Inflação: Coisa do passado
Minha formação no mercado financeiro ocorreu quando a
inflação era um problema mundial. Nos EUA, ao final da década de 70, chegou a
ultrapassar os dois dígitos. No Brasil nem se fala, convivi perto da
hiperinflação em algumas ocasiões. Essa foi minha experiência, que me ensinou
ficar sempre alerta com esse indicador.
Mas a realidade dos últimos tempos fez com que eu mudasse
meu comportamento – será mesmo? Honestamente não sei dizer, mas consigo navegar
no mundo atual sem inflação, afinal para alguém que passou de fundamentalista para
grafista, todo o resto é tranquilo! Hahaha ...
Hoje em dia, somente países com governos autoritários ainda convivem
com problemas graves de inflação. O exemplo mais obvio é a Venezuela, onde o
Presidente Maduro, que nem podre é, pois até os urubus sem afastaram, está
em hiperinflação crônica. O gráfico a seguir de café com leche, que serve de parâmetro de comparação, subiu 6.000%
somente no último ano.
Mas no resto do mundo, a inflação é praticamente
inexistente. Por exemplo, hoje foi publicado o CPI americano. Excluindo
alimentos e energia, o índice de preços ao consumidor subiu 2,2% em relação ao
mesmo período do ano passado, e aumentou 0,2% em relação a novembro. O CPI mais
amplo arrefeceu para uma alta anual de 1,9 % e caiu 0,1 % em relação ao mês
anterior, em função da queda dos preços de combustíveis.
Os dados sugerem que a inflação está contida em torno da
meta do Fed, com preços sustentados pelo aumento constante dos salários e uma
guerra tarifária com a China.
Mas não é só isto, observem com detalhe o gráfico acima e veja
como a inflação que exclui gasolina e alimentos se mantem estável desde 2013.
Para os analistas, sempre existirá explicações do porquê num determinado mês ficou acima ou abaixo. Mas a verdade é que não tem inflação.
Hoje também foi publicado o IPCA de dezembro que registrou
uma variação de 0,15% no mês, acima das expectativas dos analistas de 0,12% -
Uallll que diferença! A taxa de 2018 ficou em 3,75%, abaixo da meta
estabelecida pelo BCB.
Os relatórios de inflação brasileiros são mais extensos que
o de outros países. Sinto que existe uma necessidade de pontuar setor por
setor, subgrupo por subgrupo, como se buscasse uma explicação temporal para a
inflação baixa. Mas acredito que com o passar do tempo, os analistas irão
observar dois itens: preços livres e índice de difusão. O primeiro subiu de
2,89% para 2,90% (Ualllll.....), e o segundo, de 55,6% para 55,9% ( Uallll ao
quadrado! Hahaha ...).
Os seguidores do Mosca
sabem do meu ceticismo em relação a inflação. De certa forma, fui até irônico quando
há alguns meses, era quase consenso que a taxa SELIC deveria subir em 2019, e
eu advogava que existia a chance da mesma diminuir.
Previsões de 8% a 9%, era a tônica dos bancos. O Mosca indicava que investir em prefixado
era um ótimo risco. Agora noto uma mudança, e os níveis para a SELIC passaram
para 7%. A Rosenberg trabalha com manutenção em 6,5% e uma inflação de 4% para
2019.
Os leitores podem achar que eu odeio inflação. Engano, era
tão bom antes! Mas como o compromisso é com o bolso, temos que nos adaptar a
esses novos tempos.
Mas o que será que está acontecendo? Nem o livro texto de
economia funciona? Por exemplo, qualquer livro mediando dessa matéria diz que,
quando a taxa de desemprego cai muito, a inflação tende a subir. A taxa de
desemprego nos EUA está em 3,7%, e se isso não é pleno emprego, não sei mais o
que poderia ser. Agora notem como a correlação dessa variável se alterou nos últimos
tempos. Poderia afirmar, sem muito medo de errar, que não existe correlação
pois 0,26 é quase nada!
Não vou repetir os argumentos que todo mundo já sabe: China,
tecnologia e “Ubers” como as principais causas para a não inflação. Pode bem ser,
mas será que nunca mais teremos uma inflaçãozinha de 10% a.a.? Hahaha ...
Tenho escrito as sextas-feiras neste período de férias. Coincidência?
Não sei, mas nas ultimas três houveram assunto para tanto. O Mosca retorna à publicação diária no dia 21/01, até lá, será de forma
discreta.
Fique ligado!
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