"Flation" é a palavra da moda #SP500
Se
os investidores imaginaram que a inflação seria esquecida, estavam enganados.
Desde a última semana após a reunião do Fomc, começou a especulação sobre
quando o Fed começaria a subir os juros. Se fosse só essa a preocupação,
acredito que o impacto seria bem limitado, pois não existe ninguém na face da
terra que não saiba que estão muito baixos.
O
Deutsche Bank publicou uma matéria apontando a situação global dos bancos
centrais. Em termos de aumentos globais que superam os cortes, estamos agora no
maior diferencial em uma década em uma base contínua de 12 meses, embora em
números absolutos baixos.
Alguns pontos dos dados:
•
Nos últimos 12 meses, na verdade, houve um número historicamente baixo de
movimentos das taxas do banco central em qualquer direção. Nunca os bancos
centrais globais foram tão inativos nesse aspecto.
•
Desde maio de 2012, os bancos centrais globais viram apenas os totais de
aumento de 12 meses excederem os cortes em 10% das ocasiões. Acabamos de entrar
na zona de altas.
•
Os cortes do banco central ultrapassaram de forma esmagadora os aumentos nas
últimas duas décadas.
Um
artigo publicado na Bloomberg destaca os principais pontos do momento.
Todas
as notícias desta manhã são sobre inflação e crises de oferta de vários tipos.
O petróleo está disparando. A China está restringindo o consumo de
eletricidade. Várias medidas de custos de energia na Europa estão atingindo
novos picos mais uma vez. Ah, e aqui está uma ótima história sobre o Brasil —
que fornece uma extraordinária quantidade de alimentos comumente associados ao
café da manhã — sendo abalado por climas extremos, de geadas a secas, e
contribuindo para a escassez.
Aqui
estão alguns pensamentos rápidos sobre tudo isso:
-
Não é 100% óbvio por que todas essas histórias estariam pressionando para cima
os rendimentos dos títulos de longo prazo. Os juros de dez anos atingiram perto
de 1,55% esta manhã, mas na medida em que as pressões de oferta e preço estão
afetando a economia agora, tudo isso vai ser indiscutivelmente um obstáculo e
um motivo para os rendimentos caírem.
-
É possível que o título de 10 anos não esteja diretamente ligado ao que está
acontecendo com inflação / escassez, mas sim à melhora do quadro do vírus nos
Estados Unidos. Os casos dos EUA caíram muito nas últimas semanas, e os
vencedores no mercado têm sido ações ligadas à reabertura como companhias
aéreas.
-
Dito isso, o desejo do banco central de deixar a inflação disparar em busca do
pleno emprego pode já estar terminando. Em uma nota aos clientes Omair Sharif,
da Inflation Insights, escreveu: "É hora de deixar de lado a ideia de que
o Fed está mais preocupado em voltar ao emprego máximo do que em se proteger
contra um excesso de inflação."
-
Em teoria, este seria um bom momento para um acordo fiscal que invista
significativamente na expansão da infraestrutura de energia e contenha
disposições destinadas a reduzir o custo de medicamentos prescritos, juntamente
com outros itens para impulsionar o investimento, aumentar a capacidade do lado
da oferta e a evitar um futuro em que, o rápido crescimento econômico esbarre
automaticamente em barreiras de capacidade. Na verdade, todas essas notícias
sobre inflação e crise de oferta provavelmente tornam a política de aprovação
de um plano de infraestrutura ainda mais difícil.
-
Ah, e finalmente o mercado de ações está basicamente indo muito bem. Neste
momento, os futuros do S&P 500 estão a menos de 3% das máximas históricas desde
o início de setembro. Você decide se isso é um bom sinal ou um sinal de
complacência.
Dá
para notar no artigo que o articulista busca explicações para a alta de juros.
Vou dar a minha: antes de mais nada, vamos todos assumir que o juro é muito
baixo é que seria saudável que subisse. Eu sempre tive um pensamento que taxa
de juros não tem data para subir. Com isso quero dizer que, se é necessário um
aperto, por que não o fazer de uma vez ao invés de esperar longos meses com
doses homeopáticas. Os mercados futuros já antecipam esse aumento — ou uma
expectativa dele. Agindo dessa forma, o Fed evita especulações por tanto tempo
—o único inconveniente é que não pode errar na dose.
Mas
não acho que seja esse o receio, e sim a possiblidade de uma outra flation —
a deflação. Esse seria um caso mais danoso, do qual irei tratar num outro
post. A razão é que existem vários focos de elevação de preços de energia que
estão subindo, está bastante claro que um ciclo global de alta já havia
começado antes da recente mini crise energética. Será que esse novo pico nos
custos de energia significa que os bancos centrais vão acelerar isso (por
exemplo, a orientação do BoE na semana passada) ou vão atingir a demanda o
suficiente para realmente desacelerá-los?
Este
é um período incrivelmente delicado e difícil para os bancos centrais. Como
taxas mínimas, os mercados estão finalmente acordando para o risco / recompensa
assimétrico que se desenvolveu ao longo dos meses de verão, dada toda a
inflação global no sistema e a evidência de que estávamos em um ciclo de alta
global.
Para
se ter uma ideia desse risco em termos globais, o gráfico a seguir relaciona
novos pedidos com os preços das matérias primas. Estão andando em direções
opostas o que só faz sentido num ambiente de estagflação.
A recuperação das economias foi muito rápida e a elevação da demanda de alguns produtos relacionados com a pandemia — trabalho em casa, compra de automóveis e diversos outros —, aliada a estoques extremamente baixos, indicam pelo menos vários meses de escassez. Será bem difícil para os bancos centrais continuar com a retorica do temporário. Nos próximos meses ‘flation” será a palavra da moda, só espero que não seja a pior delas.
No
post simplicidade,fiz os seguintes comentários sobre o SP500: ...” Nesse momento, existem dois cenários, uma correção
que ficaria contida no intervalo entre 4.500/4.200, e outra em que a queda
poderia atingir 3.800 no mínimo, podendo ser maior” ...
No final da semana passada, as bolsas ensaiaram uma reação que poderia indicar novas altas adiante. Mas diferentemente do receio recente da Evermínima, a bola passou para os diversos “flations” como relatado acima.
A
queda de hoje é elevada dado os padrões recentes, desta forma meu cenário passa
a ser dois níveis de queda: pequena e grande (como de costume! Hahaha ...)
1) Pequena: Neste caso, o SP500 deveria atingir uma mínima ao redor de 4.220 e depois disso iniciar um movimento de alta. Isso poderia ocorrer num espaço relativamente curto de tempo (1 semana?)
2 Grande: Neste caso o SP500 poderia ter uma queda mais importante — algo que venho alertando há algum tempo. Um objetivo mínimo se situaria em 3.825, mas é mais provável que seja ao redor de 3.440, uma queda nada agradável superior a 20%.
Como poderemos saber em qual dos casos a bolsa se encontra? Somente acompanhando os movimentos diários e o Mosca é claro.
Minha
opção mais provável é que estejamos no primeiro caso, mas em correções é sempre
melhor ter todas as opções para não se aventurar em compras precipitadas.
Só
para deixar vocês um pouco mais confusos, existe uma outra possibilidade mais benigna,
com chances pequenas dessas quedas não acontecerem. Em todo caso, saberemos
rapidamente.
É
dura a vida de quem usa análise gráfica quando o movimento direcional não está
em ação.
O
SP500 fechou a 4.352, com queda de 2,04%; o USDBRL a R$ 5,4396, com alta de
0,87%; o EURUSD a € 1,1682, com queda de 0,10%; e o
ouro a U$ 1.733, com queda de 0,92%.
Fique ligado!
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