Real: Refém do exterior
Quando os juros locais eram de dois dígitos e os juros
americanos zero, apostar contra o real era um ato glorioso, qualquer erro de
timing era mortal. Somente em situações de extrema gravidade como a que ocorreu
em 2015, a aposta contra a moeda nacional se mostrou vantajosa. Mesmo essa, se
não foi rápida sua saída, o lucro se tornou um grande prejuízo no meio de 2016.
A situação cambial brasileira é muito tranquila, com reservas
no nível de U$ 380 bilhões, a dívida externa soberana quase inexistente, é
necessário um problema muito grave para ameaçar essa situação. Mesmo este ano, onde
várias moedas emergentes sofreram desvalorizações expressivas, o real teve uma
queda um pouco superior a 15%.
Mas além do fator acima, a situação em termos de diferencial
de juros é muito diferente. Com a taxa SELIC em 6,5% a.a. aliado a um juro
americano ao redor de 3% a.a., já não é bater em morto ficar comprado em
dólares somente por este motivo, tem que ter outras razões. Não que a vantagem
do diferencial de juros não ajude, mas agora é pequena.
As perspectivas internas para 2019 são bem otimistas, a
Rosenberg trabalha com um crescimento do PIB de 3% a.a., o que seria
maravilhoso para um país que viveu os últimos três anos, andando para trás, mas
depende de combinar com o Congresso, pois a reforma da Previdência é condição
necessária. Já o cenário externo apresenta bastante dúvidas, onde a principal
será a robustez da economia americana e administração dos juros por parte do
Fed. Sem contar a guerra comercial entre esse país e a China, a situação
delicada de alguns países europeus (França, Itália, Inglaterra). Mais uma vez,
contamos com a análise técnica para nos auxiliar.
Uma atualização sobre a economia americana disponível,
aponta para um PIB de 3% neste trimestre. O gráfico abaixo, publicado pelo Fed
de Atlanta, mostra esse resultado. Gostaria de enfatizar que, esse instrumento
tem se mostrado bastante preciso em prever corretamente o PIB.
No post real-sob-tensão, fiz os seguintes comentários
sobre o dólar: ...
“Meu cenário básico é de uma queda das cotações até o nível de R$ 2,90 – R$
2,80 e depois um movimento de alta que levaria o real até R$ 3,55 – R$ 3,75”
... ...” Existe uma possibilidade de a queda para R$ 2,90 não acontecer e já
estarmos vivendo o cenário de alta do dólar. Isso ficara mais evidente caso
ultrapasse o nível de R$ 3,50” ...
O acerto do Mosca foi
parcial, por um lado a direção do mercado estava correta, aliado a observação
que o movimento de alta já poderia estar acontecendo no final de 2017. Porém,
não acreditava que pudesse desafiar a máxima de R$ 4,24 atingida em setembro de
2015. Contava que antes disso, ao redor do intervalo apontado acima, ocorresse
uma queda. Acabou não acontecendo, e isso teve impacto em minhas projeções para
o futuro.
O dólar entrou num movimento de correção e a extensão
depende em qual nível haveria uma reversão. A seguir traço duas possibilidades
sendo a primeira, minha primeira opção.
Conforme se pode verificar a seguir, o dólar estaria na
eminência de uma queda que levaria as cotações ao redor de R$ 3,60/ R$ 3,55,
para em seguida reverter. A partir daí, voltaria a subir para ultrapassar a
máxima de R$ 4,24. Para se beneficiar desse movimento, sugeri um trade, caso o
dólar atinja o nível de R$ 3,97.
Na outra opção, o dólar continua caindo depois de atingir R$
3,55, teria uma resistência nos R$ 3,20, e no máximo, dentro da área apontada
em verde no gráfico abaixo - R$ 2,90 / R$ 2,60. Por esses resultados apontados
pela análise técnica, acredito ser muito difícil o dólar atingir patamares tão
baixos. Uma situação dessas só seria possível se os investidores desacreditassem
na dívida americana, ou seja, mais pelo demérito deles que nosso mérito.
Hoje o SP500 fechou abaixo de 2.600. Eu tinha proposto dois
trades que aguardava uma pequena alta para se concretizar. Essa pequena alta,
virou agora uma alta média, e por esta razão estou cancelando.
O SP 500 fechou a 2.545, com queda de 2,08%; o USDBRL a R$
3,8994, com queda de 0,45%; o EURUSD a € 1,1348, com alta de 0,42%; o ouro a
U$ 1.246, com alta de 0,73%.
Fique ligado!
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