Giro de 360º #nasdaq100

 

É muito raro acontecer mudanças de rumo drásticas nos mercados como as que ocorreram esta semana. As bolsas subiram na quarta-feira após anúncio do Fed e devolveram toda alta ontem, um giro de 360º. Um leitor me perguntou se eu iria comentar sobre esse assunto. Barry Ritholtz comentou sobre esse acontecimento em seu site The Big Picture.



A Força‎ estava com os mercados na quarta-feira: o rali monstro foi o primeiro movimento de ~3% mais elevado que vimos em um bom tempo. O S&P 500 ganhou 2,99%, o Nasdaq de alta tecnologia subiu 3,19% e o Russell 2000 avançou 2,69%.‎

‎A mudança pode ter sido uma surpresa para alguns, mas dado o quão vendidos e descontroladamente negativos os traders estavam, não deveria ter sido diferente. Isso não é viés de retrospectiva, mas simplesmente o que escrevi no dia anterior em ‎‎Muitos Ursos‎‎: "‎‎Toda essa negatividade e esse aumento no sentimento de baixa me faz querer comprar ações com as duas mãos‎‎."‎

‎Mas isso é uma opinião de trader, não uma recomendaçã para alocação de ativos — estou feliz por ter acrescentado a ressalva "‎‎Mas, infelizmente, a prudência requer uma abordagem mais refletida. Independentemente de seus desejos, qualquer indicador por si só raramente é suficiente para promover uma mudança substancial nas alocações de portfólio. Simplesmente há muitas partes móveis para confiar em uma única variável‎‎."‎

‎O que nos leva ao tema espinhoso do Timing de Mercado, e o que o torna tão desafiador. Como observado ‎‎ontem‎‎:‎

‎O timing de mercado é ainda mais difícil‎‎: há muitas razões para isso, mas talvez a mais convincente seja que os maiores dias de altos e baixos tendem a ser agrupados um perto do outro. Condições de sobrecompra levam a vendas maciças conhecidas como (rsrs) realização de lucro; condições de sobrevenda levam a altas súbitas logo em seguida , mas a tendência de longo prazo é onde o verdadeiro capital se altera.‎

‎Ontem é um exemplo perfeito disso: as perdas de ontem são uma imagem espelhada dos ganhos da quarta-feira. Uma das melhores formas de visualizar esse fenômeno é no número de dias com altas de 2% e 3%. Como mostra o gráfico acima, os maiores dias de ascensão tendem a se agrupar em torno de grandes dias de baixa ou durante mercados de queda intensos. Em 2008, vimos 30 dias de rali de +2% e quase 20 dias de +3% em um ano em que o S&P500 caiu 38,5%. Um monte de grandes dias de alta em 2009 também, que viu o mercado cair mais 30% antes de reverter em março e depois subir para terminar o ano +23,5%. E ação semelhante foi vista em 2020, quando uma queda de 34% levou a um ano que terminou em alta de 16,3%.‎

‎Eu dei tantas boas recomendações de mercado na minha carreira como qualquer um poderia esperar em uma carreira financeira, e apesar disso, eu não tenho nenhum interesse em jogar alguns bilhões de dólares baseado no meu instinto. Por mais que mamãe insista que sou brilhante, como dá para saber quantas dessas recomendações são habilidade e quantas são sorte?‎

‎Resposta curta: ‎‎não dá‎‎.‎

‎Eu não costumo citar teatro musical nessas missivas, mas qualquer um que queira adivinhar o timing do mercado deve ir ver o show ‎‎Pippin‎‎ de 1972, que apresenta esta frase de Stephen Schwartz:‎

‎"Uma regra simples que todo bom homem sabe de cor‎
‎ É mais esperto quem tem sorte que sortudo quem é esperto"‎

Mais sobre esse assunto foi comentado por Micahel Batnick no seu site The Irrelevant Investor.

Coisas ruins acontecem em mercados ruins. Você provavelmente está pensando, "obrigado, capitão óbvio." Eu sei, mas vale a pena gastar um minuto em como e por que isso acontece.‎

‎A mentalidade do investidor na última década pode ser resumida em três palavras: comprar na queda. Esse comportamento foi recompensado inúmeras vezes, então isso ficou enraizado em nossa psicologia. Leva um tempo para desaprender esse comportamento e, por definição, isso não acontece quando o mercado está subindo. Para ser muito claro e, novamente, muito óbvio, isso acontece quando as ações estão caindo.‎

‎Os investidores perdem a confiança no mercado devagar, e depois bem depressa. Cada repique sucessivo fica cada vez mais fraco, até que a confiança do comprador na queda se esgota.‎

‎Podemos ver a mentalidade dos investidores mudando nos gráficos, e é uma transição violenta. Os investidores não se afastam em silêncio. Você vê dias verdes iluminados e dias vermelhos tenebrosos ocorrendo um depois do outro por um longo período de tempo. O gráfico abaixo mostra o desvio padrão de 30 dias do S&P 500. Os pontos verdes são os 25 melhores dias desde 1993 (início do SP) e os pontos vermelhos representam os 25 piores dias. É aí que nos encontramos atualmente; o S&P 500 subiu mais de 3% quarta-feira e caiu mais de 3% ontem.‎


De volta ao meu ponto anterior sobre coisas ruins acontecendo em mercados ruins: dos 25 melhores e 25 piores dias que remontam a 1993, 47 deles aconteceram abaixo da média móvel de 200 dias.* É aqui que o bicho-papão está escondido.‎

Este é um mercado difícil.‎

‎Não quero dar lição, mas você tem que controlar suas emoções. Não faça algo que não possa ser desfeito. Isso não significa não fazer nada, embora esse seja provavelmente o melhor conselho, mas você não pode pensar "ufa acabou" em dias como quarta-feira e "oh meu Deus nós vamos para zero" em dias como ontem. Se você precisa apertar um botão, melhor esperar até o fim de semana quando você está pensando um pouco mais claramente. Não podemos ser objetivos quando o mercado está funcionando ou caindo, e os números estão piscando por toda a tela.‎

‎A maioria das pessoas que leem isso tem vivido em mercados difíceis. Mas se você começou a investir nos últimos doze meses, agora você sabe como é. É uma droga. É por isso que pessoas como eu passam tanto tempo falando sobre a importância de ‎‎ter um plano‎‎. Não é que um plano o proteja da volatilidade do mercado, mas evitará que você se torne seu pior inimigo. Um plano te impede de se maltratar todos os dias.‎

‎Em um mercado que oscila violentamente, você tem que tentar se manter estável. Todas as tempestades acabam.‎

Ambas as considerações são interessantes e acompanhadas de dados que permitem uma reflexão sobre o assunto. Infelizmente, não existe este tipo de análise sobre o mercado brasileiro— não sei por quê, já que existem dados suficientes para análise. O que eu posso acrescentar em relação aos mercados internacionais e especificamente aos EUA é: embora as dúvidas maiores recaiam sobre o mercado americano, as bolsas têm negociado em sintonia, o que quebra o argumento da diversificação; se isto é verdade, fique no mercado mais promissor, os EUA; todas as estatísticas são interessantes, mas sempre associadas a uma determinada probabilidade — sendo assim, é bom ter a informação, mas pode não acontecer igual desta vez; defina sempre que parcela de risco deseja assumir – e aqui pense não em quanto você quer ganhar mas em quanto pode perder; e por último, ninguém sabe o futuro.

Agora, o que aconteceu quarta-feira e ontem são ruídos do mercado e, como dizia Nietsche, é melhor alguma explicação que nenhuma para o conforto do ser humano, e só isso!

No post dobradinha, fiz os seguintes comentários sobre a ansdaq100: ... “ no gráfico acima a onda 4 em amarelo tinha terminado, a mesma foi deslocada para a mínima ocorrida nesta semana a 12.936, e como comento a seguir, nem isso posso supor – atingiu a mínima. Tudo vai depender do que ocorrer na área destacada na parábola” ...

Negativo, a bolsa acabou ultrapassando o limite mínimo o que me levou a considerar que mais quedas deverão ocorrer antes de uma mudança de direção. Mas não tenho segurança se o que vou apresentar a seguir é o que vai ocorrer, pois essa correção está se mostrando complexa —o que não é nada diferente do que estamos vivenciando.


Como podem notar, nessa hipótese a nasdaq100 deveria atingir um possível ponto de reversão entre 11.000 e 10.650. Para saber se esse objetivo irá se concretizar, é necessária uma observação em janelas menores. Vou deixando os leitores informados.

- David, só isso! Assim você vai perder o emprego!

Prefiro perder o emprego que enganar os leitores ou ainda pior, sugerir trades que apresentam risco desbalanceado, do tipo cara ou coroa. Por sinal, você me fez lembrar de um analista “echperrto” que adotou a seguinte estratégia: Escolheu 1.000 investidores e enviou 500 cartas – isso mesmo, na época era a forma de se comunicar – com orientação de alta da bolsa e 500 com queda. No mês seguinte, para o grupo em que acertou adotou a mesma estratégia e assim sucessivamente. No final de 6 meses, 30 investidores chegaram a conclusão que esse analista era um gênio e estavam dispostos a pagar qualquer preço para ter suas conclusões.


O SP500 fechou a 4.123, com queda de 0,57%; o USDBRL a R$ 5,0923, com alta de 1,26%; o EURUSD a € 1,0543, sem variação; e o ouro a U$ 1.882, com alta de 0,32%.

Fique ligado!

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