Os sem emprego
A chamada revolução digital é, na
margem, uma destruidora de empregos. Startups ao redor do mundo trabalham
indiretamente nesse sentido, buscando otimizar os produtos e serviços com
redução de preços e empregos. Em relação ao trabalho, além do fator
quantitativo, há um fator qualitativo, pois, a redução dos postos de trabalho se
dá majoritariamente nos de salários mais baixos.
Certa vez, quando estava numa reunião
da Rosenberg, ocorreu algo semelhante num setor específico. Naquele momento, um
determinado segmento da economia passava por decréscimo no número de
fabricantes, com a consequente redução de empregos. Como a quantidade era
importante, e os trabalhadores com baixa qualificação, perguntei: O que vai
acontecer com esse pessoal? Os economistas, com muita tranquilidade,
responderam que esse era um caso clássico da economia onde existe uma
realocação de funções — esses empregados iriam trabalhar em outro segmento.
Aceitei o argumento, afinal eles são os doutores no assunto, mas não comprei
muito a ideia.
No caso atual, nem isso dá para supor, pois como realocar o funcionário da linha de montagem na GM para trabalhar no Facebook?
As reivindicações iniciais de
desemprego, um proxy para demissões, diminuíram lentamente desde que caíram
abaixo de um milhão por semana no final de agosto, mas nas últimas semanas
mantiveram-se acima de 695.000.
"A destruição de empregos
não chegou ao fim", disse Andy Challenger, vice-presidente sênior da
empresa de outplacement Challenger, Gray & Christmas Inc., antes dos dados
de hoje. "Podemos estar ganhando empregos em geral, mas milhares de
pessoas estão perdendo seus empregos toda semana porque a demanda não
voltou."
Um artigo de Michael Batnick, publicado
no site da Irrelevant Investor, aponta como a Covid-19 afetou o emprego no
mercado americano.
Em toda recessão, as mercadorias são mais atingidas do que os
serviços. Isso faz sentido. Você atrasa a compra do novo aparelho, mas continua
a ir à academia.
Esta recessão é diferente. Pessoas que podiam comprar bicicletas
ergométricas da marca Peloton cancelaram a academia. Esse tipo de coisa está
acontecendo em diferentes áreas da economia.
Jed Kolko, economista-chefe da Indeed, escreveu um excelente artigo sobre o mercado de trabalho de 2020 e as perspectivas para 2021. Ele compartilhou este gráfico, que mostra como 2020 é ponto fora da curva.
Kolko divide o mercado de trabalho em quatro categorias diferentes: os vencedores, como construção e armazéns; os que irão se recuperar, como restaurantes e dentistas; as indústrias prejudicadas, como viagens e turismo; e finalmente, áreas pausadas, como serviços profissionais.
Kolko descreve o que está acontecendo nesta última categoria:
São áreas com salários mais altos na economia, onde as pessoas
podem trabalhar em casa, como tecnologia, finanças e outros serviços
profissionais. As perdas de emprego têm sido relativamente modestas nesses
setores, mas as vagas caíram significativamente, sinalizando pouca demissão,
mas pouca contratação neles. Como são indústrias bem pagas, é mais caro para os
empregadores encontrar, contratar e treinar trabalhadores. Isso torna os
empregadores mais propensos a segurar os funcionários até que a economia vire.
Em contraste, um restaurante é mais propenso a demitir pessoas e rapidamente
recontratar se o negócio se recuperar.
Essas áreas pausadas explicam um paradoxo no mercado de trabalho.
Desde fevereiro, o emprego
caiu mais nas indústrias com salários mais baixos do que com
salários mais altos, mas as vagas anunciadas na Indeed caíram mais em
empregos com salários mais altos. Muitos empregos com salários mais baixos estão
em setores em recuperação, que são mais rápidos para demitir e contratar quando
a demanda se altera. Empregos com salários mais altos são mais frequentes nos
setores pausados. Estes não foram atingidos com tanta força pela pandemia, mas beneficiados
por uma percepção defensiva, de esperar para ver. Dessa forma, os anúncios de
vagas e as contratações nesses setores com salários mais altos são um indicador
valioso da confiança econômica no longo prazo.
Este vírus mudou virou do avesso muito do que sabemos sobre
economia. Também reforçou verdades perenes nas quais sempre acreditamos.
Essas constatações se encaixam nos meus temores, e caso esse
processo continue, haverá muitas consequências em inúmeros setores da economia.
Como tudo isso vai fechar não sei dizer, mas não acredito que a vacina fará
voltar o business as usual, muita gente vai ficar feliz e muita gente
triste.
No post apenas-uma-opiniâo, fiz os seguintes comentários sobre o SP500: ... “ O ponto de entrada num rompimento seria a 3.700, caso o índice feche acima desse nível. Nesse caso o stop loss seria a 3.580. É importante frisar que, esse stop loss é preventivo, apenas no caso de uma falsa ruptura. Alternativamente, caso o SP500 ainda esteja na correção, como indicado pelas linhas em laranja, anotei dentro da elipse pontos potenciais de reversão dessa pequena queda. Fiquem atentos a qualquer alteração de rumo” ...
O SP500 chegou a ultrapassar levemente nossa indicação de trade a 3.700, porém acabou fechando abaixo – indicado com a elipse laranja no gráfico abaixo.
Por outro lado, a possibilidade de correção aventada acima parece descartada, ficando agora a opção de alta, que deveria ocorrer em breve.
No gráfico acima apresento o provável caminho que o SP500 deveria percorrer com seus níveis apontados nos retângulos. Enfatizo que esses são os mais prováveis e sugiro que os leitores acompanhem o Mosca para atualizações – não é para comprar e tirar férias de fim de ano, isso só para o Mosca! Hahaha ... Sobre esse assunto, férias, aviso na próxima semana, mas não vou deixar os leitores na mão, prometo atualizações sempre que necessário, mesmo de férias.
- David, é uma bela alta, pelos meus cálculos aproximadamente 30%!
Por que não dá a ordem já?
Meu amigo, parece que você não me conhece, durante esses 10 anos
ainda não entendeu que a disciplina é o nome do jogo. Quando eu descrevi sobre
a possibilidade da correção ter terminado, aproveitei e grifei a palavra
crítica parece, e parece não é totalmente. Sendo assim, é necessário que o
SP500 ultrapasse o nível de 3.700, no fechamento!
O SP500 fechou a 3.668, com queda de 0,13%; o USDBRL a R$ 5,0256,
com queda de 2,81%; o EURUSD a € 1,2138, sem variação; e o ouro a U$ 1.836, com
queda de 0,19%.
Nota: Notaram que o Mosca está de cara nova? Foi obra da minha talentosa enteada arquiteta, Gabriela Zaterka Cohen. Podem anotar, será uma grande profisional.
Fique ligado!
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