Trump: Um elefante na loja chinesa



O mundo vinha se recuperando após passar por 9 anos em situação muito delicada ocasionada pela recessão ocorrida em 2008. Com intervenções dos principais bancos centrais, injetando volumes expressivos de liquidez, buscaram a todo custo evitar a deflação, cenário econômico que cria paura à qualquer economista.

Num ambiente melhor no último ano, o Fed iniciou a regularização de sua política monetária diminuindo a liquidez, com a redução de seu estoque de títulos, bem como elevando os juros.  Os mercados emergentes em consequência, vêm sofrendo muita pressão nos últimos meses, e mais agudamente nos últimos 30 dias.

Assim sendo, nessa fase inicial, muito cuidado deve ser tomado, para que a recuperação não seja abortada. Mas parece que o Presidente americano, Donald Trump, está mais preocupado em satisfazer seu ego que pensar na consequência de seus atos. Novamente essa noite, ameaçou a China de elevar para U$ 200 bilhões o volume de importações chinesas sujeitas a aumentos de impostos.

As bolsas e moedas dos emergentes estão em movimento de queda amplamente noticiado. O mesmo vem acontecendo na China.

As ações chinesas caíram para seu nível mais baixo em quase dois anos, com os investidores nervosos com a perspectiva de uma escalada da guerra comercial entre os EUA e a China. Com tudo em queda, de grandes seguradoras a pequenas empresas de tecnologia.

O pessimismo se espalhou para a maioria dos cantos dos mercados financeiros do país, atingindo a moeda e as commodities da China, recentemente resilientes, incluindo minério de ferro e borracha.


O índice Shanghai Composite caiu 3,8%, para 2.907, na terça-feira, o menor desde 22 de junho de 2016, marcando seu pior desempenho em um único dia em 9 de fevereiro último, quando as ações chinesas foram atingidas em conjunto por um movimento global.


O índice ChiNext, sediado em Shenzhen, aonde a maioria das empresas de tecnologia mais promissoras da China está listada, encerrou em queda de 5,8%, seu maior recuo de um dia desde junho de 2016.

Os índices de Xangai e Shenzhen caíram 18,3% e 18,7%, respectivamente, em relação às altas de janeiro, aproximando-se de um mercado de baixa - definido como uma queda de 20%, em relação à alta recente.

"É principalmente a guerra comercial que criou tal pânico no mercado. Os últimos acontecimentos superaram as expectativas de muitas pessoas na China", disse Zhang Gang, analista da China Securities.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, intensificou o conflito comercial dos EUA com a China na segunda-feira, pedindo a seu governo que identifique uma nova lista de U$ 200 bilhões de produtos chineses que poderiam ser penalizados com tarifas. Os EUA aplicaram tarifas na semana passada sobre U$ 50 bilhões em importações da China. Pequim prometeu retaliar em seguida.

A venda foi generalizada, as ações da fabricante de equipamentos de telecomunicações ZTE caíram 10%, o limite de queda diário dos mercados chineses. Durante a noite, o Senado dos EUA aprovou uma medida que restabeleceria a proibição da compra de componentes fabricados nos EUA pela empresa.

As tensões comerciais também pressionaram o yuan com uma queda de 0,9% para 6,4710 contra o dólar, seu menor nível em cinco meses e a maior queda em um dia desde de fevereiro.

Agravar o impacto da guerra comercial são sinais de que Pequim continua comprometida com sua campanha para reduzir a alta carga de endividamento e a alavancagem.

A dívida total chinesa pode chegar a quase 250% do PIB, até o final deste ano, de acordo com a SP Global Ratings, acima dos 170% em 2012.

Pequim elevou as taxas de juros de curto prazo várias vezes no ano passado, para aumentar os custos dos empréstimos. Também fez campanha contra o chamado sistema bancário paralelo, e várias formas de dívida de curto prazo emitidas entre os bancos, para impedir apostas especulativas e alavancadas que ampliaram o risco nos mercados de títulos e ações.

A Bloomberg calcula um índice de atividade geral composto por oito indicadores, baseado em pesquisas de negócios ou preços de mercado. Como se pode verificar parece que uma desaceleração moderada está em curso.


No intuito de medir forças com a China, Donald Trump arrisca colocar a economia mundial em risco, para mostrar que é mais forte, que manda no jogo. Sabemos que os chineses têm muita paciência e determinação em seus objetivos, até o momento que honra é colocada em cheque. A partir desse ponto, não é mais a lógica que prevalece. E esse é o risco que se eleva com provocações diária do presidente americano.

Faz mais de 40 dias que não faço uma atualização técnica do SP500. Isso não seria normal, pois ainda temos posição nesse mercado, não fosse a pequena oscilação nesse período. No post trancado-na-defesa, fiz os seguintes comentários: ...” trabalho com uma queda de 7% a 10%, desde que, o nível de 2.800 e principalmente, 2.830, não seja rompido” ... ...” o caminho ainda será bastante tortuoso” ...

O SP500 nesses 40 dias acabou subindo um pouco, mas seu movimento não é persuasivo de uma alta eminente. Tudo indica que está numa correção, onde o triângulo parece ser a hipótese mais razoável até agora. Na figura abaixo, traço duas possibilidades que imagino.

O posicionamento do qual se tem notícias é bastante divido, de um lado grandes investidores apostam na baixa, enquanto os clientes pessoa física tem injetado recursos na bolsa, além dos hedge funds terem uma posição total, liquidamente comprada. Os movimentos de mercado são de certa forma o reflexo dessa divisão.

Caso meu cenário acima se concretize, ainda poderá passar algum tempo até que nossa posição seja vencedora. Por outro lado, o rompimento acima de 2.830 poderá indicar novas altas no índice. É importante notar que os indicadores de longo prazo são de alta para a bolsa americana e o que estou buscando e aproveitar de uma correção um pouco mais extensa.

A Copa do Mundo continua apresentando resultados que confirmam meu pensamento. A Inglaterra conseguiu ganhar da Tunísia no último minuto, o Japão derrotou a Colômbia, e o Senegal ganhou da Polônia. Terminada a primeira fase, acredito que a superioridade de Brasil, Alemanha, França e etc ... passa a estar em cheque.

O SP500 fechou a 2.762, com queda de 0,40%; o USDBRL a R$ 3,7402, com queda de 0,19%; o EURUSD a 1,1590, com queda de 0,28%; e o ouro a U$ 1.275, com queda de 0,19%.

Fique ligado!

Comentários