O grande temor
Na semana passada encerrou-se o tradicional encontro de
empresários e líderes mundiais reunidos em Davos. Além do restaurante oferecer
o hot dog mais caro do mundo –U$ 43, a falta de diversos líderes mundiais, qual
seria uma das principais discussões desse evento.
Quão preocupado devemos estar com relação à inteligência
artificial?
A inteligência artificial (IA) substituiu o blockchain como
a grande conversa para os executivos, perdendo apenas para o comércio entre os
Estados Unidos e a China. Houve 11 sessões públicas sobre IA, a maior em
relação a qualquer outro tópico. Oitenta e cincos por cento dos
diretores-executivos responderam que o aprendizado de IA e de máquinas, a
partir de grandes conjuntos de dados, mudaria drasticamente seus negócios nos
próximos cinco anos, de acordo com um relatório da PwC. Mas, quando perguntados
se a IA substituirá mais empregos do que cria, os CEOs ficaram divididos: 49%
acham que sim, 41% não, e 10% não sabem.
Se a China estava a caminho de superar os EUA no
desenvolvimento da IA também foi um grande debate. O CEO da Blackstone, Steve
Schwarzman, acha que é provável.
Uma das discussões mais animadas foi uma sessão a portas
fechadas sobre a ética de IA nos serviços financeiros. Debateu-se uma
estrutura para que as decisões tomadas pela IA sejam explicáveis, transparentes
e justas para os consumidores. Embora houvesse amplo consenso sobre os
princípios, havia menos detalhes. Um professor argumentou que a IA
provavelmente deveria ser mantida em um padrão ainda mais alto que os humanos,
pois essas ferramentas geralmente aprendem a partir de conjuntos de dados
incompletos ou tendenciosos, ou porque quando as coisas dão errado, o tamanho e
o impacto podem ser catastróficos.
O humor pessimista deste ano pode ser um bom sinal, já que o
consenso de Davos tende a ser um indicador contrário bastante confiável. Mas
também reflete vulnerabilidades genuínas. Um CEO de um banco dos EUA disse que
não conseguia identificar nada de preocupante na atividade de seus clientes,
que sugerisse uma desaceleração significativa; no entanto, ele achava que havia
uma chance ainda de recessão em 2020.
No evento de 2017 se podia concluir que, investir em
mercados ocidentais pode começar a ter mais em comum com investimentos em
mercados emergentes, onde é necessário um foco aguçado nos riscos do país,
economia política, políticas comerciais e volatilidade cambial.
Se estamos investindo em um mundo mais “incerto”, então o
kit de ferramentas de mercados emergentes, juntamente com um entendimento de
como a tecnologia está reformulando sociedades e mercados, ainda pode ser um
guia útil.
O tema sobre IA artificial ainda é bastante polêmico.
Acredito que sua recente introdução nos negócios não foi suficiente para se
obter uma conclusão mais firme, principalmente se será um detrator de empregos.
Eu participei de um evento no ano passado apresentada pelo
JP Morgan, onde um dos painéis era sobre esse tema. Fiquei com a impressão de
que é um ferramental de pesquisa em bancos de dados, que são imensos
atualmente. A palestrante deu um exemplo simples; hoje em dia a quantidade de
fotos na nossa biblioteca do smartphone, multiplicou-se de forma exponencial.
Quando desejamos encontrar uma que temos em mente, o tempo necessário para
encontrar e grande, se é que, se consegue encontrar. A IA entra como uma
ferramenta que encontraria qualquer foto instantaneamente.
Agora, não sou especialista no assunto, nem imagino que pesquisa
em banco de dados, seja sua única utilização. Nos próximos anos saberemos essa
resposta, pelo bem, ou pelo mal.
A reunião do Fomc termina daqui algumas horas, e o mercado
está curioso em saber se haverá mudanças importantes em relação a última
reunião. Especial atenção será dada aos dot’s, projeções dos juros elaboradas
pelos membros votantes. Alguns resultados recentes podem causar uma certa
preocupação sobre a robustez da economia americana. O gráfico a seguir é um indicador de vendas na
mesma loja em bases anuais. Embora o recuo foi expressivo, uma porção cada vez
maior de produtos é vendida on-line.
O próximo é uma amostra da reavaliação de crescimento do PIB,
efetuada pelos principais bancos americanos. Neste dado, também existe o
impacto ocasionado pela queda de braço entre Trump e o Congresso.
Com o tombo das ações da Vale ocorrida na segunda-feira,
torna-se importante revisitar as projeções do Ibovespa. No post Europa-esqueceram-de-mim-ainda-bem, Fiz os seguintes comentários sobre a bolsa: ...” Conforme
apontado no gráfico, um objetivo de 97 mil está bastante próximo, e esse
poderia ser um ponto de inflexão. Se ultrapassado, a região compreendida entre
105 mil e 110 mil deveria ganhar a atenção” ...
Na última quinta-feira, o Ibovespa atingiu a máxima de
97,600, tudo indicava que na abertura de segunda-feira, ocorreria uma continuação
do movimento. Porém, na sexta-feira, ocorreu o desastre em Brumadinho. O
impacto no primeiro pregão foi de mais de 2%, com as ações da Vale despencando
mais de 20%.
Do ponto de vista técnico nada de grave aconteceu, desde
que, alguns níveis não sejam atingidos. Em situações como essa, é interessante
avaliar períodos mais curtos, que em conjunto com os mais longos, podem
oferecer melhores parâmetros.
O gráfico a seguir foi construído com um período de
avaliação de 4 horas. Nele alguns sinais de alerta surgiram, que passo a
elencar:
O movimento traçado pela bolsa (mesmo antes do evento de
Brumadinho), já dava sinais de “cansaço”. Isso normalmente acontece depois de um
período mais longo de alta. Destaquei em vermelho os principais níveis para uma
eventual reversão: 96.500 – 100.000 – 105.500. Sendo os dois primeiros os mais
prováveis. É importante notar que, esses pontos, mesmo calculados de forma
distinta que os anteriores, apresentam coincidência (vide post citado acima).
Sob essa ótica, o movimento já pode ter terminado, e a queda
de segunda-feira indica um período maior de baixa. Sendo assim, vou subir o
stoploss para 94.500.
- David, você está me
assustando, está indicando que a bolsa vai cair daqui em diante?
Calma, a princípio poderia indicar uma correção mais
extensa, que levaria a bolsa a níveis de 86.000 – 79.000, dentro de um
intervalo de tempo maior, algumas semanas. Depois disso voltaria a subir. Ou
não, a alta teria terminado!
Para não alongar, pois estaria discutindo em cima de
hipóteses não muito confiáveis, o mais importante é que eu não gostaria de
estar comprado, em nenhum dos dois cenários de baixa. Afinal, na melhor das
hipóteses a queda seria de 12%.
Vamos deixar a decisão na mão do mercado, se quiser cair
estamos fora, se continuar a subir, mantemos nosso trade. Nada diferente das
outras situações, com exceção dos detalhes comentados acima, razão de apertar o
stoploss. Let´s the market speak!
O SP500 fechou a 2.681, com alta de 1,55%; o USDBRL a R$
3,6849, com queda de 0,95%; o euro a € 1,1477, com alta de 0,42%; e o ouro a
U$ 1.319, com alta de 0,58%
Fique ligado!
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