Europa; Esqueceram de mim (ainda bem!)



Recentemente, muito se tem falado sobre a disputa entre os EUA e China e suas consequências, mas pouco sobre a Europa. A seguir me refiro a um artigo publicado sobre esse assunto pela Bloomberg.

A preocupação com a saúde da economia mundial se aprofundou nos últimos três meses. Isso explica grande parte da dificuldade dos mercados de ações nesse período. A China, por muito tempo o país responsável pela maior parte do crescimento mundial na margem, encabeça corretamente a lista de preocupações. Enfrenta uma combinação alarmante de problemas. Mas a última nova previsão econômica do Fundo Monetário Internacional mostra que a Europa, e não a China, pode ser ainda mais um ponto de pressão. Abaixo, as previsões do FMI para as diferentes principais economias, e como se moveram desde a última previsão publicada em outubro:




A queda nas estimativas do FMI é quase totalmente devido à decisão de seus economistas de rebaixar os principais motores da Europa Ocidental - particularmente a Alemanha. Não foram apenas os economistas do FMI que acharam os dados europeus decepcionantes ultimamente. Os índices de Surpresa publicado pelo Citigroup, que medem a diferença entre as previsões de dados macroeconômicos elaborado pelos economistas e seus resultados, mostram que as leituras da Europa têm sido incrivelmente decepcionantes. Os EUA também desapontaram, mas em nada como a mesma escala:




Existem boas razões pelas quais as ações europeias devem ser mais baratas do que as dos EUA. O continente não conseguiu encontrar uma contrapartida para as ações norte-americanas “FAANG” que dominam a internet. Mas o Banco Societe Generale mostra que, quando usamos um P/L ajustado ciclicamente, as ações europeias e norte-americanas foram negociadas com avaliações muito semelhantes durante anos - até que a crise da dívida soberana da Europa se instalou em 2010 e 2011:




Por conseguinte, a Europa continua a parecer uma oportunidade de compra contrária, embora uma resolução para a crise da dívida soberana de longa data e o problema conexo para os bancos europeus pareçam ser uma condição necessária antes de qualquer recuperação sustentada possa acontecer.

O que pode ser o catalisador? Como seria de esperar, a resposta mais popular recai sobre os bancos centrais. O Banco Central Europeu reúne-se na quinta-feira para o que provavelmente será o maior evento de mercado da semana. O ano passado foi dominado por conversas sobre como o BCE poderia engendrar uma mudança do afrouxamento para o aperto. Mas agora está de volta a discussão de um conjunto de medidas que traz de volta memórias dolorosas de seu antecessor, Jean-Claude Trichet: TLTRO. As Operações de Refinanciamento de Longo Prazo direcionadas eram uma forma inteligente de refinanciar os bancos em dificuldades da zona do euro, permitindo empréstimos a longo prazo a taxas preferenciais, em troca de uma garantia de que o dinheiro seria usado para financiar empresas produtivas. Eles foram lançados em 2014 como o sucessor das LTROs, a tática de desespero de 2011 e 2012 para refinanciar os bancos durante o pior da crise.

Sob TLTROs, os bancos emprestaram mais de 700 bilhões de euros, dos quais cerca de um terço é devido pelos bancos italianos. Dois terços desse total devem ser reembolsados ​​no próximo ano e, por razões técnicas, o BCE deve decidir sobre um sucessor, se este ano pretender continuar a prolongar o crédito. O dinheiro TLTRO reembolsável no próximo ano representa cerca de um quinto do balanço total do BCE, então o BCE pode querer evitar o que pode acabar sendo um aperto muito forte.

Além dos bancos, onde estão os maiores problemas da Europa?

A bagunça Brexit da Grã-Bretanha faz com que seja uma candidata a essa distinção novamente. O Plano B de Theresa May parece notavelmente similar ao Plano A que o Parlamento votou decisivamente na semana passada. Como a linha do governo ainda é que uma extensão da saída do Reino Unido - atualmente planejada para 29 de março - é impossível, parece que sua estratégia para ganhar aceitação também permanece inalterada. Espera assustar as pessoas para que apoiem o seu próprio compromisso defeituoso com a perspectiva de que, caso contrário, o Reino Unido sairá da UE sem qualquer acordo. Essa estratégia não funcionou na semana passada e o risco de que o Reino Unido opte por uma saída "sem acordo" por padrão permanece muito real. Reverter esse resultado vai exigir a definição de alguns novos precedentes constitucionais e exigirá que a incerteza cresça antes que caia - de modo que isso tende a argumentar que o parlamento britânico poderia, em pouco tempo, projetar outra grande oportunidade de compra.

Mas o país mais doente da Europa pode muito bem ser a Itália. Seu confronto com a UE sobre seu orçamento saiu das manchetes, mas a Itália tem um problema muito real que tem raízes profundas, e sua população está furiosa com a economia de uma forma que não é vista em nenhum outro lugar nas maiores economias da UE. Os gráficos a seguir mostram a extensão do problema para a Itália, e a extensão do risco. Assim, a Itália ainda pode representar um risco para a sobrevivência da zona do euro.









Em face disso, os italianos têm uma razão muito melhor do que os britânicos para acreditar que a UE não entregou para eles, e que as outras potências europeias estão deixando-os para trás. Os maiores riscos para quem investe na Europa emanam da Itália.

Não vou repetir novamente os argumentos sobre o grande erro da implementação da moeda única, o euro. Como abandonar agora é algo impensável, as autoridades monetárias e governos tentam a todo custo remediar suas consequências. Senso assim, de tempos em tempos, se busca algum tipo de alivio, porém estruturalmente não tem conserto. Tudo isso deve perdurar até que algum dia, a população de um determinado país, se revolte e vote para que abandone esse projeto.

Em 2011, publiquei o post nova-proposta-de-moedas-europeias, onde elenco uma lista sugerida pelo então Presidente da Federação de Industrias Alemã, sugerindo a divisão do euro em 2 moedas. Esse assunto é antigo e deve continuar.

No post ibovespa-last-kiss, fiz os seguintes comentários sobre o Ibovespa. Define dois cenários possíveis para o futuro. Seria ainda cedo para eliminar o cenário mais negativo “ bate na trave”, pois o rompimento recente do nível de 90 mil pontos, pode se tratar de um false break, quando analisado num prazo mais longo.

Entretanto, vou seguir com o cenário mais benigno Last Kiss: ...” o índice Ibovespa teria um objetivo de 110 mil pontos (↑ 25%) - mais provável pelo fato de existir congruência de duas mediadas, veja o gráfico. Caso continue subindo um novo objetivo se traçaria entre 135 mil (↑ 53 %) e 150 mil (↑ 70 %). Após, um período longo de correção deverá se suceder, cuja sua extensão será melhor calculada no futuro” ...




Nesta semana atualizei o stoploss de nossa posição para 91 mil, o motivo será apresentado a seguir. Conforme apontado no gráfico, um objetivo de 97 mil está bastante próximo, e esse poderia ser um ponto de inflexão. Se ultrapassado, a região compreendida entre 105 mil e 110 mil deveria ganhar a atenção.




Tudo indica que a bolsa brasileira deve continuar subindo, um fluxo grande de recursos vem sendo canalizado para esse ativo, através de clientes brasileiros. Os estrangeiros em contrapartida retiraram seus investimentos da nossa bolsa. O noticiário recente vem apontando que os mesmos – estrangeiros, se encontram duvidosos com a implementação das mudanças anunciadas pelo novo governo.

Como venho postando ultimamente, muitas dúvidas pairam no ar, tanto no cenário internacional como no local. Pelo sim, pelo não, ficamos com o stoploss atualizado, acompanhando o Ibovespa para ver onde ele pretende se movimentar.

O SP500 fechou a 2.639, com alta de 0,70%; o USDBRL a R$ 3,7690 com queda de 1,47%; o EURUSD a 1,1380, com alta de 0,20% e o ouro a U$ 1.282, sem variação.

Fique ligado!

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