Vai baixar ou não? #SP500



Resumo:

No atual contexto de política monetária, a perspicácia do mercado é testada pela antecipação de movimentos do Federal Reserve (Fed) e do Banco Central Europeu (BCE), com projeções de cortes de juros em meados do ano, refletindo diretamente nos mercados globais. Jerome Powell, presidente do Fed, sinaliza a possibilidade de redução de juros face à aproximação da inflação à meta de 2%, enquanto o BCE, sob Christine Lagarde, prepara terreno para seu primeiro corte em cinco anos. Esta fase de ajuste monetário sinaliza um ciclo de flexibilização em resposta a uma desaceleração econômica palpável, exigindo vigilância sobre os indicadores econômicos chave.

No cenário britânico, a política monetária do Banco da Inglaterra (BOE) permanece sob escrutínio, com pressões inflacionárias e a força da libra impactando estratégias de exportação e crescimento econômico. O equilíbrio delicado entre manter a credibilidade na luta contra a inflação e a necessidade de alinhamento com as políticas dos pares destaca a complexidade das decisões de política monetária frente às dinâmicas de mercado global.

A análise técnica do S&P 500 revela um mercado em inflexão, com o índice alcançando 5.149, refletindo um estado de "cansaço" nas cotações. A estratégia preventiva de ajuste de stoploss, diante da possibilidade de atingir 5.260, exemplifica a abordagem cautelosa necessária em períodos de incerteza. Este cenário sugere que os investidores devem preparar-se para uma potencial correção, sublinhando a importância da gestão de risco e da análise técnica na tomada de decisões de investimento.

 

Os leitores sabem que gosto de compartilhar episódios da minha vida profissional, mas às vezes há o risco de eu repetir a mesma história – acho que é o caso de hoje! Nos distantes anos 80, o mercado financeiro era muito diferente: não existia Bloomberg, nem celular, e todas as negociações eram realizadas por telefone nass mesas de “Open Marrrket”, enfatizando o sotaque carioca na grafia para destacar que as maiores operavam no Rio de Janeiro.

Formadas por executivos que vinham de bancos, as corretoras independentes dominavam o cenário e atuavam como intermediárias entre os bancos e o banco central. Essas corretoras também contavam com economistas em seus quadros.

Em uma ocasião, o sócio economista de uma delas foi convidado a ser diretor do Banco Central. Seu colega, que vinha do mercado, imaginava que ficaria milionário. Após esperar 90 dias para a adaptação do primeiro, ligou para ele:

  • E aí, irrrrmão, tudo tranquilo? Como está a economia? (pensava que essa pergunta seria o ponto de partida para entender o que fazer a seguir).
  • Tudo bem, por aqui, a base monetária está aumentando, pressionando os meios de pagamento... O outro interrompe rapidamente.
  • Irrrrmão, quero saber se é para comprar ou para vender!

Creio que o mercado atual está na mesma dinâmica. O Fed vai baixar os juros ou não? O resto, em termos econômicos, não interessa! Marcus Ashwort comentou na Bloomberg que tanto o Fed quanto o ECB cortarão os juros em junho.

Aos poucos, o quebra-cabeça das taxas de juros começa a se encaixar. Prepare-se para a mudança esperada para baixo no ciclo de política monetária global em meados do ano. O Federal Reserve (Fed, o banco central americano) está à frente, e o resto tende a seguir – os bancos centrais podem ser nominalmente independentes dos governos, mas são um pouco menos independentes uns dos outros –, o que torna provável que as três principais instituições monetárias se movimentem em conjunto.

O presidente do Fed, Jerome Powell, deixou claro em seu depoimento ao Congresso na semana passada que, com a inflação caminhando para sua meta de 2%, os juros poderiam ser reduzidos em breve. O relatório de empregos não agrícolas de fevereiro da semana passada mostrou um crescimento do emprego ligeiramente mais suave e uma desaceleração nos ganhos. Powell não necessita especificamente que os dados de inflação melhorem para reduzir os juros, apenas que não piorem. Ele está mais confiante de que o Fed está "não muito longe" de finalmente agir. Estas condições devem estar completamente alinhadas até a reunião de 12 de junho.

O Banco Central Europeu (BCE) anunciou que sua reunião de 6 de junho trará seu primeiro corte de juros em cinco anos. Os comentários da presidente Christine Lagarde na coletiva de imprensa de quinta-feira de que "saberemos um pouco mais em abril, mas muito mais em junho" estabeleceram o tom. Normalmente, a mensagem da sessão de perguntas e respostas é ajustada posteriormente por fontes não identificadas do BCE — mas, desta vez, foi reafirmada.

Mesmo o formulador de política monetária mais inclinado ao endurecimento, o chefe do banco central austríaco, Robert Holzmann, admitiu que uma "mudança nos juros pode estar em preparação". O presidente do banco central francês, François Villeroy de Galhau, foi mais longe, dizendo que é "muito provável que o BCE corte as taxas em abril ou junho". Essa inclinação dovish, vinda de um dos principais indicadores do pensamento do BCE, foi apoiada por comentários de apoio dos líderes dos bancos centrais finlandês e lituano, tipicamente mais inclinados ao endurecimento. A Bloomberg Economics espera um primeiro corte de 25 pontos-base em junho e novas reduções trimestrais em cada uma das quatro reuniões restantes em 2024, levando as taxas oficiais para 2,75% de 4% agora.



Como indica o gráfico acima, espera-se que o Banco da Inglaterra fique atrás de seus pares. O mercado futuro sugere que há apenas 50% de chance de redução na reunião do Comitê de Política Monetária de 20 de junho, que ocorre após as decisões do Fed e do BCE. Até lá, o Reino Unido pode ter a menor taxa de inflação e a economia mais fraca, aumentando a pressão sobre as autoridades britânicas para acelerar sua transição para a flexibilização. Implementar um regime monetário punitivo com taxas de juros reais mais altas terá um custo significativo sobre o crescimento. Se a libra se fortalecer à medida que as taxas do Reino Unido permanecerem mais altas, isso prejudicará os exportadores britânicos. O ressurgimento do setor de serviços vem atraindo negócios estrangeiros nos últimos anos, principalmente dos EUA, impulsionado pela fraqueza da libra esterlina em relação ao dólar. A recente força da libra ameaça minar um apoio crucial para a economia do Reino Unido. É por isso que os bancos centrais tendem a se unir para evitar as consequências econômicas disruptivas das flutuações cambiais.




O BOE já está sofrendo com a menor confiança pública já registrada. Se continuar fixado em restaurar sua credibilidade na luta contra a inflação enquanto seus pares avançam, corre o risco de ser visto como intransigente. Para ser justo, o governador Andrew Bailey deixou alguma margem de manobra para antecipar o cronograma de corte de juros, com a revisão da política monetária de fevereiro apresentando um movimento em direção a um viés de flexibilização. O próximo passo seria uma redução de suas previsões de preços ao consumidor, provavelmente em sua revisão de maio, para alinhá-las mais com as do Fed e do BCE — e, de fato, com a realidade. O BOE atualmente espera que a inflação atinja 2% e depois volte a acelerar no segundo semestre deste ano, uma previsão que parece estranha quando praticamente todos os indicadores econômicos do Reino Unido apontam para baixo.



Os ventos econômicos contrários que desaceleram a inflação global podem diminuir, mas a orientação futura dos bancos centrais tornou-se comprovadamente mais clara e confiante. Os movimentos das taxas raramente vêm isolados, então espere novos cortes no segundo semestre deste ano e no início de 2025. Os formuladores de políticas provavelmente reduzirão os custos dos empréstimos em 100 pontos-base para 150 pontos-base. O objetivo é alcançar um platô onde as economias se recuperem sem reacender a inflação. Quando junho chegar, até mesmo o BOE mais pessimista pode ser convencido a se juntar ao movimento.

Será que um trader de Wall Street que trabalhou com Powell no passado perguntaria: "Brother, is it June or not?" Que tal a ideia? A publicação da inflação de fevereiro, medida pelo CPI, foi um pouco superior ao esperado, mas a frustração é tão grande que gerou descontentamento entre os analistas. O índice cheio subiu 0,4% no mês, o que estava em linha com as previsões, enquanto o índice core, que exclui alimentos e combustíveis, subiu 0,4%, ficando um pouco acima do esperado em 0,3%, levando a taxa anual para 3,8%.



Uma redução da taxa na reunião dos formuladores de política do Fed na próxima semana ainda parece estar fora de questão, com os futuros de taxa de juros indicando que os investidores veem quase nenhuma chance de uma redução. O presidente do Fed, Jerome Powell, disse na semana passada aos legisladores que o banco central estava "não muito longe" de poder cortar as taxas de juros. Entretanto, os oficiais do Fed provavelmente vão querer um pouco mais de evidências de que sua medida preferencial de inflação está se movendo em direção ao seu alvo.



O mercado de trabalho no estilo "mundo perfeito" — empregadores continuam contratando, mas o crescimento dos salários está desacelerando — também oferece aos diretores do Fed alguma margem para paciência.

O grande receio do mercado é o paralelo que ocorreu nos anos 70, quando, após o surto inflacionário entre 1972 e 1974, que atingiu 12%, caiu nos dois anos seguintes, mas voltou a acelerar, atingindo 15% em 1980. Paul Volcker assumiu o Fed e manteve os juros nas alturas por um longo período.




No post "crescer-na-marra", fiz os seguintes comentários sobre o S&P 500: "O primeiro objetivo mencionado acima está batendo à porta; a máxima alcançada ontem foi de 5.149. De maneira preventiva, subi os stop losses na última sexta-feira, e assim continuamos avançando. É importante enfatizar que a estratégia que estou adotando implica não sair na máxima; portanto, é prudente não gastar antecipadamente com base no resultado do relatório semanal de desempenho"...



Uma análise em janelas menores indica um certo "cansaço" no mercado.

- "Espera aí, David, cansaço? Você mede a velocidade das cotações?"

Meu amigo, cansaço significa que as cotações sobem lentamente e retraem, sobem de novo e retraem, num movimento típico de uma onda 5- Diagonal. Veja abaixo:




Como estratégia, vamos seguindo até sermos estopados, como ocorreu na última sexta-feira com a posição do Nasdaq 100. No caso do S&P 500, estamos próximos do stop loss, mas ainda existe uma chance de atingir o objetivo destacado abaixo de 5.260. Posso estar enganado, e a bolsa pode continuar subindo? Sem dúvida, mas a probabilidade maior é de que estejamos próximos de um topo. Caso eu esteja correto, qual será a correção daí em diante é outra conversa que fica para uma próxima vez! Hahaha...




O SP500 fechou a 5.175, com alta de 1,12%; o USDBRL a R$ 4,9727, sem alteração; o EURUSD a € 1,0919, sem alteração; e o ouro a U$ 2.156, com queda de 1,18%.

Fique ligado!

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