Mudando a escala #eurusd

 


Amanhã serão publicados os dados de emprego dos EUA e como sempre é de grande interesse do mercado. Esse é o ponto que Powell tem mais enfatizado para seguir com sua política de não mexer nos juros, já que tem que repetir ad nauseam que a inflação é temporária. Ontem foi publicado o dado do ADP, antigamente considerado como um indicador do resultado oficial. Por que antigamente? Porque as distorções têm sido muito grandes entre ambos como se pode a seguir.

O banco Morgan Stanley prevê um aumento de novos postos de 725 mil para amanhã.



As razões para que o Fed se atenha a esse resultado é que acredita que as pessoas que perderam o emprego no ano passado irão retornar ao mercado de trabalho. Muito se tem discutido sobre esse assunto. Existe uma corrente acreditando que o encerramento este mês dos benefícios oferecidos à população, por conta da pandemia, em diversos casos maiores que os salários, provocará um retorno de mão-de-obra ao mercado; outros entendem que as pessoas mudaram e que agora sua fonte de renda pode ser outra, o que ocasionaria um não retorno. O gráfico a seguir mostra que, ainda que todos retornem, faltariam muitos meses para que se volte ao nível pré-pandemia.



Mas sobre o assunto inflação, me deparei com uma ideia bizarra, que foi publicada no Wall Street Journal em um artigo escrito por Greg Ip.

Em ‎‎um discurso muito esperado‎‎ na semana passada, o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, explicou longamente por que a inflação, agora acima de 4%, voltaria em breve à meta de 2%.‎

‎Ele não se debruçou sobre o que aconteceria se não acontecesse. Uma estratégia que ele ou seu sucessor deve considerar nessa eventualidade é simplesmente elevar o alvo.‎

‎Por que uma inflação mais alta seria uma coisa boa? A teoria econômica diz que uma inflação modestamente maior e estável deveria significar recessões cada vez menos severas, e menos necessidade de ferramentas exóticas, como a compra de títulos do banco central, que pode inflar bolhas de ativos. Mais praticamente, se a inflação acabar mais perto de 3% do que 2% no próximo ano, elevar a meta dispensaria o Fed de aumentar as taxas de juros para baixar a inflação, destruindo empregos no processo.

Os bancos centrais há muito concordam que a inflação deveria ser baixa, mas não zero. Os dados oficiais provavelmente superestimam o custo de vida, de modo que uma taxa de inflação zero pode, na realidade, corresponder a uma ligeira deflação. Um pouco de inflação também atua como lubrificante do mercado de trabalho. Com o tempo, a inflação mais alta tende a traduzir, elas por elas, em salários mais altos. Em tempos ruins, porém, a inflação permite que um empregador corte as despesas de pessoal congelando os salários, para que a inflação reduza gradualmente os salários reais. Isso não é possível com inflação zero: o empregador teria que cortar empregos ou salários, o que é desmoralizante e profundamente impopular.‎

‎Desde que a Nova Zelândia iniciou as metas formais de inflação em 1990, os bancos centrais da maioria dos países desenvolvidos se fixaram em 2% ou em uma faixa centrada nesse nível. O Fed estabeleceu sua meta de 2% em 2012, formalizando o que vinha fazendo há décadas.‎

‎No entanto, assim que 2% se tornaram o padrão, começaram a questionar se esse número era apropriado. O motivo: com o tempo, a inflação e as taxas de juros tendem a se mover juntas. A inflação mais baixa implica taxas de juros nominais mais baixas e, portanto, menos espaço para cortá-las em uma recessão. Desde o início dos anos 2000, isso se tornou um problema agudo. As taxas reais — a taxa nominal menos a inflação — caíram globalmente, provavelmente devido à fraca produtividade, ao envelhecimento populacional e à poupança elevada. Como resultado, os bancos centrais que tentam apoiar suas economias mantiveram as taxas perto de zero por anos e recorreram à compra de títulos ou taxas de juros negativas, ambas controversas, para compensar.‎

‎Em 2010, Olivier Blanchard, então economista-chefe do Fundo Monetário Internacional, ‎‎sugeriu que esse problema poderia ser resolvido‎‎ com uma meta de inflação de 4%. Embora as evidências empíricas dos benefícios dessa abordagem sejam escassas, destaca-se que a Austrália, onde a meta de inflação é de 2% a 3% em vez de 2%, experimentou relativamente menos recessões e menos tempo com taxas de juros próximas de zero.‎

Os defensores de uma meta mais alta, no entanto, há muito tropeçam num obstáculo prático: o Fed atingia persistentemente menos que 2%. Como conseguiria atingir um número ainda maior? Era como pedir a uma pessoa acima do peso, que nunca tinha conseguido perder 20 quilos, para agora perder 30.‎

‎Com a inflação atualmente em 5,3% com base no índice de preços ao consumidor, ou 4,2% ‎‎usando o índice preferido do Fed, ‎‎esse obstáculo pode se tornar irrelevante em breve. É claro que a maioria dos economistas concorda com Powell que a inflação saltou apenas temporariamente e cairá para pouco mais de 2% em um ano. No entanto, os mercados de derivativos no mês passado atribuíram uma probabilidade de 40% a uma inflação com média superior a 3% nos próximos cinco anos, de acordo com o Fed de Minneapolis.‎

Outro obstáculo para elevar a meta é que o Fed não planeja rever seu modelo de política por vários anos, tendo ‎‎no ano passado reformulado o modelo‎‎ para atingir a meta de inflação média de 2%. Já que ficou abaixo de 2% por alguns anos, eles agora querem que fique acima de 2% por um tempo. De fato, o público pode concluir que quando a inflação subir, o Fed simplesmente mudará o alvo. O resultado seria uma espiral ascendente autorrealizadora da inflação esperada. Também não está claro se a inflação de 3% atende ao mandato do Federal Reserve Act para preços estáveis.‎

‎"Eu só não acho que alguém está pensando nisso neste momento", disse o presidente do Fed de Chicago, Charles Evans, a repórteres quando perguntado no mês passado sobre o aumento do objetivo. "Eu acho que é muito importante que quando dizemos: 'Queremos ter 2% em média ao longo do tempo', nós realmente consigamos isso."‎

‎Mas se no final do próximo ano a inflação parecer presa a 3% ou mais, uma meta maior parecerá muito mais atraente. Wilcox diz que os enormes benefícios econômicos que ele e o Sr. Reifschneider projetam de passar de 2% para 3% de inflação são aproximadamente equivalentes aos custos que os EUA teriam que suportar por fazer o oposto.‎

Embora o presidente Biden tenha deixado o Fed em paz, muitos de seus conselheiros aplaudiriam um alvo maior. Três deles, Heather Boushey, Jared Bernstein e Gene Sperling, estavam entre os signatários de uma carta de ‎‎2017‎‎ ao Fed pedindo uma "séria reavaliação" de sua meta de 2%. Um quarto signatário, o economista-chefe da AFL-CIO, William Spriggs,‎ está sendo cogitado para um assento no Conselho da Reserva Federal. Um quinto signatário, Jason Furman, que presidiu o Conselho de Conselheiros Econômicos do presidente Obama e agora está na Universidade de Harvard, disse em uma entrevista que acredita que a inflação provavelmente estará perto de 3% ao ano a partir de agora, e nesse caso o Fed deveria elevar sua meta para cerca de 3%. ‎

‎Se as pressões de preços de hoje não se mostrarem transitórias, você ainda vai ouvir muito mais gente falando isso.

Os argumentos usados para justificar um “ajuste” no objetivo são a meu ver de segunda ordem. Acredito que esses profissionais que estão sugerindo isso não viveram na década de 70, ou melhor, não viveram aqui no Brasil. A inflação é um mal para a sociedade, só beneficiando os devedores que normalmente são os governos.

Uma postura leniente em relação à inflação pode ter consequências muito piores. Agora, não venham os economistas colocar na mesa que a deflação é o risco a ser evitado, pois isso não se encaixa na situação mundial atual, onde você se depara com a inflação subindo — mesmo o Japão, que nem sabe o que é isso, observou elevação, ainda que pequena.

É verdade que se poderia questionar por que 2% é um bom número; quem estabeleceu esse parâmetro provavelmente se baseou em algum estudo acadêmico, o que por si só é bastante teórico. Mas a compreensão global o aceitou como correto, e mudar agora não me parece ser o momento, quando a inflação está subindo.

Todos os bancos centrais sabem que a expectativa da inflação futura é que é importante; se as pessoas acreditarem que a inflação é ascendente no futuro, irão agir nesse sentido buscando na margem antecipar compras e tomar empréstimos a taxas pré-fixadas. Essa atitude em escala generalizada eleva a inflação.

Na opinião do Mosca, se o Fed mudar agora vai perder credibilidade e o efeito será contrário ao desejado. Talvez uma medida mais “esperta” seria medir a inflação quinzenal em 2%, por que tem que ser mensal? É melhor deixar bem claro que essa é uma ideia chistosa!  

No post mês-do-cachorro-louco, fiz os seguintes comentários sobre o euro: ... “Tudo indica que deva reverter nessa região, mas nada impede que caia mais mesmo sem eliminar a visão de alta. Como informativo, é possível a correção atingir até  1,1430, e somente abaixo eu deveria rever minhas premissas” ...



À primeira impressão, me pareceu pré-matura uma sugestão de compra para o euro, porém o detalhamento se revelou mais promissor. Do ponto de vista técnico, a quantidade de notações em verde é grande. Assim como na escola, se você tira muitas notas boas — e não colou! — é muito provável que está dominando a matéria. Aqui, essa indicação aponta para uma análise, provavelmente correta, de que esse ativo está seguindo conforme o esperado.



A linha tracejada em azul deveria ser a trajetória a ser seguida até atingir 1,2025, em seguida apresentar uma correção onde eu vou explicitar uma sugestão de trade. No meio do caminho, é fundamental que ultrapasse o nível de 1,1914.

- David, se vai subir porque não compra já?

Eu acabei me atrasando, deveria ter sugerido quando do rompimento de 1, 1780, não que fizesse muita diferença, mas o stop loss seria mais confortável. Nesse momento ficaria num meio termo, sem um resultado muito relevante. Desta forma, prefiro que o movimento esteja completo dando mais segurança.

Vamos acompanhar torcendo para que o euro continue obtendo mais verdinhas no gráfico.

O SP500 fechou a 4.536, com alta de 0,28%; o USDBRL a R$ 5,1805, sem variação; o EURUSD a 1,1873, com alta de 0,30%; e o ouro a U$ 1.809, com queda de 0,25%.

Fique ligado!

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