Olhando pelo retrovisor #Ibovespa
Os
leitores devem ter notado que vários posts versam sobre comportamento humano.
Essa mudança dos últimos tempos tem a ver com a maior exposição ao risco dos
investidores brasileiros, haja visto que, a queda expressiva dos juros induziu
essa migração.
Desta
forma, crises terão impacto financeiros muito diferente do que ocorreu no
passado em suas finanças. Sendo assim, temos que estar preparados para
enfrentar com cautela esses momentos e evitar agir por emoção, embora seja mais
fácil falar do que fazer.
Muito
importante é saber se seu portfólio está adequado em termos de risco. Sugiro
que quando considerar um investimento ao invés de perguntar quanto pode ganhar,
pergunte quando posso perder, é por essa métrica que se deve decidir a
alocação. Agora, nem pensar em concentrar o risco mesmo que pareça a
oportunidade do século, NUNCA!
Investimento
é uma ciência (não exata) de aumentar seu patrimônio sem que você perca o sono.
E, jamais faça a conta de traz para frente, estabelecendo o risco em função de
um ganho idealizado.
Vou
trazer hoje o relato de Bem Carlson que iniciou sua carreira nos mercados em
2007, pouco antes da recessão de 2009. O que ele presenciou não ocorreu com
investidores pessoa física, mas com os investidores profissionais.
Entrei
para o escritório de investimentos, vindo de um fundo de endowment, em julho de
2007, quando as rachaduras estavam começando a aparecer no sistema financeiro.
Meus primeiros dois anos no trabalho foram gastos em modo de sobrevivência
enquanto o sistema financeiro estava à beira do colapso.
Foi
um período assustador para viver como investidor.
O
futuro nunca se alinha completamente com o passado, mas quem estudou história
de mercado sabe que os acidentes são normalmente seguidos por recuperações. É
assim que funciona.
O
problema que testemunhei entre a maioria dos endowments e fundações é que eles
não conseguiram sair da mentalidade bunker, da crise. Todo o chamado
dinheiro inteligente continuou a carregar fundos de hedge, estratégias de risco
de cauda e investimentos com baixo risco após a queda.
Não
estou dizendo que previ os retornos inacreditáveis que vimos desde o final de
março de 2009 (mais de 680% até o momento), mas foi bizarro para mim
quantos investidores institucionais estavam mudando para alocações mais
conservadoras saindo da queda do que tinham investido. Foi completamente contraria
de como você deve sabiamente investir capital.
Mas
é o que acontece. O viés do que é recente faz com que as pessoas invistam pelo
retrovisor lutando constantemente a última guerra.
Essa
mesma mentalidade estava no trabalho quando as pessoas começaram a chamar o
setor de tecnologia de bolha no início da década de 2010:
- 18 de maio de
2012: IPO
do Facebook e a Nova Bolha Tecnológica (The Guardian)
- 3 de novembro de
2013: Evidências
de que o setor de tecnologia está em uma bolha maciça (Business Insider)
- 1 de maio de
2014: Vale
do Silício indo em direção a outra bolha tecnológica (LA Times)
- 5 de março de 2015: Cuban: Tech Bubble Now Worse than 15 Years Ago
(CNBC)
Todos
ainda estavam tão assustados com a explosão da bolha ponto-com (ano 2000)
após o boom do final dos anos 1990, que outra bolha tecnológica parecia a
chamada óbvia. Em vez disso, a década de 2010 foi dominada pelo setor de
tecnologia, e qualquer um que ficou no caminho daquele trem de carga foi
atropelado.
A
mentalidade que ajuda você a sobreviver a um acidente é exatamente o oposto do
que você precisa para tirar proveito de um boom.
A
pandemia nos deu uma situação econômica diferente de tudo o que já vimos antes.
Passamos da expansão para a depressão ao longo de algumas semanas, após as
paralisações iniciais serem colocadas em prática. E uma vez que o governo
interveio para manter a economia à tona, a recessão estava essencialmente
acabada em um ou dois meses.
A
maioria das indústrias, cadeias de suprimentos e corporações simplesmente não
estão equipadas para encerrar completamente a produção apenas para ver a
demanda voltar num piscar de olhos. E quando você combinar este estado de
coisas com as cicatrizes da última crise, vai ter alguns resultados econômicos
estranhos.
Então,
o que acontece durante o próximo acidente?
As
corporações serão mais lentas para cortar a produção?
Será
que vamos realmente ver um excesso em certas áreas?
O
governo será mais rápido em enviar cheques para indivíduos?
Os
investidores serão mais rápidos em entrar e comprar quando as ações caírem?
Ninguém
sabe, é claro, mas o acidente corona certamente causará uma série de reações
excessivas e sub-reações de corporações e investidores.
O
risco é sempre inerente nos mercados financeiros e nunca vai embora.
Mas
o próximo maior risco nunca é exatamente como o último maior risco. Não
funciona assim.
Infelizmente,
nós humanos estamos constantemente lutando a última guerra porque nossos
cérebros se prendem aos eventos mais recentes quando tentamos prever o futuro.
Neste
momento que vivemos uma perspectiva econômica muito positiva, embora os riscos
da covid não foram, e não serão totalmente eliminados, em algum momento os
mercados sofreram uma queda, cuja magnitude e duração são totalmente incertas.
Cabe
agora, nesse momento, uma reflexão sobre seu portfólio. Sugiro que faça um
exercício simples do tipo: se a bolsa cair x% quanto vai cair minha carteira,
eu aguento uma perda dessa magnitude?
A um
certo tempo, uma pessoa da família pediu para que eu avaliasse sua carteira,
pois estava desconfortável com as quedas daquele momento. Como eu tinha
auxiliado na elaboração, e assumi um determinado risco que me parecia adequado
a ela, fui olhar.
A
maioria era composta por títulos de renda fixa com uma maturidade um pouco
longa. A queda total era inferior a 10% da carteira, o que parecia aceitável
dado as condições daquele momento. Considerando que como eram papeis do
governo, o efeito era mais por conta da marcação à mercado.
Mas
percebi que esse argumento não satisfazia o perfil de risco, desta forma,
sugeri o encurtamento da carteira. Desde então, esse familiar ficou mais
confortável.
A
construção de uma carteira passa por esses ajuste finos que só se conhece com o
passar do tempo.
No post abundancia-das-criptomoedas, fiz os seguintes comentários sobre o Ibovespa: ...” tecnicamente vale observar alguns pontos. Houve uma tentativa de rompimento das duas linhas pontilhadas em cinza que denotam concentração nesse intervalo em conjunto com a tentativa frustrada desse rompimento em janeiro último. É esperado que volte a testar novamente essa região, o que pode estar ocorrendo agora. Outro ponto técnico de muita importância que o nível de 120.850 seja rompido” ...
Desde a última publicação ocorreu o teste da região demarcada, bem como a tentativa de romper 120.850, que observado de ontem parecia ter ocorrido. Em intervalo menor é nítido como a bolsa se encontra numa correção, e até que ela termine, fica essa sensação de “sem rumo”.
Não há nada que eu possa acrescentar ao que foi dito anteriormente. Pode ser que o Ibovespa esteja buscando sair dessa confusão, para tanto, um fechamento acima de 121.500 seria um bom indicador, por outro lado, abaixo de 119.000 a correção poderia ter alguns lances em níveis inferiores.
O
SP500 fechou a 4.211, com alta de 0,68%; o USDBRL a R$ 5,3360, com queda de
0,15%; o EURUSD a € 1,2127, sem alteração; e o ouro a
U$ 1.774, com queda de 0,41%.
Fique
ligado!
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