: é uma engrenagem global. Isso explica por que tantos bancos e fundos, antes céticos, começam a revisar suas projeções.
A IA, longe de ser um experimento caro, está se tornando o novo denominador comum da produtividade. Ela redefine o conceito de “empresa de tecnologia” e começa a invadir setores que jamais imaginaram depender dela. Do varejo à agricultura, do transporte à medicina, o código está se tornando o novo motor da economia.
Conclusão
Uma boa conta de padeiro nem sempre acerta nos centavos, mas ajuda a enxergar o rumo. A inteligência artificial não é um modismo passageiro — é a nova infraestrutura sobre a qual o mundo digital se reconstruirá.
É natural haver exageros, mas também é certo que, para cada dólar gasto hoje, há uma aposta em um retorno que ainda não cabe nas planilhas. A diferença entre os que prosperarão e os que desaparecerão está justamente aí: na coragem de calcular o futuro antes que ele aconteça.
Análise Técnica
No post *“o-termômetro-ainda-e-o-dólar-ouro-gold” fiz os seguintes comentários sobre o
ouro: “É sabido que as ondas 5 em commodities, diferente de outros ativos,
costumam ser estendidas. Como podem ver, e segundo minha contagem, o ouro já
está nas máximas segundo os critérios de medida (retângulos na cor amarela),
por outro lado, nenhum sinal de virada nos preços.”
E nada dos preços pararem: o movimento parece parabólico, desafiando qualquer contagem. Eu, por exemplo, acabei refazendo a minha, e como podem ver no gráfico abaixo, ela já foi ultrapassada. Onde vai parar? Não sei, mas não entro nesse *oba-oba* motivado por receios e não por fatos. A onda 4 amarela, quando acontecer, deve levar o metal para a casa dos US$ 3.000 — uma queda superior a 30%. Somente lá pretendo comprar; vender, nem pensar.
Em relação ao euro, comentei: “É possível se contar 5 ondas no gráfico abaixo de forma ‘leading diagonal’. Não se pode saber se essa onda já terminou. Diferentemente do que o ouro (se espera que andem na mesma direção), a confusão na França ajudou a empurrar para baixo a moeda única. Nesse caso, uma retração é esperada dentro da elipse contemplando os limites € 1,1687 / € 1,1731 / € 1,1775.”
O euro está se recuperando dentro do esperado. O primeiro nível está quase sendo atingido, mas, como mostra a coloração azul, não é o cenário mais provável. Importante frisar que, segundo minha contagem, estamos dentro de uma macrocorreção e, como tal, não adianta projetar objetivos de longo prazo — um passo de cada vez.
O S&P 500 fechou a 6.629, com queda de 0,63%; o USDBRL a R$ 5,4442, com queda de 0,20%; o EURUSD a € 1,1689, com alta de 0,36%; e o ouro a U$ 4.316, com alta de 2,60%.
Fique ligado!
Fala meu querido. Gostei muito texto e da análise. Sobre o GPT, acredito que vá acontecer como na bolha.com. Descoberta, eufória, medo e adaptação. Estamos na segunda fase... Se, a open ai não abriu capital ainda. Significa que tem muito dinheiro de governo no meio... Sobre o ouro, comprei em dezembro no ano passado. Nem olhei gráfico, analisei sentimento no google trends. Valeu demais pelas ideias!
ResponderExcluirGoogle tem planos a partir de 25 reais pro Gemini. Já parte de uma base de bilhões de usuários de suas ferramentas. A briga vai ser grande.
ResponderExcluirEu concordo, até mesmo porque o GPT "ameaça" o ecosistema do google. Imagina, você organiza toda a informação da internet. Vem um jovemzinho e quer centralizar tudo o que construiu por anos. Barato não vai ficar.
ExcluirBriga de cachorro grande. Interessante sobre o Gemini eu tentei usar a versão gratuita e achei pobre, desisti.
ResponderExcluirAs atualizações são constantes. Eu uso o notebooklm mais que o Gemini, inclusive.
ExcluirParabéns pelo ouro. Eu me culpo de não ter aproveitado esse movimento que entrou numa vertical. Acho que fiquei muito fixado na bolsa. Você deve ter percebido que estou publicando semanalmente e pretendo continuar. Acontece, mas não gosto!
ResponderExcluirMuito obrigado meu amigo. Cara, hoje em dia eu fico de olho no macro. Ás vezes um elefante passa voando na nossa frente e não vemos. Errei no passado e agora entendi que posso investir com toda calma e paciência do mundo. Meu foco mesmo é aproveitar as crises. Eu nem conhecia seu blog na verdade, mas não cosnegui parar de ler o que escreve. Siga em frente, dois posts por mês é melhor que zero. Eu sigo o Viver de dividendos e vim parar aqui. Também tenho um blog que fala de finanças. Vou estar por aqui lendo suas ideias agora.
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