Estou vendo fantasmas?
Ontem o Fed decidiu aumentar os juros em 0,25% como foi largamente
noticiado. Outra mudança importante é que se espera mais dois aumentos nesse
ano ao invés de um, embora a taxa ao final para 2020 permanece inalterada em
3,5% a.a.
Essa mudança fez com que a ampla maioria dos analistas
considerem que a economia americana está muito bem, a tal ponto que, a
autoridade monetária teve que antecipar sua estratégia na alta dos juros. O
Estadão foi mais enfático, dizendo que essa medida será muito ruim para o
Brasil implicando em mais desvalorização do real e alta dos juros locais.
Ao analisar os detalhes do comunicado fiquei com outra
impressão, será que estou vendo fantasmas? Para fundamentar meus pontos vejam a
tabela a seguir com as projeções de longo prazo sobre as principais variáveis
americanas.
É verdade que a economia americana deve crescer em torno de
2,8% este ano, porém notem que o Fed projeta queda a partir do próximo ano, e
um crescimento de longo prazo em meros 1,8%. Em seguida a taxa de desemprego,
que está muito apertada no curto prazo, tende a se elevar no futuro, e por
último, a inflação permanece comportada em 2,1%. Esses números indicam no meu
ponto de vista que a economia americana estaria próxima de uma recessão ao
redor de 2020.
- David, como
recessão, não está escrito 1,8% para o PIB?
Você não ia querer que eles apresentassem um número
negativo, não é? O Jerome Powell perderia o emprego logo de início. Porém, eu
me baseio pelo viés dado, a de que a economia americana está crescendo acima do
previsto, esse ano, por causa da redução de impostos implementada pelo
Presidente Trump.
Eu sempre enfatizo as palavras de um experiente trader de
Wall Street “ se você quer saber para onde caminha o mercado olhe para os
mercados de juros, lá estão os smart
people”. E nesse mercado, os juros retrocederam depois do anuncio, aonde se
esperaria o contrário. Também, não é para menos que a diferença de juros entre
os títulos de 10 anos versus o de 2 anos (0,40%), se encontra em níveis muito
próximos de indicarem uma recessão no horizonte. Isso acontece quando essa
diferença se torna negativa.
No curto prazo os juros estão subindo pelo bom motivo, como
costumo dizer, e meu receio é se for pelo mal motivo, a inflação. Agora no meu
horizonte não projetava a queda dos juros pelo mal motivo, a queda da atividade
econômica. Caso as projeções do Fed se concretizem, é bom que o mundo busque
outro país para ajudar no crescimento. Ah, e não contem com a China crescendo a
taxas superiores a dois dígitos, pois os últimos dados estão apontando para
índices bem inferiores. Mas mesmo assim causam inveja para qualquer outra
nação.
- David, mas isso não
seria um cenário de goldilocks?
Aparentemente sim, porém uma condição essencial para a
economia americana não ter um problema em financiar sua dívida pública, é
crescer.
Falando em dívida pública, o Fed continua no seu programa de
diminuir o estoque de títulos do governo em seu poder, num ritmo
pré-estabelecido. Um dos grandes financiadores do passado foram os governos
estrangeiros, principalmente a China. Acontece que os mesmos vem diminuindo
suas compras. Esses dois fatores colocam mais pressão na colocação de títulos.
Os compradores passaram a ser os próprios americanos, conforme se pode
verificar a seguir.
A grade diferença é que o banco central e os estrangeiros
são compradores compulsórios, enquanto agora as aquisições são feitas segundo
paramentos de mercado. Assim, se no futuro os agentes econômicos ficarem
desconfortáveis com a evolução da dívida, poderão além de não comprar a novas
emissões venderem suas posições, colocando pressão nos juros e no dólar.
A conclusão é que mais um fator de risco surgiu para o Mosca, a possibilidade de uma recessão e
suas consequências. Cada vez mais, o futuro da economia mundial se mostra
incerto.
Outro mercado que estamos com posições é o ouro. No post un-machiatto, fiz os seguintes comentários: ...” existem duas hipóteses contrarias; a
primeira, e que mais no interessa, é publicada em verde, aonde o ouro
caminharia para mais um teste do nível de U$ 1.370, um breve recuo, e bola para
frente; a segunda em rosa, uma pequena recuperação até U$ 1.325, e depois volta
a cair, aonde provavelmente seríamos completados na segunda ordem” ...
Depois de
passar flertando a reta apontada abaixo em rosa, hoje pela manhã, o metal
ameaçou uma nova tentativa de alta, porém retrocedeu, fincando sua cotação
próxima de U$ 1.300, nível esse encarado como divisor no curto prazo.
Não tenho
nada a acrescentar ao que foi dito 15 dias atrás, permanecem as mesmas
premissas sem definição.
Hoje começa a
Copa do Mundo, um período que eu aprecio muito. Gosto de assistir os jogos e
cada vez mais, com uma “normalização” na qualidade dos times ocasionado pela
globalização dos jogadores, as partidas ficam mais equilibradas, com difícil
prognostico. Como consequência, o Mosca tende
a ficar mais “enxuto” nesse período. Vamos Brassssssssssil!
O SP500
fechou a 2.782, com alta de 0,26%; o USDBRL a R$ 3,8125, com alta de 2,50%; o
EURUSD a € 1,1586, com queda de 1,73%; e o ouro a U$ 1.303, com
alta de 0,28%.
Fique ligado!
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