O Fed está tonto #IBOVESPA

 



Se nós, leitores, estamos tontos com os anúncios feitos pelo presidente Trump, imagine os membros do Fed, que acompanham esses anúncios e precisam calcular seus efeitos na inflação. Já estou vendo Powell, pela manhã, entrando na sala de seus economistas e gritando em um dia: "Calculem o efeito da tarifa de 25% para o Canadá!". Algumas horas depois: "Cancelem!". No outro dia: "25% de tarifa no aço!" – e assim vai.

Tudo isso se assemelha a uma mesa de Open Market “à moda antiga”, onde os traders fechavam os negócios e preenchiam um papel simples contendo o volume, taxa, compra ou venda e lastro. Jogavam esse papel para o ponta de mesa, que ficava calculando o nível de caixa ainda existente. Não eram poucas as vezes que o caixa ficava negativo ou mesmo a posição de papéis. Powell está precisando de um ponta de mesa, pois Trump é o trader.

Hoje será anunciado o CPI do mês de janeiro e, em especial, este mês tem uma importância relevante, conforme resumo que elaborei com essas informações.

Inflação em Foco: O Dilema do Fed Entre Cortes de Juros e Tarifas

A inflação voltou ao centro do debate econômico nos Estados Unidos, com os dados de janeiro servindo como um teste crucial para a política monetária do Federal Reserve. O histórico recente tem mostrado que o início do ano é um período de reajustes significativos de preços, desafiando a trajetória de desaceleração da inflação observada ao longo de 2024.

O presidente do Fed, Jerome Powell, indicou que a instituição não está com pressa para reduzir os juros, apesar do consenso entre seus membros de que a taxa básica de juros já está em território restritivo. A principal preocupação é que os aumentos de preços sazonais do início do ano possam criar uma nova onda inflacionária e comprometer a meta de 2% de inflação.

 



Além disso, os mercados estão atentos ao impacto das novas tarifas impostas pelo governo Trump sobre as importações chinesas e sobre o aço e o alumínio. Embora tarifas anteriores tenham tido um efeito limitado nos índices de preços, o novo pacote de medidas é mais amplo e pode gerar repasses significativos aos consumidores.

A evolução dos preços ao consumidor (CPI) e dos preços ao produtor (PPI) será fundamental para entender a dinâmica inflacionária. Com os preços dos bens deflacionando há mais de um ano, qualquer aumento nas importações pode rapidamente impulsionar a inflação geral. O Fed, por sua vez, utilizará essas leituras para refinar sua decisão sobre o futuro da política monetária.




O relatório de janeiro revelou que a inflação de bens e serviços se manteve resiliente. Isso ocorreu, em parte, porque os setores de energia e habitação continuaram a pressionar os preços. Embora os preços da energia tenham se estabilizado, a inflação de serviços tem sido teimosamente alta, o que reforça a cautela do Fed.

Outro fator que pode complicar o cenário inflacionário é o mercado de crédito. A pesquisa SLOOS (Senior Loan Officer Opinion Survey) mostrou que os bancos estão voltando a conceder crédito, inclusive para empresas do setor industrial e de construção. Esse movimento sugere um potencial aquecimento da atividade econômica, o que pode dificultar a queda dos preços.

 



Diante desse cenário, as perspectivas para a política monetária do Fed permanecem incertas. Alguns economistas argumentam que os juros já atingiram um nível que restringe o crescimento, enquanto outros defendem que cortes prematuros podem reacender a inflação. Powell deixou claro que o Fed só reduzirá os juros quando houver confiança de que a inflação está, de fato, controlada.

O histórico mostra que o primeiro trimestre dos últimos anos trouxe surpresas negativas para a inflação, levando o mercado a revisar suas expectativas para os juros. No entanto, um dado positivo de janeiro pode impulsionar tanto os mercados acionários quanto o de renda fixa, reforçando a percepção de que o pior da inflação já passou.

Com as novas tarifas no radar, a incerteza econômica pode se prolongar. Se os preços seguirem pressionados, o Fed pode adotar uma abordagem mais cautelosa, postergando cortes nos juros. Por outro lado, caso a inflação continue desacelerando, o banco central poderá começar a reduzir os juros ainda este ano, consolidando a recuperação da economia.

Sobre tarifas, e como comentei hoje, o Deutsche Bank preparou um relatório que relata como foi a evolução da globalização, algo que pode servir como guia para um movimento contrário no futuro.




Enquanto as manchetes sobre comércio continuam a dominar os noticiários diariamente, a realidade é que as sementes do atual cenário foram plantadas no final dos anos 1970, com dois eventos em extremos opostos do mundo que moldariam a economia pelas próximas décadas.

Em 1978, Deng Xiaoping começou a abrir zonas econômicas especiais para a manufatura na China, iniciando sua transição de uma economia agrária para uma economia industrial e voltada para exportações. Nos Estados Unidos, Paul Volcker começou a elevar as taxas de juros para patamares de dois dígitos para combater a inflação. A inflação elevada havia sido dolorosa nos EUA, e o custo para derrotá-la foi ainda maior.

À medida que a China desenvolveu sua infraestrutura industrial, os EUA – que lidavam com alta inflação – se beneficiaram da abundância crescente de bens baratos e comercializáveis, acolhendo a China de braços abertos na OMC em 2001. Desde então, o índice de preços de bens nos EUA permaneceu essencialmente estável até a pandemia de Covid. A participação da manufatura no PIB e no emprego dos EUA diminuiu em troca de acesso a bens baratos, inflação baixa e juros reduzidos.

Esse jogo pode estar chegando ao fim.

Nossos economistas nos EUA publicaram ontem um relatório sugerindo que, se forem mantidas, as tarifas sobre aço e alumínio, combinadas com tarifas recíprocas, podem aumentar o núcleo do índice PCE em 2025 entre 30 e 40 pontos-base, dependendo da transmissão desses custos para os preços ao consumidor. Se as tarifas sobre Canadá e México forem implementadas, a inflação em 2025 poderá ultrapassar 3,5%.

Uma tabela com a evolução dos países em termos de participação na manufatura global revela dois pontos:

  1. A China já domina mais de 26% da produção mundial desde 1995, enquanto os EUA foram os maiores perdedores.
  2. O Brasil, que já tinha uma participação pequena, ficou menor ainda. Do jeito que o país está seguindo, daqui a pouco nem precisaremos nos preocupar, pois estaremos fora dessa lista!



Análise Técnica


No post IA é só uma ferramenta cool, fiz os seguintes comentários sobre o IBOVESPA:“A onda B laranja pode não ter terminado, e uma alta é possível até 129,7 mil / 133,0 mil, conforme indicado na elipse. Em seguida, uma nova onda de queda deveria levar a bolsa para 116,2 mil ou, mais provavelmente, 109,8 mil.”

 



Sem uma formação clara, característica de correções, a bolsa brasileira permaneceu dentro de um intervalo restrito, o que não me permite acrescentar mais do que já havia comentado. Por enquanto, fico com a hipótese de uma mini alta, que levaria o IBOVESPA até 129,7 mil / 133,0 mil. Sendo assim, não tenho nada a oferecer como sugestão aos leitores – esqueçam temporariamente (definitivamente?) esse mercado.




— Há, há, há... Você não fica envergonhado de dar uma sugestão como essa? E o fee que estamos te pagando?

A sabedoria de atuar nos mercados é “saber” quando se deve ter posição e quando não, o que é sempre difícil, pois, no final do dia, fica a sensação de que se poderia ter feito algo. Acontece que, como mencionei, as correções dominam 70% do tempo, enquanto os movimentos direcionais ocupam apenas 30%.

E ainda é pior quando o movimento de longo prazo também é uma correção – como no caso da bolsa brasileira.

O S&P500 estava as 17h30 6.052, com queda de 0,25%; o USDBRL a R$ 5,7596, sem variação; o EURUSD a € 1,0394, com alta de 0,33%; e o ouro a U$ 2.900, sem variação.

Fique ligado!

Comentários

  1. Pode acontecer o que quiser( como os dados de inflação de dezembro e Janeiro), no final EUA vai subir até a hora que o dinheiro acabar. A bolha está forte!

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  2. veja comentários de hoje

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