Olho no Call Center #ibovespa
Ontem
almocei com um executivo de banco que conheço há mais de 30 anos. Há 25 anos
mudou-se para o exterior decisão essa que se mostrou acertada. Depois de 18
meses sem retornar ao Brasil, por conta das restrições da pandemia, decidiu que
chegou a hora — não que esteja arrependido por essa diminuição de viagens. O
mais surpreendente, porém, foi que mesmo assim o lucro do banco foi recorde no
ano passado, indicando que a sua ausência física não teve nenhum impacto em
seus negócios – melhorou? Hahaha ...
Durante
esse período, comentei que a revolução digital — como denomino o momento que
vivemos — está criando empresas do nada e ao mesmo tempo ameaçando grandes
conglomerados, a tão conhecida destruição criativa descrita pelo economista
Schumpeter. Dei como exemplo o que já vem ocorrendo com as empresas de petróleo
e, por que não, com os bancos.
Hoje
vou trazer duas observações que vão nesse sentido. No site ZeroHedge, Tyler
Durden relata sobre a queda nas viagens de negócios que tendem a se tornar
definitivas — em linha com o relato do almoço.
Todo
mundo já viu alguma versão do gráfico a seguir, mostrando que um ano e meio
depois da chegada da pandemia do Covid, o tráfego de companhias aéreas medido
pela TSA é aproximadamente 80% de onde deveria estar.
Mas o que o gráfico acima não distingue é o abismo que se abriu entre as viagens da classe econômica e da classe executiva.
Um
novo estudo da American Hotel & Lodging Association (AHLA) descobriu que o
aumento do número de casos de COVID-19 associados à
variante Delta fez com que os viajantes de negócios planejassem menos
viagens.
De
acordo com a pesquisa realizada pela Morning Consult, 67% dos viajantes de negócios
planejam fazer menos viagens, 52% provavelmente cancelarão
os planos de viagem existentes sem reagendar e 60% devem adiar os planos de
viagem existentes. Enquanto isso, outros
66% dos entrevistados provavelmente só viajarão para lugares se
puderem ir de carro.
Como
observa a Travel Pulse, embora as viagens de lazer tenham aumentado durante o
verão, a perspectiva de longo prazo para
viagens de negócios e eventos não deve voltar aos níveis
pré-pandemia até
2024, no mínimo. Como resultado, os hotéis devem
terminar 2021 com uma queda de quase 500 mil empregos em relação a 2019.
"Os
hotéis já estavam perdendo mais receita de viagens
de negócios este ano do que em 2020", disse o
CEO da AHLA, Chip Rogers. "E agora o aumento dos casos de COVID-19 ameaça
reduzir ainda mais a principal fonte de receita para nossa indústria."
Viajantes
propensos a participar de
grandes reuniões e eventos também
foram entrevistados, com 71% dizendo que participariam de menos eventos
presenciais devido a preocupações com coronavírus
e 67% provavelmente teriam reuniões ou eventos mais curtos.
O
estudo também descobriu que 59% dos entrevistados
provavelmente adiarão as reuniões ou eventos existentes,
enquanto outros 49% disseram que provavelmente cancelarão
reuniões ou eventos existentes sem planos para
reagendar.
A
notícia é devastadora para a maioria das companhias
aéreas,
que geram a maior parte de seus lucros em viagens de classe executiva, já que a
classe econômica mal se paga. Infelizmente, em um mundo onde a maioria das
interações comerciais mudaram para chamadas de
zoom, esta é a nova realidade das companhias aéreas.
O
lado bom: é apenas uma questão
de tempo até que as companhias aéreas
não
tenham escolha a não ser reduzir os preços
para a executiva e a primeira classe até encontrarem um nível
apropriado de demanda não subsidiada que acabe preenchendo essas classes.
Um outro movimento acontece nas empresas de startups,
conforme relatado por Matthew Parsons no site Skift
Startups
financiadas por capital de risco nos EUA estão trocando escritórios por viagens
em grupo ao término de seus contratos de locação.
As
despesas de viagem estão agora "explodindo", segundo a empresa de
contabilidade Kruze
Consulting,que vem analisando os
padrões de gastos de 400 startups desde o início de 2019.
Apenas 60% das startups estão atualmente pagando aluguel, e esse valor deve diminuir, já que muitos esperam não renovar seu contrato quando vencer. No primeiro trimestre de 2019, 85% tinham despesas de escritório "Eles estão reduzindo seus espaços em favor de uma força de trabalho remota/híbrida contínua", disse a empresa.
A
despesa média trimestral de aluguel também
é
a mais baixa até agora, em US $ 21.000 por trimestre por
empresa. Durante o quarto trimestre de 2019 foi de US $ 32.000
Os
provedores de espaço de co-working seriam logicamente os beneficiados, mas
acontece que o dinheiro está indo para os bolsos dos anfitriões do Airbnb.
"As empresas com quem conversamos estão alugando grandes Airbnbs e
trabalhando pessoalmente fora dos sites com toda a empresa ou grupos
específicos, como os de produto ou de engenharia", acrescentou a empresa.
O
Airbnb não fez segredo de sua procura por mais hóspedes
corporativos nos últimos anos, mas nos últimos
meses aumentou esses esforços, com um novo recurso que permite
aos hóspedes verificar a velocidade wi-fi da
propriedade e uma campanha pelos
nômades digitais.
Estadias
de 28 dias ou mais também foram a categoria de viagem que mais
cresceu no segundo trimestre, com o CEO Brian Chesky dizendo que
acredita que o trabalho remoto está "aqui para ficar".
Essas
duas situações estão relacionadas, dentro do conceito de mudanças ocasionadas
pela Revolução Digital. A primeira é sobre empresas estabelecidas mudando a
forma de se relacionar com seus clientes, enquanto a segunda afeta diversos
segmentos como: imobiliário, restaurantes etc. Ambas, porém, põem em risco
empresas ou negócios bem estabelecidos.
O
nome dado ao post de hoje tem uma razão. Se você quer saber se existem mudanças
de atitude das pessoas, observe o call center dessas empresas: se a quantidade
de ligações diminui, pode ter mudança acontecendo. Ah, observe também o que
ocorre on-line, pois é por onde as pessoas estão preferindo se comunicar —
outra mudança!
No
post espantoso, fiz os seguintes comentários sobre o Ibovespa: ... “ No gráfico acima, minha ideia continua válida por
enquanto: no momento estaríamos na onda 4 em verde, que depois ganharia impulso
com a última queda, levando o Ibovespa entre 112.5 mil/110.8 mil. Para que uma
chama de otimismo se acenda, é necessário que a bolsa atinja 123.3 mil na
sequência, ou seja, a queda esperada não aconteceria” ...
A situação no Brasil contínua de mal a pior, com o presidente Bolsonaro querendo dar uma de mártir ao elencar que só tem 3 opções: estar preso, estar morto ou vencer, me parece que está percebendo ter poucas chances de sucesso. Essa é uma notícia ruim para o Lula, pois enquanto ocorrer uma opção entre os dois, a chance do segundo é maior. Se Bolsonaro cair fora, um terceiro candidato pode agregar votos dos dois.
No
front econômico, o Jurídico se mete em decisões que vão na contramão do
necessário, induzindo aumento do déficit público, enquanto a inflação não está
dando sossego, deixando o banco central encilhado na rota que se colocou em ter
que subir os juros. Tudo isso é o que se denomina de tempestade perfeita.
Está
tudo tão ruim que as notícias boas não aparecem, como a velocidade de vacinação
da população em ritmo impressionante e com consequente queda no número de casos
e internações. O humor está tão negro que todos esperam um aumento de casos — o
que pode não ocorrer.
Em
termos de bolsa brasileira, na última semana houve uma pequena queda, não
ocasionando nenhuma alteração no cenário colocado acima.
Como podem notar acima, os gráficos são muito semelhantes. A única observação que faço seria que, terminado esse movimento de queda, um novo de alta deve se suceder, o que poderia levar o Ibovespa a níveis muito superiores. Não quero me adiantar, porém posso dizer que seria bem acima da máxima de 131.190 atingida em junho.
O
SP500 fechou a 5.524, sem alteração; o USDBRL a R$ 5,1884, com alta de 0,79%; o
EURUSD a € 1,1838, com alta de 0,27%; e o ouro a U$ 1.813, sem variação.
Fique
ligado!
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