Apple: de frente com a realidade



Desde 2012, o Mosca vem advogando que a Apple não poderia continuar com sua escalada crescente de altas, em suas ações. Fiz vários posts com argumentos que me levavam a essa conclusão, que podem ser pesquisados pelos leitores no site, através da palavra “Apple” na parte superior do lado esquerdo.


De forma resumida, os dois principais argumentos era a morte de seu visionário fundador Steve Jobs, e as altas margens de lucros em seu principal produto, o IPhone. Eu estava errado, e tanto faz se essas ideias acontecem agora, pois durante mais de 5 anos, suas ações só subiram.

Se eu me baseasse em análise fundamentalista estaria quebrado, mas ao utilizar análise técnica me permitiu não persistir no erro. Não acompanho ações individuais no Mosca, mas certamente teria comprado em algumas ocasiões.

Na última semana, um aviso de queda nas previsões de vendas de seu carro chefe, fizeram com que as ações da Apple tivessem queda expressiva. Na verdade, esse movimento vem ocorrendo há alguns meses, conforme se pode notar no gráfico a seguir.  Essa queda foi de 38%.


A Bloomberg preparou uma matéria sobre essa empresa que compartilho em parte, a seguir.

A narrativa otimista sobre os negócios do iPhone da Apple está desmoronando diante de nossos olhos.

Na quarta-feira reduziu drasticamente sua previsão de receita para o primeiro trimestre fiscal que terminou em dezembro. A Apple culpou uma economia em desaceleração na China e a disputa comercial com os EUA. A empresa informou que a receita do primeiro trimestre deve cair cerca de 5 % ante o ano anterior.


Mas isso não foi tudo. Em uma carta extraordinária aos investidores, o CEO Tim Cook também disse aos acionistas o que ele deveria estar dizendo há anos: os negócios de iPhone da empresa mudaram devido às mudanças no mercado de smartphones e ao comportamento do consumidor. Isso deveria ser absolutamente previsível para qualquer um que conseguisse analisar fora da bolha da Apple. Os executivos falharam em seu dever de alertar os investidores com antecedência sobre tudo isso, e a realidade está finalmente, e de uma só vez, alcançando a Apple.


Em sua carta, Cook disse que em alguns mercados estabelecidos fora da China, o iPhone "as vendas também não eram tão fortes quanto pensávamos que seriam". Outros fatores também pesaram como a fraqueza econômica em alguns países, como pessoas que mantêm smartphones por mais tempo.

Cook disse há dois meses que os negócios da Apple na China eram "muito fortes", mesmo em meio a sinais de desaceleração econômica e meses de manchetes sobre as tensões comerciais com os EUA. Ele disse consistentemente aos investidores que achava que os EUA e a China resolveriam suas disputas comerciais de forma amigável. Não deu indicações de que os consumidores estivessem no limite ou relutassem em fazer compras por causa da briga geopolítica. É possível que os últimos dois meses de circunstâncias econômicas na China, em Taiwan e em Hong Kong tenham apanhado a Apple de surpresa, mas os executivos não deram importância aos sinais de alerta na região.

As possíveis condições na China mudaram rapidamente, mas as tendências mais amplas na atividade dos smartphones não são novas. Por que Cook não fez essas admissões antes?

As empresas de telefonia nos EUA e em alguns outros grandes mercados de smartphones tentam há anos parar de oferecer iPhones a um preço artificialmente baixo de US $ 200, como fizeram nos primeiros dias do iPhone. Esse fator - além de mudanças menos drásticas no modelo do iPhone ou de outros smartphones a cada ano, e o aumento dos preços de alguns dispositivos novos - levou as pessoas nos EUA a manterem seus smartphones por mais de três anos, em média, comparado aos cerca de dois anos em 2014.


A empresa de pesquisa IDC estima que as vendas globais de smartphones tenham diminuído ligeiramente em 2018, como ocorreu em 2017. A Apple pareceu desafiar a tendência do smartphone por um longo tempo, mas não o fez. No ano fiscal da Apple, que termina em setembro, a empresa mal vendeu mais iPhones do que no ano anterior. A receita aumentou porque a Apple cobrava um preço super-premium pelo iPhone X e outros novos modelos - e os seguidores da Apple pagavam os preços mais altos. Mas há um limite para quantas pessoas estão dispostas a pagar US $ 1.000 por um novo telefone, e parece que a Apple atingiu esse limite de uma só vez.

Isso não quer dizer que os negócios da Apple estão desmoronando. Ainda está gerando níveis de receita e fluxo de caixa que invejam o mundo corporativo. Mas a Apple falhou na primeira missão de ser uma empresa pública: ser honesto com os investidores sobre seus negócios. A empresa simplesmente negou a realidade que estava encarando, até que a negação não era mais uma opção.

Se vocês notam, o principal motivo desse recuo se deve as margens exorbitantes alocadas aos IPhones, porém parece que agora, os consumidores não estão dispostos a pagar esse preço. Para quem segue o Mosca sabe que eu não uso aparelho dessa marca, os motivos relatei no passado. Não me arrependo. Noto que existe uma inercia entre os apaixonados pela marca, que não lhes permite perceber que a exclusividade da Apple, apresentada no passado, acabou. Basta ver em sua última série, a semelhança do IPhone ao Samsung S9, lançado meses antes.

Mas parece que essa leniência está terminando, ou pelo menos colocada em cheque. Daqui em diante, acredito que a Apple estará mais a caminho do que eu mencionei no passado, a de que, seus dias gloriosos vendendo uma commodity cool é suficiente para cobrar qualquer preço.

Estou cancelando o trade pendente de venda do dólar a R$ 3,97. Por muito pouco, não fomos executados. O motivo é que as condições mudaram e caso se queria vender, é necessário aceitar um nível mais baixo. Como ainda não estou acompanhando os mercados com mais diligência prefiro não sugerir o trade, mas parece que uma venda a R$ 3,78/3,80 seria aconselhável. O objetivo de R$ 3,50/3,55 fica agora mais factível. Se alguém quiser se envolver, não acho mal. O stoploss pode ficar ao redor de R$ 3,85.

Fique ligado!

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