A bomba atômica chinesa



O Presidente Trump está a caça de países que podem representar uma ameaça por possuírem bombas atômicas. A Coreia do Norte foi seu primeiro alvo do qual parece ter sido bem-sucedido. Contra o Irã, resolveu terminar o acordo fechado por seu antecessor Barak Obama.

Em relação as atividades comercias, mirou em especial seu arsenal contra a China. Essa empreitada ainda está em seu estágio inicial. Seu intuito é diminuir o déficit americano com outros países, e para tanto, está imbuído de impor tarifas aos bens importados. A China por sua vez, busca agir da mesma forma. Porém, dado a grande diferença entre os bens importados pelos EUA da China, que ao contrário, o poder de fogo desse último país é limitado.

Mas existe uma outra arma que poderá causar um estrago considerável aos EUA, bem como ao resto do mundo, a posição de títulos governamentais americanos detidas pela China. Uma análise feita pelo Wall Street Journal coloca vários pontos de vista sobre esse assunto.

Intensificando as tensões comerciais, os investidores norte-americanos analisam as possíveis respostas da China aos últimos saldos da administração Trump, preocupados com tudo, desde a escalada de tarifas até a desvalorização da moeda.

Uma coisa que os investidores nervosos não devem se preocupar, dizem alguns analistas, é a China despejar seus US $ 1,18 trilhão de títulos do governo dos EUA.

O cenário de pesadelo é que a China, que detém cerca de 8% da dívida pública dos EUA, poderia reduzir os preços dos títulos, vendendo maciçamente essa posição. Tal movimento provavelmente levaria as taxas de juros pagas pelos EUA, para níveis muito mais altos.

Como os juros desses títulos do governo são uma referência que ajuda a definir as taxas para hipotecas, empréstimos comerciais e dívida do consumidor, esse movimento pode elevar os custos dos empréstimos em toda a economia.

Uma decisão da China de vender seus bonds poderia ser o equivalente econômico da "destruição mutuamente garantida", disse Mark McCormick, diretor da TD Securities.

Assim, a China estaria relutante em militarizar seus ativos financeiros, dizem analistas.
Para começar, reduzir os preços dos títulos do governo dos EUA iria corroer o valor de quaisquer títulos que a China continue a deter. Isso também poderia prejudicar o valor das demais holdings denominadas em dólares da China, como títulos corporativos e ações.

Então, em vez de impor tarifas adicionais, alguns disseram que a China poderia reagir desvalorizando o yuan. De fato, a China recentemente permitiu que o yuan negociasse em baixa em relação ao dólar. Na quarta-feira, a moeda atingiu uma baixa de seis meses.

A venda de Treasuries iria reverter esse plano. A China usou durante anos dólares acumulados ao administrar superávits comerciais para comprar Treasuries. Isso faz parte de uma estratégia para evitar que o yuan se valorize.

Isso ajuda a manter as exportações da China acessíveis aos consumidores em todo o mundo. Ao vender a dívida do governo dos EUA e acumular o yuan poderia, em vez disso, arriscar-se a valorizar a sua moeda, tornando as exportações da China relativamente mais caras.

Tal movimento também poderia causar ondas de choque imprevisíveis em toda a economia global, desencadeando volatilidade em sua moeda, que o banco central da China poderia não conseguir conter. Enquanto o yuan caiu na quarta-feira, o banco central da China pareceu intervir para impedir que o declínio saia do controle.

Vender ativos em dólar e repatriar o yuan aumentaria os problemas comerciais da China e "ajudaria a resolver os problemas comerciais dos EUA", prejudicando o valor do dólar e tornando as exportações americanas mais baratas.

Alguns argumentam que, mesmo que a China queira vender sua carteira, pode não ser uma estratégia tão eficaz. Analistas calculam que se a China vendesse todos os seus Treasuries, juntamente com cerca de U$ 100 bilhões em contas de custódia mantidas no exterior, particularmente na Bélgica, aumentaria o rendimento dos títulos de 10 anos do Tesouro um pouco mais de 0,3% a.a.

A maneira mais provável de a China retaliar as tarifas dos EUA, sem aumentar suas próprias alíquotas, seria restringir as regulamentações e aumentar as inspeções das empresas norte-americanas que operam na China, tornando o clima menos hospitaleiro, disseram vários analistas.

Muitos acreditam que a China preferiria ver o valor de sua moeda em relação ao dólar permanecer estável. Enquanto uma moeda mais fraca poderia ajudar a sustentar o setor de exportação, também poderia aumentar o risco de fuga de capitais.

Entre 2014 e 2016, as reservas em moeda chinesa diminuíram, à medida que os investidores transferiam dinheiro para o exterior. As autoridades venderam cerca de U$ 200 bilhões em Treasuries para ajudar a sustentar o valor de sua moeda. Durante esse período, as Treasuries se recuperaram e os rendimentos caíram.

Também haveria um risco de longo prazo para a China, disseram vários analistas. O uso de títulos e divisas do país em uma briga comercial pode prejudicar o esforço da China para que o yuan seja adotado pelos grandes bancos centrais como uma moeda de reserva global.

Tal medida poderia prejudicar qualquer confiança que os investidores tenham começado a colocar na moeda, como uma reserva de longo prazo, disse McCormick. "Isso é algo que os EUA entendem, e é por isso que provavelmente estão forçando um pouco o limite" e fazendo ameaças tão grandes quanto às tarifas, acrescentou.

Não há dúvidas que uma medida dessas tomadas pela China - a venda de sua carteira de títulos americanos - seria como uma bomba atômica no mercado. Mesmo as considerações feitas pelos analistas dos possíveis impactos serem pequenas, não sei se, podem ser tão facilmente calculáveis. Acredito que seria um grande risco.

A pergunta que se deve fazer é até que ponto os chineses aguentam as pressões americanas. Acredito que até o limite de colocar a China numa recessão e/ou afetar o seu mercado de trabalho. Nessa situação, a disputa passa a prevalecer sobre a lógica.

Um país só resolve atacar o outro com uma bomba atômica por que não está conseguido ganhar a guerra no front normal de batalha, acho que esse raciocínio também vale nesse caso.

Novamente estamos nas mãos de Trump, que busca colocar o mundo de joelhos a seus pés. O perigo é se ele passar do limite, principalmente com a China.

No post bcb-entricheirado, fiz os seguintes comentários sobre o Ibovespa: ...” O gráfico a seguir aponta para o movimento esperado no curto prazo. Caso a bolsa se recupere para 73,5 mil - 75 mil, e depois tombe abaixo dos 69.000, provavelmente mudarei minha recomendação de alta para baixa. Caso o índice continue a subir e principalmente acima de 80 mil pontos ficaremos felizes, existe uma luz ao final do túnel”...

Nada pode ser dito ainda, a bolsa está praticamente nos mesmo níveis da semana anterior. Foi noticiado o elevado volume de saída das ações pelos estrangeiros – nos últimos seis meses U$ 10 bilhões. O ambiente no exterior ainda é muito negativo para os países emergentes de maneira geral. A ilustração a seguir dá mostras disso.

A bolsa chinesa, que a pouco tempo tinha uma situação mais imune a esse fenômeno, nos últimos dias sofreu quedas expressivas, colocando-a num mercado de queda. Isso acontece quando a bolsa cai mais de 20% de seu nível recente mais elevado. No caso, a bolsa chinesa já caiu 23%.

O SP500 fechou a 2.716, com alta de 0,62%; o USDBRL a R$ 3,8594, sem variação; o0 EURUSD a 1,1564, com alta de 0,10%; e o ouro a U$ 1.248, com queda de 0,27%.

Fique ligado!

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