Ainda temos coisas boas #OURO #GOLD #EURUSD

 

Mesmo quando o noticiário insiste em pintar o país em tons sombrosos, ainda existem algumas luzes que, vistas com calma, mostram que o Brasil tem coisas boas — e não são poucas. Não estou falando de otimismo gratuito, tampouco de adesão ao discurso oficial. É apenas uma constatação simples: mesmo sob uma gestão da qual discordo em quase tudo, há forças estruturais no país que seguem avançando, algumas silenciosamente, outras impulsionadas por fatores externos que, gostemos ou não, nos empurram adiante.

Essa percepção me acompanha há anos, desde os tempos em que eu vivia cercado por economistas. Aprendi a respeitar a disciplina, mas também a desconfiar da segurança com que muitos projetam o futuro. Em 2007, sentado numa reunião de conjuntura da Rosenberg, vi um quadro que me chamou atenção: a indústria começava a definhar, enquanto o setor de commodities — especialmente o agrícola — ganhava musculatura. Apontei a tendência e arrisquei:
— “Do jeito que as coisas andam, o Brasil vai virar uma grande fazenda e uma grande mina. Para onde irão os empregos?”

O saudoso Sava sorriu e respondeu que a economia se ajeita. Não comprei a ideia. E, olhando para trás, o tempo demonstrou que a intuição estava mais alinhada com a realidade do que o conforto teórico. O país, de fato, virou uma imensa fazenda e uma imensa mina. E muitos empregos perdidos migraram para programas assistenciais em vez de novas indústrias produtivas.

 O artigo de Robin Brooks reforça exatamente esse ponto: a balança comercial transformou-se no grande pilar macroeconômico brasileiro. O superávit, turbinado pela exportação de commodities, mantém de pé nossas reservas e compensa parte da fragilidade fiscal e do baixo crescimento. Se o país tivesse crescido como um típico emergente, as importações seriam muito maiores — e o buraco externo, também.

O que Brooks mostra com números, eu já intuía desde aquela reunião de 2007: o Brasil se transformou, para bem e para mal, num grande exportador líquido de recursos naturais. E essa característica, agora, conversa com a geopolítica do clima.

O artigo da Bloomberg expõe a contradição central do momento brasileiro: enquanto o governo se apresenta ao mundo como protagonista climático, posa ao lado de líderes globais em Belém e fala em “encerrar a dependência de combustíveis fósseis”, simultaneamente amplia o horizonte petroleiro, leiloa áreas sensíveis na foz do Amazonas e ingressa como observador no grupo OPEP+.

 Essa ambivalência faz parte da nossa essência: queremos liderar o discurso da proteção ambiental, mas financiar a transição energética com petróleo.

A Bloomberg destaca, com precisão, que a relação Brasil–China é hoje um dos fatores mais determinantes da nossa agenda climática e energética. A China domina as vendas de veículos elétricos no país, financia hidrelétricas, parques solares e eólicos, instala linhas de transmissão de altíssima tensão e, ao mesmo tempo, compra quase metade do nosso petróleo bruto.

 Esse duplo movimento faz com que Brasil e China cheguem à COP30 como líderes do Sul Global — propondo metas ambientais ao mesmo tempo em que expandem emissões via petróleo.

A verdade é que o mundo vive de amadurecer contradições. Economias que se vendem como sustentáveis ainda dependem de combustíveis fósseis; países que criticam desmatamento importam toneladas de produtos de áreas sensíveis; nações que discursam por energias limpas financiam indústrias de alto carbono em nome do desenvolvimento.

Ainda temos boas notícias. A matriz energética brasileira continua sendo uma das mais limpas do mundo. O superávit comercial segue robusto. A demanda global por alimentos, minerais e energia coloca o país numa posição estratégica.

Mas existe um limite claro — e inescapável. Um país com mais de 200 milhões de habitantes não se sustenta eternamente baseado apenas em soja, minério, carne e petróleo. Isso pode funcionar para economias menores, mas não para uma nação continental. Sem novos setores produtivos, modernos e urbanos, veremos uma expansão permanente do Bolsa Família por falta de alternativas econômicas. A violência crescente faz parte desse quadro, e com governos de esquerda que apostam somente em transferência de renda e Estado grande, a tendência é piorar.

O Mosca entra para cutucar. Para dizer o que muitos pensam e poucos admitem. O Brasil não se tornou a potência industrial que muitos sonharam; tornou-se uma potência agroenergética. E, neste mundo em transformação, isso não é pouco. Mas o relógio está contando. Diferentemente do que muitos economistas adoram repetir, não existe milagre de “transformação do trabalho”. A realidade mostra, dia após dia, que essa passagem automática não ocorre no ritmo necessário — e o custo social dessa ilusão já está nas ruas.


Análise Técnica

No post “dois-gigantes-dois-caminhos” fiz os seguintes comentários sobre o ouro: “Eu analisei melhor numa janela de 2 horas e tudo indica que foram completadas 5 ondas, representadas pela onda (1) vermelha abaixo. Nessa hipótese o metal deveria retroceder até algum nível apontado no retângulo: U$ 4.068 / U$ 4.125 / U$ 4.184.”


O ouro ultrapassou esses limites e agora resta aguardar. Por enquanto, observamos três ondas na queda (destacadas em vermelho) e três ondas na alta (destacadas em verde).

O que podemos inferir? Se o ouro ultrapassar U$ 4.265 e, principalmente, U$ 4.388, há grande chance de que a correção tenha terminado nas ondas destacadas em vermelho, abrindo espaço para novas altas. Por outro lado, se o metal começar a cair e ultrapassar U$ 3.877, a correção seguirá em andamento e antes que meu amigo pergunte: observado de hoje, não é possível saber qual seria a extensão dessa queda.


O economista Robin Brooks publicou na sua rede social o seguinte comentário sobre o ouro: “O fim da paralisação do governo deveria estar derrubando os preços do ouro, pois reduz as chances de recessão e eleva as taxas de juros reais. Mas isso não está acontecendo. Os preços do ouro estão subindo novamente com as notícias de que a paralisação terminará em breve. Isso deveria fazer todos aqueles aficionados por dívida na Europa refletirem” Vale a observação da minha frase: os economistas trocam de opinião como eu troco de camisa” fico ainda com a análise técnica.

 Em relação ao euro, comentei: “O euro rompeu o nível de € 1,1542 e tudo indica que uma sequência de 5 ondas está em curso cujo primeiro objetivo seria € 1,1542 – fiz uma correção desse valor, o correto é € 1,1139.”


O euro inviabilizou a contagem que vinha adotando e, neste momento, não é possível afirmar se está pronto para continuar a queda imaginada anteriormente. O gráfico abaixo sugere que estaríamos na onda B azul, cujo objetivo está grifado no retângulo, para depois subir. Mas tudo ainda é prematuro. Ficamos sem sugestão por enquanto.


O S&P 500 fechou a 6.737, com queda de 1,66%; o USDBRL a R$ 5,2985, com alta de 0,12%; o EURUSD a € 1,1636, com alta de 0,37%; e o ouro a U$ 4.162, com queda de 0,77%.

Fique ligado!

Comentários

  1. Devemos agradecer ao fenomenal trabalho da Petrobras que transformou o Brasil em dos maiores produtores de Petroleo do mundo!

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