Giro de 360º #nasdaq100
É muito raro acontecer mudanças de rumo drásticas nos mercados como as que ocorreram esta semana. As bolsas subiram na quarta-feira após anúncio do Fed e devolveram toda alta ontem, um giro de 360º. Um leitor me perguntou se eu iria comentar sobre esse assunto. Barry Ritholtz comentou sobre esse acontecimento em seu site The Big Picture.
A mudança pode ter sido uma surpresa para alguns, mas dado
o quão vendidos e descontroladamente negativos os traders estavam, não deveria
ter sido diferente. Isso não é viés de retrospectiva, mas simplesmente o que
escrevi no dia anterior em Muitos
Ursos: "Toda essa negatividade e esse aumento no sentimento
de baixa me faz querer comprar ações com as duas mãos."
Mas isso é uma opinião de trader, não uma recomendaçã para
alocação de ativos — estou feliz por ter acrescentado a ressalva "Mas,
infelizmente, a prudência requer uma abordagem mais refletida.
Independentemente de seus desejos, qualquer indicador por si só raramente é
suficiente para promover uma mudança substancial nas alocações de portfólio.
Simplesmente há muitas partes móveis para confiar em uma única variável."
O que nos leva ao tema espinhoso do Timing de Mercado, e o
que o torna tão desafiador. Como observado ontem:
O timing de mercado é ainda mais difícil: há
muitas razões para isso, mas talvez a mais convincente seja que os maiores dias
de altos e baixos tendem a ser agrupados um perto do outro. Condições de sobrecompra
levam a vendas maciças conhecidas como (rsrs) realização de lucro; condições de
sobrevenda levam a altas súbitas logo em seguida , mas a tendência de longo
prazo é onde o verdadeiro capital se altera.
Ontem é um exemplo perfeito disso: as perdas de ontem são
uma imagem espelhada dos ganhos da quarta-feira. Uma das melhores formas de
visualizar esse fenômeno é no número de dias com altas de 2% e 3%. Como mostra o
gráfico acima, os maiores dias de ascensão tendem a se agrupar em torno de
grandes dias de baixa ou durante mercados de queda intensos. Em 2008, vimos 30
dias de rali de +2% e quase 20 dias de +3% em um ano em que o S&P500 caiu
38,5%. Um monte de grandes dias de alta em 2009 também, que viu o mercado cair
mais 30% antes de reverter em março e depois subir para terminar o ano +23,5%.
E ação semelhante foi vista em 2020, quando uma queda de 34% levou a um ano que
terminou em alta de 16,3%.
Eu dei tantas boas recomendações de mercado na minha
carreira como qualquer um poderia esperar em uma carreira financeira, e apesar
disso, eu não tenho nenhum interesse em jogar alguns bilhões de dólares baseado
no meu instinto. Por mais que mamãe insista que sou brilhante, como dá para
saber quantas dessas recomendações são habilidade e quantas são sorte?
Resposta curta: não dá.
Eu não costumo citar teatro musical nessas missivas, mas
qualquer um que queira adivinhar o timing do mercado deve ir ver o show Pippin
de 1972, que apresenta esta frase de Stephen Schwartz:
"Uma regra simples que todo bom homem sabe de cor
É mais esperto quem tem sorte que sortudo quem é esperto"
Mais sobre esse assunto foi comentado por Micahel Batnick no
seu site The Irrelevant Investor.
Coisas ruins acontecem em mercados ruins. Você
provavelmente está pensando, "obrigado, capitão óbvio." Eu sei, mas
vale a pena gastar um minuto em como e por que isso acontece.
A mentalidade do investidor na última década pode ser
resumida em três palavras: comprar na queda. Esse comportamento foi
recompensado inúmeras vezes, então isso ficou enraizado em nossa psicologia.
Leva um tempo para desaprender esse comportamento e, por definição, isso não
acontece quando o mercado está subindo. Para ser muito claro e, novamente,
muito óbvio, isso acontece quando as ações estão caindo.
Os investidores perdem a confiança no mercado devagar, e
depois bem depressa. Cada repique sucessivo fica cada vez mais fraco, até que a
confiança do comprador na queda se esgota.
Podemos ver a mentalidade dos investidores mudando nos gráficos, e é uma transição violenta. Os investidores não se afastam em silêncio. Você vê dias verdes iluminados e dias vermelhos tenebrosos ocorrendo um depois do outro por um longo período de tempo. O gráfico abaixo mostra o desvio padrão de 30 dias do S&P 500. Os pontos verdes são os 25 melhores dias desde 1993 (início do SP) e os pontos vermelhos representam os 25 piores dias. É aí que nos encontramos atualmente; o S&P 500 subiu mais de 3% quarta-feira e caiu mais de 3% ontem.
Este é um mercado difícil.
Não quero dar lição, mas você tem que controlar suas
emoções. Não faça algo que não possa ser desfeito. Isso não significa não fazer
nada, embora esse seja provavelmente o melhor conselho, mas você não pode pensar
"ufa acabou" em dias como quarta-feira e "oh meu Deus nós vamos para
zero" em dias como ontem. Se você precisa apertar um botão, melhor esperar
até o fim de semana quando você está pensando um pouco mais claramente. Não
podemos ser objetivos quando o mercado está funcionando ou caindo, e os números
estão piscando por toda a tela.
A maioria das pessoas que leem isso tem vivido em mercados
difíceis. Mas se você começou a investir nos últimos doze meses, agora você
sabe como é. É uma droga. É por isso que pessoas como eu passam tanto tempo
falando sobre a importância de ter um plano.
Não é que um plano o proteja da volatilidade do mercado, mas evitará que você
se torne seu pior inimigo. Um plano te impede de se maltratar todos os dias.
Em um mercado que oscila violentamente, você tem que tentar
se manter estável. Todas as tempestades acabam.
Ambas as considerações são interessantes e acompanhadas de
dados que permitem uma reflexão sobre o assunto. Infelizmente, não existe este
tipo de análise sobre o mercado brasileiro— não sei por quê, já que existem
dados suficientes para análise. O que eu posso acrescentar em relação aos
mercados internacionais e especificamente aos EUA é: embora as dúvidas maiores
recaiam sobre o mercado americano, as bolsas têm negociado em sintonia, o que
quebra o argumento da diversificação; se isto é verdade, fique no mercado mais
promissor, os EUA; todas as estatísticas são interessantes, mas sempre
associadas a uma determinada probabilidade — sendo assim, é bom ter a
informação, mas pode não acontecer igual desta vez; defina sempre que parcela
de risco deseja assumir – e aqui pense não em quanto você quer ganhar mas em quanto
pode perder; e por último, ninguém sabe o futuro.
Agora, o que aconteceu quarta-feira e ontem são ruídos do
mercado e, como dizia Nietsche, é melhor alguma explicação que nenhuma para o conforto
do ser humano, e só isso!
No post dobradinha, fiz os seguintes comentários sobre a ansdaq100: ... “ no gráfico acima a onda 4 em amarelo tinha terminado, a mesma foi deslocada para a mínima ocorrida nesta semana a 12.936, e como comento a seguir, nem isso posso supor – atingiu a mínima. Tudo vai depender do que ocorrer na área destacada na parábola” ...
Negativo, a bolsa acabou ultrapassando o limite mínimo o que me levou a considerar que mais quedas deverão ocorrer antes de uma mudança de direção. Mas não tenho segurança se o que vou apresentar a seguir é o que vai ocorrer, pois essa correção está se mostrando complexa —o que não é nada diferente do que estamos vivenciando.
- David, só isso! Assim você vai perder o emprego!
Prefiro perder o emprego que enganar os leitores ou ainda pior, sugerir trades que apresentam risco desbalanceado, do tipo cara ou coroa. Por sinal, você me fez lembrar de um analista “echperrto” que adotou a seguinte estratégia: Escolheu 1.000 investidores e enviou 500 cartas – isso mesmo, na época era a forma de se comunicar – com orientação de alta da bolsa e 500 com queda. No mês seguinte, para o grupo em que acertou adotou a mesma estratégia e assim sucessivamente. No final de 6 meses, 30 investidores chegaram a conclusão que esse analista era um gênio e estavam dispostos a pagar qualquer preço para ter suas conclusões.
Fique ligado!
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