Os retornos da bolsa são aleatórios? #nadasq100

 


Na construção de uma carteira, “buscamos” o melhor dia para acertar o bumbum da mosca. Antes de me alongar neste assunto, queria explicitar 2 formas tradicionais de entrar numa operação: na primeira, se aguarda uma queda até que atinja o nível desejado; na segunda, a compra é feita a mercado. Não existe forma correta, depende do ponto em que o mercado se encontra: correção ou direcional. Nesse sentido, a análise técnica pode indicar a forma mais adequada.

Entretanto, na construção de um portfólio, não deveria haver muita diferença entre ambos, pois o que expliquei acima tem um impacto maior em trades de curto prazo.

Um estudo de Michael Batnick traz algumas estatísticas sobre a bolsa americana, cujos resultados são interessantes.

Há uma semana, as ações caíram ~1% com a notícia da proposta fiscal do presidente Biden. Claro que um declínio de 1% não é digno de notícia, mas considerando a tranquilidade do mercado nas últimas semanas, esse foi um dia bastante barulhento.

E aí, só para se divertir, o mercado no dia seguinte zerou com sobras as quedas do dia anterior. Acho que eu não deveria estar surpreso. Os retornos em um único dia não dizem nada sobre o que acontecerá no dia seguinte.

Para verificar isso, pedi a Nick Maggiulli para verificar alguns números. Um dos gráficos que ele criou mostra quantas vezes se seguem dias de 1% de baixa. A resposta: não muitas.



Outra forma de ver a aleatoriedade do mercado no dia a dia é olhar para a distribuição dos retornos diários. Esses números são bastante semelhantes para todos os dias, em comparação com dias após um ganho ou perda de 1%.



Não estou sugerindo que os mercados seguem uma caminhada perfeitamente aleatória. Na verdade, eu me colocaria fortemente contra isso. No gráfico acima, podemos ver que dias muito ruins tendem a seguir dias ruins. Assim como dias muito bons. Já escrevi sobre esse conceito antes. O gráfico abaixo traça os 25 melhores e 25 piores dias que remontam a 1993 e você pode ver que todos eles ocorrem durante períodos de volatilidade acima da média.



Aqui estão mais alguns dados para negar a ideia de que as ações seguem uma caminhada perfeitamente aleatória. A mediana do retorno para todos os dias que remontam a 1951 é de 0,05%. A mediana do retorno após um dia de -1% é de 0,01%. A mediana do retorno após o dia +1% é de 0,09%.

Tudo bem, então talvez os mercados não sejam completamente aleatórios, mas pelo bem do seu portfólio, é melhor que você aja como se eles fossem.

*O que aconteceu nos últimos X meses certamente pode influenciar o que acontece nos próximos X meses. Eu acredito em Momentum.

Não sei bem o que fazer com este gráfico, mas achei que era um colírio para os olhos.



Aparentemente, essa matéria parece contraditória em alguns critérios; os resultados não sustentam a sua tese de que o Momentum existe. Vou buscar dar uma outra interpretação, que me indica mais adequada.

Segundo a Teoria de Elliot Wave, os mercados se alternam entre movimentos direcionais contrapostos por movimentos de correção, de forma fractal, ou seja, esse fenômeno se verifica em qualquer janela de observação. Na figura abaixo: Direcional: 1-2-3-4-5; Correção: A-B-C



No meu ponto de vista, o estudo apresentado acima mistura todos esses movimentos, e dessa forma induzem (ou parecem?) ser aleatórios. Como ele não usa análise técnica, não fez uma segregação de acordo com essa teoria, que mostraria, acredito, resultados diferentes.

- David, então para que serve tudo isso, só para confundir?

Eu sempre busco apresentar ideias no Mosca com as quais não concordo necessariamente, o que permite aos leitores uma visão mais abrangente e de certa forma não enviesada — o que é difícil, pois já aprendemos que na teoria comportamental, sempre buscamos confirmações de nossas ideias.

O que poderia sair de prático e conclusivo, considerando que a crença do meu amigo é igual à minha em termos de análise técnica? Na formação de um portfólio, é fundamental a visão de longo prazo, e é nela que devemos nos basear para alocar um determinado ativo na carteira. Estando essa assunção correta, podemos comprar de qualquer forma que vai dar certo. Do ponto de vista tático, você pode aumentar ou diminuir essas posições.

Suponha que queria ter uma carteira de R$ 100 em bolsa, a base deveria estar entre R$65 – R$100, e o tático calibrado nesse intervalo. Por exemplo, o Mosca tem uma visão otimista do SP500 no longo prazo e no curto prazo também, a carteira deveria estar hoje perto dos R$ 100. Mais adiante, antevejo uma correção que pode ser pequena ou grande; naquele momento se deveria reduzir a carteira de acordo, no primeiro caso a R$ 80 e no segundo a R$ 65. Todos esses números são teóricos, e seu gestor de portfólio deveria sugerir os níveis de acordo com seu perfil de risco.

No post  fiz os seguintes comentários sobre o nasdaq100: ...”  porém é importante que ultrapasse a máxima recente de 14.050. Tudo isso que comentei não fica visível na janela de 1 dia, porém está indicado no gráfico em amarelo” ... ...” Por enquanto, tudo permanece mantido, a única coisa que não sei é se vou sugerir um trade de compra dentro em breve, ao invés de esperar o nível de 14.400” ...



Passados uma semana e o índice não ultrapassou a marca que indicaria o retorno as novas altas. Esse é um exemplo real de como as correções podem adquirir contornos e tempos diferente do que se poderia esperar. Em todo caso, nada altera muito o quadro mais adiante, apenas um atraso.



No gráfico acima, não fica claro se o movimento de alta se iniciou ou a correção denotada em amarelo ainda está em curso. Uma alta que supere 14.050 será um bom indicador de que um novo ciclo de alta se iniciou, e provavelmente o nível de entrada num novo trade de compra. Acompanhe o Mosca.

Ontem foi publicado o PIB americano que ficou em 6,4% a.a., um pouco aquém das estimativas do mercado. Na verdade, os detalhes são até mais robustos, como se verifica no gráfico abaixo.



O que ocorreu foi que os estoques acabaram diminuindo, sendo um detrator desse número. A razão já sabemos, problemas na cadeia produtiva. Esse resultado induz um PIB superior em relação as estimativas para o próximo trimestre, com a reposição dos estoques.


O SP500 fechou a 4.181, com queda de 0,72%; o USDBRL a R$ 5,4321, com alta de 1,77%; o EURUSD a 1,2021, com alta de 0,80%; e o ouro a U$ 1.766, com queda de 0,24%.

Fique ligado!

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