O mercado perdeu a paciência #nasdaq100 #NVDA

 


A reação do mercado ontem, com uma venda de ações generalizada, parece ter usado o conceito amplamente discutido no Mosca: taxa de juros não tem data para cair (ou subir). O receio agora é que o Fed pode estar demorando para agir e isso pode levar a um *hard landing* – recessão. É verdade que os investidores haviam entrado em um frenesi, acreditando que nada poderia atrapalhar o crescimento vigoroso observado na grande maioria dos países. Mas lembro que preço não leva desaforo e, em um quadro como este, qualquer dúvida é motivo para puxar o gatilho.

John Authers, com uma visão pragmática em relação à alta das bolsas, comenta na Bloomberg sobre essa reviravolta.

 

Errar é Humano...

A dependência de dados pode ser dolorosa. A quarta-feira terminou em alta para o mercado de ações dos EUA com a reação dos investidores a fortes indícios do Federal Reserve de que cortaria as taxas em setembro. Na quinta-feira, no entanto, houve uma queda acentuada, pois alguns dados econômicos desanimadores imediatamente despertaram temores de que o Fed havia cometido um erro e já deveria ter cortado as taxas.

Se o Fed estiver errado, observe que o comportamento do mercado esta semana indica que muitos outros teriam cometido o mesmo erro. Um grande ponto dos dados contra o FOMC: os números mais recentes de pedidos de seguro-desemprego. Em conjunto com os números de pedidos contínuos, que são divulgados a cada duas semanas, agora estão em uma tendência clara de alta e atingiram o nível mais alto desde o final de 2021:



Enquanto isso, a pesquisa mensal do ISM com gerentes de compras no setor manufatureiro foi horrível. Cabe ressaltar que o índice de difusão sobre os planos de emprego dos fabricantes está no seu nível mais baixo desde o início da pandemia. Faz 21 anos que não caía para um nível tão baixo fora de uma recessão (embora tenha havido alguns incidentes adicionais durante a década de 1990):

 



O índice principal PMI manufatureiro e a informação de novos pedidos, considerada um bom indicador antecedente, caíram ambos de forma preocupante para território negativo. (Em teoria, qualquer número abaixo de 50 significa recessão e não contração):

Para agravar a sensação de que o Fed pode ter demorado demais, o Banco da Inglaterra anunciou seu primeiro corte de taxa desde a pandemia. Foi decidido por uma maioria de 5-4 do Comitê de Política Monetária, e um corte na reunião de setembro parece improvável, mas a notícia ainda provocou uma queda acentuada nos rendimentos dos títulos britânicos. Nos EUA, o rendimento de referência de 10 anos caiu abaixo de 4% pela primeira vez em seis meses, à medida que os traders começaram a precificar um corte de taxa em cada uma das próximas quatro reuniões do Comitê Federal de Mercado Aberto:




Enquanto isso, o rendimento de dois anos está agora no seu nível mais baixo em 15 meses e despencando de uma maneira que sugere que os traders acham que a economia está desacelerando de verdade desta vez:




Tudo isso, é claro, pode mudar assim que os dados de folhas de pagamento não agrícolas de julho estiverem disponíveis logo após a publicação deste boletim. Por enquanto, o mercado de ações caiu principalmente por medo de um erro de política. Quincy Krosby, da LPL Financial, disse que a queda não se deve aos lucros, mas sim "se o Fed vê o que os dados estão dizendo".

A queda do rendimento do Tesouro de 10 anos para abaixo de 4% reflete um temor iminente de desaceleração do crescimento econômico e questiona ainda mais se o Fed está correto em esperar até setembro para começar seu ciclo de flexibilização. O mercado permanece hiperconsciente de que o Fed demorou muito para começar a aumentar as taxas de juros e agora se pergunta se o Fed está atrasado demais na transição da política monetária.

Lembre-se disso enquanto tentamos explicar os acontecimentos extraordinários no setor de tecnologia.

Todos esses argumentos são válidos? Não sei, mas desde que acompanho os mercados financeiros, a coisa mais comum é criticar o Fed, e vale nas duas pontas, como pudemos assistir nesse período depois da Covid. No início, demorou demais para subir, agora demora demais para cair, e a grande diferença entre eles – mercado e Fed – é que o primeiro coloca o bumbum na reta.

Sobre a bolsa de valores, os leitores sabem de longa data que tenho dois cenários da correção que estou esperando: um contemplando uma queda maior e o outro uma menor. Sendo assim, vamos à análise técnica.

No post  é-para-rasgar-carteirinha fiz os seguintes comentários sobre a Nasdaq 100: ... “o Nasdaq 100 poderia corrigir até os níveis apontados no retângulo abaixo. Um primeiro suporte seria ao redor de 18.4 mil / 18.3 mil e, se não aguentar, mais abaixo 17.8 mil / 17.7 mil” ... ...” O que não pode acontecer: de maneira nenhuma violar o nível de 16.973. Também ficaria muito receoso na minha contagem caso atinja 17.8 mil; não é mandatório, mas seria o extremo aceitável” ...

 



Tudo indica que a Nasdaq 100 vai testar o nível ao redor de 17.700, que, considerando o fechamento de ontem, teria mais 5.5% de queda. Se, ao atingir esse nível, voltar a subir, tudo bem, não é uma configuração de livro-texto, mas aceitável. E se não segurar, o que podemos antever? Nessa segunda opção, o movimento de queda que está ocorrendo deveria parar ao redor de 17.0 mil (queda de mais 10%), completando a onda A verde; em seguida, uma onda B verde levaria a bolsa até o nível de 19.2 mil (+ 12%) para, em seguida, voltar a cair até os níveis destacados no retângulo inicial de 16.0 mil / 15.8 mil (- 16%) ou mais abaixo a 14.8 mil / 14.7 mil (- 23%) para terminar a onda C verde. O movimento completo deveria levar até o final deste ano.




Em relação à Nvidia, meus comentários foram: ...” Durante a semana em curso, a NVDA quase atingiu o segundo patamar definido acima de U$ 104 com a mínima de U$ 106.30. Aqui abrem-se duas possibilidades: a correção terminou para a “querida” — perdeu o status diminutivo pela queda de 25% da máxima, hahaha... — para tanto, precisa negociar acima de U$ 114.75, que também não é mandatório; ou ainda novas quedas abaixo de U$ 106.30” ...

 



No cenário imaginado, a “queridinha” deveria reagir de imediato. Da mesma forma que a Nasdaq 100, pode ser que a queda seja superior ao previsto. Como ficaria nesse caso? Dada a alta estupenda, existe uma boa possibilidade de queda sem que afete a contagem de longo prazo. Nessas circunstâncias, um objetivo que salta seria em U$ 74.31, uma queda nada agradável de 28%. O que não pode acontecer é negociar abaixo de U$ 50.55, onde teria que refazer as premissas.

 



- David, muito bom!!!! Você nos fez acreditar que estamos num super Bull Market e era só comprar e esquecer, agora vem com essa previsão sombria!

Você está conosco desde o lançamento do post há longínquos treze anos. Era de se esperar que já tivesse entendido que o mercado manda e não nossas ideias, e se o mercado muda, tenho que mudar também. No caso específico, te sugiro ler os posts deste ano e aí vai perceber que sempre tinha um cenário mais “chato” e outro melhor. É verdade que fui oscilando entre eles conforme o mercado se movia. Por último, não é para entrar em pânico, apenas observar se possível sem posições.




O SP500 fechou a 5.346, com queda de 1,84%; o USDBRL a R$ 5,7199, com queda de 0,49%; o EURUSD a € 1,0909, com alta 1,09%; e o ouro U$ 2.439, com queda de 0,24%.

Fique ligado!

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