A influência do comportamento humano



É impossível separar completamente a emoção da razão. Para quem se diz um investidor racional, movido somente a fatos, vai encontrar em sua história de investimentos momentos de grande angústia. Acredito que para quem só usa análise fundamentalista, esses momentos criam muita confusão em suas crenças. Talvez, inconscientemente, esta tenha sido a razão pela minha inclinação na análise técnica.

A análise técnica permite um balanço entre as duas partes de nosso cérebro – razão e emoção. Quando o cenário é mais calmo, sem muitas indefinições, a volatilidade tende a ser mais baixa e a razão prevalece. Enquanto em momentos mais perturbados, a volatilidade se eleva prevalecendo a emoção.

Talvez fique uma ideia errônea que a baixa volatilidade esteja associada com mercados em alta e a alta volatilidade para mercados em queda. Isso não necessariamente é verdade, embora aconteça na maior parte dos casos. É possível momentos de alta volatilidade com mercados em alta, o melhor exemplo recente foi a alta do bitcoin em 2017; por outro lado, me recordo da queda do ouro na década de 90, de forma bastante lenta.

Depois desses pensamentos quero chamar a atenção para a grande diferença ocorrida no início de 2018 e 2019. No ano passado, neste momento, só se falava em crescimento acelerado do mundo, a certeza da alta nas bolsas internacionais, e etc ... um cenário muito benigno. Todos nós sabemos como acabou, nunca antes tantos ativos tiveram retorno negativo num ano. Já este ano acontece o contrário, as perspectivas são na melhor das hipóteses duvidosa, porém o que prevalece é o desanimo a dúvida.

Em minha rotina diária de coleta de informações, não me recordo observar tantos gráficos apontando queda. Mas isso não parece ser uma percepção somente do Mosca. Anualmente, nesta época do ano, os principais dirigentes mundiais se reúnem em Davos para discutir os prognósticos para o ano. É verdade que neste ano, vários deles declinaram de sua participação (Trump, Thereza May, Macron), citando problemas internos em seus países. Bolsonaro fará sua estreia internacional, em um ambiente não muito confiante. Um artigo publicado pelo Wall Street relata esse ambiente.

O ar rarefeito dos Alpes suíços ajudou a revelar uma verdade assustadora aos investidores que participaram do fórum de Davos no ano passado: a elite reunida na Suíça estava bastante otimista em relação à economia e aos mercados. O slogan foi "recuperação global sincronizada", e parecia que os baixistas do mercado haviam sido derrotados.

O otimismo, desde então, virou-se para o pessimismo. Mas os investidores e economistas estão longe de serem tão pessimistas agora quanto estavam otimistas. Como resultado, a reunião deste ano provavelmente não justificará uma ação contrária para comprar. Este ano, a economia fundamental importa mais que o humor.

O sentimento do investidor é mais importante quando se encontra no extremo. Quando os investidores estão profundamente negativos, até mesmo uma sugestão de boas notícias pode oferecer uma surpresa agradável. Da mesma forma, quando os investidores são complacentes e acumulam risco, eles podem ficar chocados se a notícia não for uniformemente perfeita.

Desta vez no ano passado, os investidores mostraram-se claramente complacentes com a economia global, seguindo um surpreendentemente boom em 2017. Medidas de humor não são científicas, mas um dos mais antigos indicadores, da Investors Intelligence, mostrou o pessimismo o mais baixo de todos os tempos.


O otimismo dos investidores foi espelhado pelos altos níveis de confiança no crescimento econômico em todo o mundo, a confiança que se mostrou tristemente fora de lugar. A economia dos EUA foi bem, mas como o resto do mundo desacelerou, os investidores acabaram se tornando sombrios.

Eles não são profundamente pessimistas. Ainda existe uma expectativa de que o que está vindo é um crescimento mais fraco, não uma recessão. As medidas de sentimento permanecem mais altas do que as observadas nos picos pós-crise de 2010, 2013 ou início de 2016. Claro, os investidores perderam a complacência. Havia até um pouco de medo no final do ano. Mas os investidores ainda não entraram em pânico - como costumam fazer no passado.

Se Donald Trump e Xi Jinping puderem melhorar suas diferenças antes que a próxima rodada de aumento de tarifas dos EUA seja ameaçada em março, os investidores ficarão encantados. Mas Trump cancelou sua visita a Davos depois de encerrar o governo dos EUA em sua luta contra o Congresso, e o líder Chinês não deve comparecer. Portanto, as negociações comerciais provavelmente não serão promovidas nos bastidores da Suíça.

Os investidores provavelmente estão certos em pensar que o Fed está pronto para ajudar se as coisas piorarem. Mas se as coisas parecerem melhores e os mercados ficarem esgotados, o Fed vai permanecer inerte.

O tom mais cauteloso desse artigo baseia-se na queda dos valores das ações quando medidas em relação ao seu P/L projetado, que segundo os parâmetros do mercado, estão “baratas”. Mas para quem vive nos mercados há muitos anos, estar barato não é condição necessária para se obter retornos, podem ficar mais baratas!


Fiz uma coleta de gráficos que não tem uma relação entre si, mas com o intuito de exemplificar o que mencionei no início deste post. Podem estar certos que por enquanto é isso o que se observa, um mood negativo.


Talvez daqui a um ano, vou estar comentando que 2019 tinha tudo para ser um ano horrível em termos de investimento, mas foi recorde em termos de valorização de ativos. Quem pode saber? Já que vivemos na incerteza, uso a análise técnica que indica para onde os mercados querem ir, e em função disso, faço as apostas, e não da forma inversa.

O assunto técnico de hoje será o SP500 e lá, os leitores poderão saber minhas ideias para esse indicador. Posso adiantar que, no início do ano o risco de uma queda mais acentuada era presente. Com a recuperação impressionante desses últimos dias, esse risco foi bastante diminuído.


No post a-ilusão-das-previsões, fiz os seguintes comentários sobre o SP500: ...” Meu cenário mais provável seria uma queda que está em curso até o nível de 2.500, para em seguida voltar a subir onde atingiria 3.150 (↑ 26%), ou preferencialmente 3.550 (↑ 42%). Altas nada desprezíveis” ...


Embora o SP500 acabou recuando abaixo de 2.500 –mínima de 2.350, sua rápida recuperação iniciada na última semana de 2018, fez com que o cenário mais danoso fosse eliminado por enquanto. Nesse momento, trabalho com 2 hipóteses descritas a seguir.

Macro Triângulo – Nesse caso, o índice da bolsa ficaria 2019 e o início de 2020, contido num intervalo compreendido entre 2.400 – 2.800, conforme a figura abaixo.

Surpresa – Neste caso, a correção já teria terminado e o movimento de novas altas estaria em curso, rumando para os níveis citados acima.


Considero o Macro Triângulo a alternativa mais provável. 

Como poderia saber se o cenário Surpresa está em andamento? Marquei o intervalo entre 2.800/2.850, acima disso, as chances se elevam consideravelmente.

Agora, não tenho nada a sugerir nesse mercado, é necessário observar mais alguns dias. Poderia encher de hipóteses, mas não me parece uma boa estratégia nesse momento. O que posso dizer é que, o SP500 está indeciso, e não poderia ser diferente. Deixa ele se decidir!

O SP500 fechou a 2.632, com queda de 1,42%; o USDBRL a R$ 3,8142, com alta de 1,62%; o EURUSD a 1,1357, sem variação; e o ouro a U$ 1.284, com alta de 0,39%.

Fique ligado!

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