Fora da Mosca #ouro #gold

 

Quem é leitor antigo sabe que tenho minhas restrições em relação as projeções de economistas, costumo dizer que eles trocam de opinião como eu troco de camisa. Vou incluir mais uma categoria nesse hall os analistas do Sell Side1 que costumam publicar suas projeções dos resultados das empresas bem como dos índices de bolsas. Eles trabalham dentro de corretoras e através desses relatórios geram negócios com os clientes.

1 Existe outra categoria de analistas chamados de Buy Side que basicamente fazem o mesmo trabalho, mas para uso dos fundos de investimentos e investidores institucionais, criando seus próprios critérios para execução de suas carteiras.

Ao ler um artigo de Jonathan Levin na Bloomberg me deparei com uma tabela contendo as projeções do SP500 publicados por diversos analistas, em maio de cada ano, comparando com o realizado no final do ano. Fiquei admirado com as diferenças observadas. Embora o objetivo desse material é apontar as falhas que emergem das projeções dos lucros das empresas neste ano, eu poderia generalizar para todos os anos.

Os estrategistas de ações de Wall Street acham que os lucros resilientes manterão as ações flutuantes até o final do ano, mesmo quando o Federal Reserve elevar as taxas de juros. Se eles estiverem certos, o Índice S&P 500 parece uma pechincha, mas rachaduras sérias estão surgindo em suas teses de lucros.‎

‎Uma pesquisa da Bloomberg publicada esta semana mostrou que o estrategista médio projeta que o índice terminará o ano em 4.743, uma alta implícita de 21% em relação ao fechamento de quarta-feira, após o índice cair mais de 4% no dia. Com o pensamento, os lucros se mantiveram até agora, e os estrategistas ainda projetam que terão um crescimento de cerca de 10% no ano, embora o índice tenha caído cerca de 18% no ano até agora — uma proposta sedutora para os investidores sentados em caixa e se perguntando quando voltar as ações.‎

No entanto, a tendência de revisões dos estrategistas pode importar mais do que o nível real das previsões, e mais ajustes para baixo podem estar para ocorrer após os desenvolvimentos desta semana. Walmart Inc. e Target Corp. cortaram suas perspectivas de crescimento esta semana, mostrando que mesmo as lojas conhecidas por barganhas permanecem vulneráveis à maior inflação em 40 anos. O Walmart agora projeta que os lucros cairão 1% este ano em comparação com estimativas anteriores de ganhos de um dígito. A Target, por sua vez, cortou sua margem de lucro operacional projetada para "cerca de 6%" de um "8% ou mais" anterior. Em ambos os casos, as empresas estão provando contos de advertência: Na maioria das vezes, custos mais altos estão compensando vendas resilientes na mesma loja.‎

‎Talvez sem surpresas, os estrategistas são decentes em projetar o destino do S&P em tempos normais, mas o consenso muitas vezes está errado — ou pelo menos excessivamente lento para se ajustar — quando as perspectivas ficam confusas. ‎

Na série de 23 anos, as projeções de maio dos estrategistas pesquisados pela Bloomberg subestimaram o valor real do índice de final de dezembro 14 vezes e superestimaram-no nove vezes. Mas as subestimações eram muitas vezes chamadas próximas, e algumas das ultrapassagens eram flagrantemente erradas, incluindo mais notavelmente em 2008 e todos os anos do período ponto-com. Se você acha que há uma chance de 2022 se juntar a esses anos ignominiosos na história do mercado, é melhor ignorar o consenso.‎

‎Os últimos anúncios da Target e do Walmart mostram que a inflação já está pressionando os lucros, e isso sem considerar a possibilidade de uma recessão. Embora as perspectivas dos estrategistas enfatizem o potencial positivo para as ações, a última semana é um lembrete de que há muito risco no lado negativo, também.‎


As células destacadas na tabela acima correspondem a períodos recessivos no qual a diferença é marcante, por outro lado os períodos em que os lucros foram subestimados (com sinal negativo na última coluna) a magnitude é bem inferior. Eu elaborei um cálculo considerado o valor absoluto do erro nesse período de 23 anos, a razão de usar esse critério e para ter uma ideia do erro independente se é para mais ou para menos. O resultado obtido é de 14%, ou seja, em média os analistas erraram em 14% os lucros, com desvio padrão de 2,5%.

Considerando que é uma somatória de 500 empresas, isso relativiza os extremos que poderiam ter um impacto maior no resultado, ou seja, a amostra de empresas é suficientemente grande para suportar eventuais desvios substanciais de uma ou outra. Chego à conclusão que é considerável.

Não posso deixar de mencionar que a projeção leva em consideração outros fatores que não só o lucro, tais como o risk Premium2no cálculo do valuation. Usando esse critério fica implícito um P/L calculado que pode diferir bastante com o que o mercado precifica. De forma ilustrativa veja a seguir a queda que ocorreu no indicador esse ano.

2 Risk Premium é o retorno do investimento que se espera que um ativo gere acima da taxa de retorno livre de risco. Representa o pagamento aos investidores por tolerarem o risco extra em um determinado investimento em relação ao de um ativo livre de risco. Normalmente o ativo livre de risco é a taxa implícita nos títulos do governo.


Independente dessa considerações eu pergunto qual a utilidade da projeção? Talvez a melhor resposta seja um balizamento, mas que raramente acerta. Daqui em diante quando vocês observarem uma projeção do SP500 por exemplo em 3.700 para esse ano, e adotando um intervalo de confiança de 67% - 2 desvios padrões - o resultado esperado estaria entre 3.000 e 4.300. Que tal, ajuda em algo?

Nota: aos leitores que tem especialidade em matemática e principalmente em estatística peço que não levem a ferro e fogo meus cálculos, pois fiz uma boa simplificação para que os outros leitores pudessem entender. Como o objetivo não é a matemática, considero razoável minha facilitação.

No post sempre-tem-um-motivo, fiz os seguintes comentários sobre o ouro: ... “cheguei a 2 pontos a serem observados no curto prazo: 1) mais quedas possíveis com objetivo final de U$ 1.833, caso o nível de U$ 1.878 seja rompido; 2) nesse outro caso o ouro tem que ultrapassar o nível de U$ 1.907, sem que antes caia abaixo de U$ 1.878” ...


O ouro acabou retrocedendo mais do que eu havia imaginado ficando muito próximo da invalidação desse cenário ao atingir a mínima de U$ 1.786. Eu acabei destacando qual seria esse nível de invalidação com o sinal verde no gráfico abaixo, que continua valido. Como o metal ganhou algum terreno desde então, é necessário que readquira o nível de U$ 1.909 (destacado) para ter chance eu considerar novamente como preferencial.


A queda ocorrida fez com que eu alterasse minha preferência adotando outra possibilidade mencionada no post ...” a alta ocorrida em março que levou o ouro a U$ 2.069 não foi nada mais que um spike que resultaria numa queda nos próximos meses ao redor de U$ 1.650” ... Como ficaria o quadro nesse caso? Uma sequência de quedas de acordo com a linha em laranja, culminado com um objetivo ao redor de U$ 1.637.


Esse é mais um exemplo onde a precipitação pode levar a erros como meu amigo me sugeriu no post acima. Não que a tentativa fosse invalidar, seria uma forma de atuar com um stop loss limitado. Para que entendam meu raciocínio classifico a entrada de uma posição em 2 casos:

1)      Bumbum da Mosca – Você pode atuar quando um mercado atinge um nível considerado bastante provável de reversão. Nesse caso, seu stop loss deve-se localizar no ponto da mínima imediatamente anterior. Se der certo seu lucro será maior.

2)      Prudente – Espera-se que a mínima seja atingida e na sequência a formação de 5 ondas no sentido contrário, em seguida, na correção que se sucede executa-se a ordem, o stop loss será estabelecido na mínima. Se der certo seu lucro será menor.

No caso específico, meu amigo queria adotar o Bumbum da Mosca e eu pretendia o Prudente que não foi executado.

Daqui em diante vou me referir a esses casos quando sugerir um trade.

O SP500 fechou a 3.900, com queda de 0,56%; o USDBRL a R$ 4,9219, com queda de 0,94%; o EURUSD a 1,0583, com alta de 1,12%; e o ouro a U$ 1.841, com alta de 1,43%.

Fique ligado!

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