Conclusões precipitadas #ibovespa
Ontem
comentei que a economia não é uma ciência exata, e essa afirmação é visível em
situações do dia a dia. Hoje pela manhã me deparei com um artigo publicado por
Ben Carlson no site A Wealth of Common Sense: Por que há quase U$ 10 trilhões
rendendo nada em contas de poupança?
De
acordo com o Bankrate, a taxa média
de juros para uma conta de poupança agora é de 0,06%.
Usando
a regra de 72 para essa taxa de retorno, isso significa que são 1.200 anos até
ver seu dinheiro dobrar.
Acho
ótimo pensar e agir pensando no longo prazo, mas acho que vai demorar para ver
a raça humana transformada em vampiros.
Os
rendimentos das contas de poupança estão atrelados à Taxa dos Fed Funds, que
atualmente está fixada em 0%, então faz sentido que esses rendimentos sejam tão
baixos.
Aqui
está algo que talvez não faça sentido:
O
mercado de ações dos EUA vale perto de US$ 50 trilhões,
então a quantidade de dinheiro parado é
significativa.
Há
uma série de razões diferentes para que
tanto dinheiro resida em contas de poupança que não ganham nada. Alguns são
de natureza comportamental. Alguns fazem sentido aparente. Alguns são
irracionais.
Aqui
estão as maiores razões pelas quais temos quase
US $ 10 trilhões ganhando quase nada em contas de poupança no momento:
Apetite
por risco. Algumas pessoas simplesmente
não
têm
estômago para o mercado de ações
ou outros ativos de risco. Então o dinheiro deles está
em um banco sem ganhar nada.
Não
há muitas boas
alternativas. Em vez de dinheiro parado
em uma conta bancária sem ganhar nada, você
poderia investir em títulos. Mas os títulos
têm
o risco da taxa de juros – se você compra um título de longo prazo e a taxa
sobe, fez um mal negócio.
Você
poderia investir em ações, mas o mercado de ações é volátil e pode
cair de repente.
Você
pode investir em stablecoins ou criptomoedas, mas a criptomoeda ainda é
altamente desregulamentada, volátil e relativamente nova.
Você
pode investir em ações preferenciais, ou conversíveis,
ou REITs, ou ações que pagam dividendos, ou alternativos
líquidas ou qualquer outro número de opções de investimento.
Mas
todos eles estão sujeitos a riscos, visíveis ou invisíveis.
Se
o seu dinheiro está parado em uma conta bancária
e você não gosta dos rendimentos oferecidos, não
há
alternativas fáceis disponíveis que ofereçam a mesma segurança e tranquilidade.
De
longe, a decisão mais fácil que você
pode tomar, se tiver dinheiro parado em uma conta de poupança,
é
movê-lo para uma conta de poupança
online ou em cooperativa de crédito onde oferecem taxas mais altas.
O
problema é que isso ainda não
é
muito diferente no final das contas.
Segurança,
segurança. Muitas pessoas mantêm
dinheiro em uma conta poupança porque estão mais preocupadas com o retorno do capital do que com o
retorno sobre
o capital.
E
não
há
nada de errado com essa linha de pensamento.
Se
você precisa do seu dinheiro para um propósito
específico em um período
relativamente curto de tempo, os riscos tendem a superar os retornos quando se
trata de arriscar esse capital.
Independentemente
do nível de taxas de juros, sempre haverá
um bom dinheiro em contas de poupança por causa disso.
A
inércia. Trocar de conta
bancária é um saco. Uma vez que você já configurou todos os números de sua
conta e vinculou sua conta bancária a pagamentos de contas de contas, contas de
investimento e tal, não é muito divertido fazer isso tudo de novo.
Então
a maioria das pessoas simplesmente para quieta e não faz nada.
É como trocar seu dentista. Você
pode não gostar do atendimento que recebe no dentista
ou dos serviços mais caros que ele está sempre propondo. Mas quantas pessoas
passam pelo processo de encontrar um novo consultório de dentista? É
mais fácil ficar quieto.
A
mesma coisa se aplica a contas bancárias.
A
inércia continua sendo um dos maiores
impedimentos à mudança comportamental, então
trilhões de dólares permanecem em contas
poupanças sem ganhar nada.
O artigo cita diversos motivos pelo qual um volume
muito expressivo se encontra numa conta bancária rendendo 0%. Se esse dinheiro
se deslocasse para a bolsa de valores, poderia ocasionar uma alta expressiva, ainda
que lenta.
O que chamou minha atenção é que esse processo de
acumulação já ocorre há um bom tempo. De forma visual, em 2.000 o montante de
U$ 1,0 trilhão cresceu 10 vezes desde então, e desde os U$ 3,0 trilhões de 2010
houve um crescimento de mais de 3 vezes.
Busquei um histórico das taxas de juros para o período. Notam-se dois períodos bem distintos, até 2009 e depois dessa data. No primeiro período os juros não eram tão baixos, poderia até estimar ao redor de 3% na média; em compensação, depois dessa data, praticamente 0%.
Já uma pesquisa sobre a evolução da bolsa observando o SP500 apresentou retornos inversos, no primeiro período — até 2009, o resultado foi negativo em torno de -22%, enquanto depois dessa data apresentou uma alta expressiva de mais de 500%.
Uma análise mais lógica deveria sugerir que os depósitos subiriam até 2009 e após essa data deveriam cair, mas o que se observou foi um incremento durante esses 20 anos, e ao contrário, subiram de forma igualitária: de U$ 1,0 para U$ 3,0 trilhões, e de U$ 3,0 trilhões para U$ 10 trilhões, praticamente a mesma proporção.
Observando
esses dados, sou levado a concluir que o motivo para esses recursos estarem
estacionados não tem nada a ver com retorno. O que poderia justificar recursos
equivalentes a 50% do PIB parados?
Aí
vem o tema de hoje. Se você fizesse uma pesquisa com 10 economistas e não revelasse
o histórico, mas somente os dados atuais, imagino que todos diriam que a maior
parte desses recursos iriam para a bolsa de valores, e é logico que tivesse
sido assim. Mas o ser humano não segue apenas a lógica, a emoção sempre se
conjuga, sendo que em alguns momentos predomina a primeira e em outras a segunda.
Não
consigo saber o motivo que essas pessoas têm para deixar tanto dinheiro “embaixo
do colchão”, mas tudo indica que ficaram por aí, sendo assim não adianta ficar
animado acreditando que esse dinheiro vai para o risco; não foi no passado, nada
indica que iria agora. Isso poderia se modificar caso cessasse o receio
implícito nessa decisão.
Nós
no Brasil temos uma situação distinta, os recursos estacionados na poupança
ainda rendem algo mais concreto que a situação americana.
Todavia,
essa decisão baseada em fatores não racionais tem impacto no longo prazo sobre
o patrimônio de cada um, e se o valor proporcionalmente estacionado no 0% for
elevado, pode afetar a aposentaria desses indivíduos, ainda mais nesse momento
em que a inflação se elevou.
Quando
o assunto é dinheiro, cuidado com conclusões precipitadas.
No
post bitcoin-rereprovado, fiz os seguintes comentários sobre o Ibovespa: ... “ leva
a bolsa brasileira no caminho dos objetivos traçados anteriormente entre
112.500/111.200, o que já não está tão distante” ...
Desde a última atualização, a bolsa atingiu a mínima de 112.435, muito próxima do intervalo citado acima. Depois da “carta do Temer”, recuperou uma pequena parte das perdas que ocorreram desde junho último. No curto prazo, surgiu um pequeno alento técnico; em todo caso, mais ganhos são necessários que vou indicar a seguir.
Uma ultrapassagem do nível de 117.270 seria um bom indicador para imaginar que, um novo movimento de alta poderia estar em curso — o grifo é para que meu amigo não mergulhe de cabeça. Por outro lado, uma queda abaixo de 112.430 indicaria que a correção não terminou.
Se
o presidente Bolsonaro nomeasse o ex-presidente Temer como seu Assessor para Todos
os Assuntos e lhe dessa “carta cinza”, garanto que o mercado receberia esse
movimento com festa. Até fiquei pensando se o Temer poderia aceitar o cargo de vice
do Bolsonaro nas próximas eleições; afinal, ele conhece como ninguém essa
função, além de ficar com uma opção de compra do próximo mandato — acredito que
não existe país no planeta que tenha tido tantos impeachments! Hahaha ...
Amanhã
não haverá publicação do Mosca. Retorno nesta sexta-feira.
O
SP500 fechou a 4.480, com alta de 0,85%; o USDBRL a R$ 5,2409, sem alteração; o
EURUSD a € 1,1814, com alta de 0,10%; e o ouro a U$ 1.792,
com queda de 0,67%.
Fique
ligado!
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