O risco navega em ondas #SP500

 

Os índices de bolsa estão tão ruins que não conseguem aguentar uma pequena recuperação que seja. Isso é quando você olha a floresta de cima, mas se for ao detalhe observando as ações individuais as quedas são enormes, como venho mostrando ultimamente em diversos posts. Embora a era de tecnologia é a que está mais sendo afetada, vem caminhando na última década de forma acelerada, é incrível as invenções que ocorreram.

As ações negociadas nas bolsas são provenientes de startups que trilham um caminho difícil e arriscado até se tornarem públicas. Durante esse caminho dependem de investidores que aportam recursos sem olhar seu resultado pois nessa fase estão sempre no prejuízo. A ideia desses investidores é que em um portfolio com essas empresas, e segundo um determinado padrão, estimam que 1/3 não irão prosperar, 1/3 empatar e 1/3 terão seus valores multiplicados por 30, 50 ou até mais vezes. É uma especialização de gestão muito particular.

Durante a pandemia ocorreram 2 fatores que aceleraram enormemente a sua proliferação: o movimento para migração “on line”, onde quero dizer aqui mudança de contato físico por virtual – entendam a generalidade do meu ponto de vista, pois engloba de vendas diretas até consultas de médicos; e o ambiente de taxa de juros 0% onde o investidor foi levado pelo TINA, abreviação de There is no alternative.

Mas essa abundância se alterou significativamente pelos mesmos motivos ao inverso: Aperto monetário pelos principais bancos centrais do mundo acoplado a um retrocesso do “on line” – Não, que não irão crescer, mas a velocidade se alterou quando comparado a época da pandemia.

Desta forma, a queda das ações desse setor sinaliza que os investidores perceberam que o crescimento futuro não pode justificar avaliações estratosféricas.

Vou separar os argumentos sobre o que está levando a essa desvalorização em duas partes: primeiro compartilho a opinião da empresa Y Combinator que criou um modelo para financiar estágios iniciais de start ups, em seguida um artigo da Bloomberg.

 A Y Combinator, uma kingmaker do Vale do Silício, está aconselhando seus fundadores de portfólio a "planejar o pior" enquanto startups em todo o mundo lutam para navegar por uma reversão acentuada após uma corrida impetuosa dos últimos 13 anos.‎

‎A empresa de investimentos — cujos primeiros apoios incluem investimentos no Dropbox, Coinbase, Airbnb e Reddit — sugeriu esta semana que as startups cortassem suas despesas e focassem em estender seus gastos nos próximos 30 dias. Para aqueles que não têm a condição de "Reach Default Alive" 1, YC está fortemente sugerindo que consideram levantar dinheiro.‎

1 Reach Default Alive – significa estar no caminho de fazer a startup lucrativa com seus recursos atuais.

‎"Se o seu plano é levantar dinheiro nos próximos 6-12 meses, você pode estar precisando no auge da recessão. Lembre-se que suas chances de sucesso são extremamente baixas mesmo que sua empresa esteja indo bem. Recomendamos que você mude seu plano", disse a empresa na carta, intitulada "Crise Econômica".‎

‎A nota da YC, que apoia centenas de jovens startups por ano, é um sinal de que a queda do mercado que reduziu significativamente o valor de um grande número de empresas de tecnologia, incluindo gigantes como Shopify e Netflix, nas últimas semanas está escorrendo para o universo de startups em estágio inicial.‎

‎Nir Kaissar comenta na Bloomberg um exercício interessante sobre a Amazon.

‎Quem poderia prever a venda de ações de grandes empresas de tecnologia? Qualquer um que se preocupasse em fazer um pouco de matemática.‎

‎As ações de tecnologia estão levando uma surra histórica. As ações médias deste segmento no Índice Russell 3000 caíram 44% em relação à sua alta de 52 semanas, e muitas caíram muito mais. Das cerca de 400 ações do setor, cerca de um quarto caiu mais de 60%, a maioria delas empresas menores. Mas as grandes não têm se saído muito melhor. Amazon caiu 43% em relação à alta de 52 semanas. A Netflix caiu 73%.‎

‎O colapso das startups de tecnologia exageradas pode não ser surpreendente, mas certamente os investidores não poderiam ter antecipado que as potências tecnológicas receberiam tratamento semelhante.‎

‎Ou poderiam? Quando as ações da Amazon começaram a ceder em julho passado, ela negociava em mais de 40 vezes os ganhos esperados para o ano fiscal atual. Isso é alto mesmo para uma ação de crescimento. A relação preço-lucro futuro do Índice de Crescimento Russell 1000 tem uma média de cerca de 20 desde 1995.

‎Ou os investidores da Amazon se contentavam em pagar mais do que o dobro da média histórica por uma ação de crescimento ou, mais provavelmente, esperavam crescimento futuro para justificar a valorização da empresa. Uma maneira de medir essas expectativas é calcular os ganhos implícitos pelo preço das ações em um múltiplo de 20, a média de longo prazo para as ações de crescimento. Com essa medida, as expectativas dos investidores eram ridículas. Para justificar sua alta de 52 semanas em julho passado, com um múltiplo de ganhos futuros, a Amazon teria que entregar lucros de US$ 187 por ação. Isso é muito distante dos US$ 17 por ação que os analistas esperam que a Amazon alcance este ano. ‎

‎Quanto tempo? Analistas também esperam que a receita da Amazon cresça 12% este ano, o que é mais que o dobro do aumento histórico da receita média do Índice de Crescimento Russell 3000. Mesmo nesse ritmo mais alto e com base na margem média histórica de lucro da Amazon de cerca de 3%, a empresa levaria mais de duas décadas para gerar lucro por ação de US$ 187. E isso pode ser otimista porque não é fácil para uma empresa tão grande quanto a Amazon manter esse nível de crescimento de receita. ‎

‎Os investidores da Amazon ainda esperam muito, mesmo após a forte queda das ações. Suas ações agora são negociadas em 54 vezes os ganhos deste ano. Mesmo que os lucros se recuperem no próximo ano, como esperam os analistas, as ações podem ser negociadas mais perto de 30 vezes, o que não é uma pechincha. ‎

‎A mesma análise se aplica à Netflix, exceto que a Netflix negocia 17 vezes os ganhos deste ano, abaixo dos mais de 50 há alguns meses. A Netflix deve ter poucos problemas para entregar o crescimento que os investidores esperam de sua avaliação atual. O mesmo pode ser dito para a Alphabet Inc., controladora do Google, e para a Meta Platforms Inc., controladora do Facebook, que negociam 18 e 14 vezes os ganhos deste ano. Apple Inc. não está longe 22 vezes.‎

‎Mas a Amazon não é a única. Entre os gigantes, a Tesla Inc. ainda negocia 55 vezes os ganhos deste ano, e a Salesforce Inc. busca 34 vezes. Não se surpreenda quando os investidores decidirem que os demais observadores em breve não correspondem a expectativas elevadas, também.‎

Notem que esses assuntos são correlacionados e vislumbram a mesma situação, a de que vai faltar dinheiro abundante que ocorria até então, além de ficar mais caro. A diferença só muda o tipo de investidor, sendo mais especializado no primeiro caso e mais genérico no segundo que comtempla também o público.

Normalmente acompanhamos os índices de bolsa sem observar os detalhes das ações, lógico, se você não as tem na sua carteira.  As quedas até agora dos índices são elevadas, mas não enormes, o que não aconteceu com muitas empresas individualmente. Usando a metáfora da floresta observado do chão a situação está horrível, eu vejo na lista de ações que acompanho. O risco emana em ondas é quem está distante do centro sente mais o impacto.

No post caça-as-bruxas fiz os seguintes comentários sobre o SP500: ... “O SP500 anda rondando a marca dos 4.000 negociando abaixo e acima dessa marca” ... ...” ainda trabalho com quedas conforme o gráfico abaixo” ...


Eu não preciso repetir exaustivamente que essa correção está sendo muito difícil de terminar. Poderia usar uma palavra para identificar o movimento do indicie desde o começo deste ano: desafiador. Para quem é novato em análise técnica por Elliot Wave esse não é um bom começo, é provável que desista ou deixe de acreditar na teoria.

Para quem é observador e conhece, notou que a onda 5 em amarelo sofreu uma adaptação. Nessa nova colocação o término se situaria entre 3.740/3.716 ou 3.605, conforme destacado no gráfico.



Vou procurar deixar os leitores informados sobre a probabilidade de ocorrer uma recessão nos EUA. Ontem observei que o nível esperado pelos analistas se encontra entre 35% e 50%. Mas nem todos as empresas de pesquisa tem a mesma opinião, por exemplo, a que está a seguir, elaborado pelo Standard & Poors Financial, se encontra bem abaixo de 10%.

O histórico de seu modelo é muito bom. Podemos apostar usando essa informação? Antes de responder lembrem que os economistas trocam de opinião como eu troco de camisa. Nem precisa né? Hahaha ...


O SP500 fechou a 3.941, com queda de 0,81%; o USDBRL a R$ 4,8184, com alta de 0,12%; o EURUSD a € 1,0733, com alta de 0,41%; e o ouro a U$ 1.866, com alta de 0,73%.

Fique ligado!

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