Do lado errado do Hemisfério



Não é só o Brasil que vem apresentando crescimento econômico baixo, para dizer a verdade, muito baixo. Seria de se supor que, uma economia do tamanho da brasileira e considerada como mercado emergente, nosso crescimento deveria ser bem maior.

Um estudo elaborado pelo FMI aponta que essa situação de baixo crescimento, acontece em toda a América Latina, levando a pensar que o problema pode ser outro.

O enfraquecimento da economia global e a crescente incerteza política estão contribuindo para desacelerar o ímpeto de crescimento da América Latina. No geral, a região deverá avançar 2% em 2019 e 2,5% em 2020 - ainda bem abaixo dos países pares em outras regiões.

O aperto das condições financeiras globais e os baixos preços das commodities provocados pelas tensões comerciais entre os EUA e a China, contribuíram para a desaceleração da região. Além disso, a política monetária foi reforçada em algumas economias para conter as pressões inflacionárias decorrentes, em parte, da desvalorização cambial, que amorteceu ainda mais o crescimento.



Olhando para a política fiscal - que também se tornou menos acomodatícia - cerca de metade das economias da região reduziram seus déficits primários como percentual do PIB em 2018. Mas isso não foi suficiente para colocar a dívida pública em uma trajetória descendente - com exceção da Argentina.

Incerteza política obscurece as perspectivas

Após uma série de eleições altamente antecipadas em toda a América Latina, a incerteza política em algumas das maiores economias da região aumentou - pesando sobre as perspectivas.

Por exemplo, no México, a suspensão de um projeto de construção de aeroportos e o retrocesso em reformas de energia e educação aumentaram a incerteza política no país. No Brasil, um Congresso fragmentado poderia criar obstáculos para a implementação da ambiciosa agenda de reformas estruturais, consolidação fiscal e reforma previdenciária.

A incerteza política continuada pode desencorajar investimentos futuros e prejudicar as perspectivas de crescimento para a região.

Riscos: globais e domésticos

Vários riscos podem prejudicar ainda mais as perspectivas para a América Latina e o Caribe. Por exemplo, a escalada das tensões comerciais entre a China e os Estados Unidos, ou uma desaceleração em algumas economias importantes, poderia resultar em um menor crescimento do comércio para a região.

A região também sofreria se as condições financeiras globais se tornassem ainda mais rígidas - incluindo picos na volatilidade financeira global, maiores taxas de juros dos EUA e um dólar americano mais forte.

Além disso, uma maior volatilidade nos mercados globais poderia resultar em menos capital fluindo para a região - potencialmente prejudicando o potencial de investimento.



Os riscos domésticos incluem menor confiança devido à incerteza política no Brasil e no México, e incerteza relacionada à eleição na Argentina.

No Brasil, o sentimento do mercado pode se deteriorar com a falta de progresso nas reformas do sistema previdenciário ou na consolidação fiscal. A confiança dos empresários mexicanos pode ser prejudicada se o papel do setor público na economia se expandir, se a posição fiscal se deteriorar ou se houver retrocessos no novo pacto comercial com os Estados Unidos e o Canadá. Na Argentina, as próximas eleições gerais em 2019 poderiam reduzir o apetite da reforma.

Políticas para apoiar a expansão

À medida que a economia global desacelera, a estreita janela de oportunidades na região para concluir as reformas - a fixação do teto metafórico - está se fechando.

A redução da dívida e do déficit terá que continuar em vários países para garantir a sustentabilidade da dívida. Essas políticas devem minimizar os efeitos adversos sobre a atividade econômica e a pobreza, inclusive protegendo o investimento em infraestrutura e o gasto social bem direcionado, ao mesmo tempo em que cortam os gastos não prioritários.

Além disso, a política monetária precisará administrar o trade-off entre apoiar o crescimento e manter as expectativas de inflação ancoradas em face da depreciação cambial e dos preços voláteis das commodities. Manter a flexibilidade da taxa de câmbio é fundamental para resistir a choques.

América do Sul e México

Na Argentina, a economia entrou em recessão em 2018. Enquanto uma severa seca reduziu significativamente a produção agrícola e as exportações, a forte desvalorização do peso em meados de 2018 alimentou a inflação, reduzindo a renda disponível e a confiança do investidor. O plano de estabilização do governo, baseado em políticas monetárias e fiscais revistas e fortalecidas, ajudou a reduzir a turbulência financeira e estabilizou a taxa de câmbio. A inflação e as expectativas de inflação estão em trajetória descendente desde outubro, e devem continuar em queda lenta em 2019. Isso deve permitir uma queda gradual nas taxas de juros, que junto com salários reais mais altos e exportações mais fortes devem provocar uma recuperação de atividade econômica a partir do segundo trimestre de 2019.

O Brasil deverá crescer mais de 2% em 2019-20 pela primeira vez desde 2013. A agenda reformista favorável ao mercado do novo governo ajudou a aumentar a confiança dos empresários e a melhorar as perspectivas de crescimento no curto prazo. As principais prioridades políticas são reformar o sistema de pensões e reduzir o déficit orçamentário para garantir a sustentabilidade da dívida pública.

O crescimento no Chile continuará forte em 2019-20, liderado pelo consumo privado robusto e pelo investimento dinâmico. Espera-se que a normalização da política monetária, iniciada em outubro de 2018, prossiga gradualmente. Acreditar num estreitamento moderado do déficit estrutural, orientado pelas metas fiscais anunciadas. A implementação da agenda de reformas estruturais das autoridades conduziria a perspectivas de crescimento mais favoráveis.

Na Venezuela, a crise econômica e humanitária continuou. Prevê-se que o PIB real diminua ainda mais em 2019, elevando o declínio acumulado desde 2013 para mais de 50% - impulsionado pela queda da produção de petróleo e pelo agravamento das condições do setor não petrolífero. A hiperinflação e a migração externa também deverão se intensificar em 2019. Os desenvolvimentos políticos em evolução acrescentam outra camada de incerteza às perspectivas do país.

No México, a perspectiva continua obscurecida pela incerteza. As projeções de crescimento para 2019 e 2020 foram revisadas para 2,1 e 2,2%, respectivamente, devido ao momento de crescimento mais fraco em 2018, incerteza em relação às políticas do novo governo e condições monetárias e financeiras mais apertadas do que o esperado. A implementação rigorosa do orçamento prudente de 2019, que busca manter o superávit primário em 1% do PIB, será crucial para demonstrar o compromisso do novo governo com a responsabilidade fiscal e a redução contínua do índice da dívida pública. O avanço de reformas estruturais muito necessárias pode impulsionar o crescimento potencial a médio prazo.

Mas quais seriam os motivos fundamentais que fazem com que essas economias não crescem como no passado? No entender do Mosca é o efeito China. Quem dos leitores não conhece um empresário que se queixa da concorrência dos chineses? Acredito que a grande maioria. E as diferenças de preços entre os produtos aqui produzidos e os importados é de 50%, como é possível competir? Além disso, governos com políticas erradas buscam proteger os mercados criando alíquotas elevadas ou dificuldades na importação de produtos, que acaba acomodando esses empresários.

Mas a conta bate em algum dia, e quanto mais demora o ajuste, mais difícil é corrigir. A ineficiência aumenta e empurra a economia para produtos de baixo valor agregado como as commodities, perpetuando essa situação de industrias obsoletas com baixa produtividade.

No post euro-sem-destino, fiz os seguintes comentários sobre o euro: ...” ao tentar romper a linha vermelha, o mercado retrocedeu. Em algum momento esse triangulo será rompido, o que não sabemos se será desta vez (1). Em todo caso, se isso acontecer, o euro poderá atingir € 1,40 ou até acima disso” ... ...” Mas se a linha for respeitada e ao atingir a marca de € 1,28 o euro dá meia volta (2), o nível de € 1,10 poderá ser revisitado” ....



Essa é uma visão de longo prazo para a moeda única que ainda não indica uma direção mais clara, levando alguns leitores a ironizar “se não cair pode subir”. Esse tipo de observação ouvi inúmeras vezes, e não por causa disso, mudei a forma de atualizar minhas previsões. O que nãi fica explicito para essas pessoas, e que para cenário existe uma probabilidade, e quando não são muito diferentes de um 50/50, tenho a obrigação de alertar para essas possibilidades. Tudo isso, é mais factível acontecer em correções, num mercado direcional tudo fica melhor.

Outra importante mudança que ocorreu nos últimos anos, é a dramática queda na volatilidade das moedas. Com exceção de alguns spikes, no gráfico a seguir se tem uma boa ideia sobre esse fenômeno.




Como não tem com quem reclamar, temos que aceitar esse fato, e trabalhar nessas condições.

No curto prazo, a situação do euro continua bastante indefinida. Imagino que ainda existe a possibilidade de queda para níveis ao redor de 1,06, porém, não saberia dizer se já estamos no caminho ou ainda uma pequena alta deve ocorrer.


Na primeira hipótese, o euro deveria subir até 1,17 - 1,185 (é possível que a alta se estenda até 1,20), para em seguida voltar a cair – em verde; na outra em vermelho, a queda já estaria em curso.

Mas como se posicionar? Fixaria os níveis de 1,12 e 1,155 como delimitadores entre elas, ou seja, acima de 1,155 vale o verde, abaixo de 1,12 o vermelho. Não é roleta! Hahaha ...

Existe também uma possibilidade que considero de chance menor, a de que o movimento mais consistente de alta esteja em curso. Nesse caso, acima de 1,20, as chances aumentam, só aumentam!

E como se posicionar? Não fazendo nada!

O SP500 fechou a 2.639, com queda de 0,15%; o USDBRL a R$ 3,7203, com queda de 1,09%; o EURUSD a 1,1433, sem variação; e o ouro a U$ 1.311, com alta de 0,61%.

Fique ligado!

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