Juros: Quem dá menos?



O assunto juros é tão importante em 2019 que o Mosca decidiu usá-lo como tema. Depois que o Fed adotou uma política monetária frouxa, e bota frouxa nisso, durante vários anos, em 2016 começou lentamente a normalizar os juros. Agora deve estar próximo do termino desse ciclo, que está sendo muito diferente dos anteriores.

O nível de juros atual é muito inferior ao que predominava nas últimas décadas, basta observar o gráfico mais adiante. Vários são os fatores para essa mudança de patamar, dos quais destaco: queda da inflação, nível menor de juro real, terceirização da mão de obra. Naturalmente, esses fatores têm influência uns nos outros.

A economia é cíclica, e assim como nos anos 50, a situação atual se assemelha. Pode ser que, estamos na eminencia de um novo ciclo de alta de juros. Para resolver essa charada vamos usar a análise técnica.

Antes de começar a expor os possíveis cenários do próximo ano, gostaria de dividir algumas observações num gráfico de longíssimo prazo com marcações trimestrais. A partir dos anos 50, o juro iniciou uma trajetória ascendente que durou aproximadamente 40 anos, atingindo 16% em 1981 – ciclo de alta de juros. A partir daí, começou uma trajetória de queda, que também dura um prazo equivalente – ciclo de baixa de juros.

Notem que nesse último período, as taxas ficaram contidas entre as duas retas cinzas, e as diversas vezes que tentou romper, acabou retornando. É impressionante como o mercado respeitou essas limitantes por tanto tempo. Agora existe a possibilidade de que a ruptura aconteça, conforme minha marcação.


No post inflação-nos-EUA-retorno-ou-inexistente, fiz os seguintes comentários sobre os juros de 10 anos: ...” eu teria os seguintes níveis a apontar: o primeiro, que eu só anotei porque faz parte do script, embora eu praticamente não utilize, é de 5% a.a.; o segundo, que indicaria uma correção "leve" 7% a.a. e o terceiro, mais provável, 8,5% a.a. “ ... ...” pode ser que os juros fiquem mofando ao redor de 1,5% a 3% (2) ” ...


O quadro não se alterou muito em relação ao ano passado, a única diferença é que o juro buscou romper o nível de 3%, mas não conseguiu.

Há 10 anos, se alguém chegasse para mim dizendo que o juro de um título de 10 anos poderia ser negativo, eu iria rir na cara dele, seria capaz de apostar muito, tamanha a convicção que uma situação dessas era impossível. Hoje em dia teria muito mais cuidado, pois em diversos países isso acontece. Assim, agora fico aberto a qualquer nível inclusive o negativo, quando faço uma análise técnica.

Meu cenário mais provável é que o juro suba, podendo ser de forma expressiva. Porém, para que isso aconteça, é condição necessária que o nível de 2,65% não seja mais atingido! No post a-ilusão-das-ações, postei os motivos: ...” Para um leitor mais pragmático - pois quem hoje antevê juros abaixo de 2,65%, poderia perguntar “ e se não parar no 2,65%”? Aumentam significativamente a chance de os juros buscarem níveis impensáveis hoje como 2,05%. E não para aí, se for mais para baixo, vou ter que considerar a hipótese de atingir novamente 1,35%” ... Feito essa ressalva vamos aos cenários.

O primeiro – Bye, bye 3% - Espero um período inicial de correção, onde o juro ficaria contido num intervalo entre 2,80% - 2,70%. Em seguida, um movimento de alta começaria, cujo primeiro objetivo é 4% (verde), podendo atingir 5% (beije).


O cenário alternativo – mais do mesmo –. Nessa situação, o juro deverá cair, e ficar contido no retângulo traçado na figura abaixo – 2,40%/2,10%. Sendo assim, a alta dos juros poderia ser postergada, até que novamente busque romper 3%.

Mas a queda poderia se estender abaixo do intervalo apontado acima, o que aumenta a chance de testar a mínima atingida em 2016 de 1,35%, ou pior, abaixo dela.


Imagino que todos esses cenários devem ter deixado o leitor um pouco confuso, isso acontece pelas diversas opções que se abrem, principalmente se a taxa cair abaixo de 2,65%. Proponho que vocês não esquentem muito a cabeça, e apenas memorizem o nível de 2,65%, acima a chance de alta é boa, abaixo complica.


O SP500 fechou a 2.599, com queda de 1,91%; o USDBRL a R$ 3,917, com alta de 0,67%; o EURUSD a 1,1301, com queda de 0,53%; e o ouro a U$ 1.237, com queda de 0,31%.

Fique ligado!

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