Atirando para todo lado #USDBRL

 


O presidente Trump está governo os EUA como se estivesse jogando o videogame Fortnite que é um jogo clássico onde 100 jogadores caem em um mapa e lutam até sobrar apenas um vencedor, a diferença é que Trump usa as tarifas de importação como arma. De frequência constante hoje foi a vez do aço e alumínio.

Existe uma frase que se aplica bem a essa situação: em time que está ganhando não se mexe sendo o caso da economia americana que apresenta desempenho robusto até demais. Algumas consequências dessa postura já podem ser sentidas. Por exemplo, David Fickling comenta na Bloomberg que essa postura torna os EUA mais fraco.

As tarifas sobre aço e alumínio impostas por Donald Trump são uma estratégia fracassada que tornará os EUA mais fracos, em vez de fortalecê-los. O autor critica essa medida como um erro econômico e político, semelhante a tentativas históricas de nações autocráticas de usar o aço como símbolo de poder, como aconteceu com Stalin e Mussolini.

Desde a introdução da primeira rodada de tarifas em 2018, a produção de alumínio nos EUA caiu 32% e a de aço 3,6%, demonstrando que essas medidas não fortaleceram a indústria local. Mesmo com uma nova tarifa de 25% sobre importações, o resultado provavelmente será o mesmo: prejudicar os consumidores e produtores americanos, além de criar atritos com aliados comerciais importantes.




A maioria das importações de aço e alumínio dos EUA vem de países aliados, como Canadá, União Europeia, Brasil, Coreia do Sul, Japão e México, que representam cerca de 80% das importações de aço e 70% das de alumínio. A imposição de tarifas sobre esses parceiros comerciais pode levar a retaliações, enfraquecendo a economia americana e afastando aliados estratégicos em um momento de crescente tensão geopolítica.




O texto também aponta a incoerência da política de Trump, que, ao mesmo tempo em que impõe tarifas contra importações estrangeiras, anunciou uma parceria com a Nippon Steel para investir na US Steel, uma das maiores siderúrgicas americanas. Se essas tarifas levarem a retaliações da União Europeia, o investimento japonês pode ser colocado em risco, criando um paradoxo econômico desnecessário.

Por fim, a Bloomberg destaca que a história já provou que o protecionismo econômico raramente funciona. Durante a Segunda Guerra Mundial, os países do Eixo (Alemanha e Itália) fracassaram por causa de economias fechadas e autossuficientes, enquanto os Aliados venceram justamente porque incentivaram o comércio e a cooperação econômica. O artigo sugere que a abordagem de Trump está fadada ao fracasso por repetir erros do passado, isolando os EUA e prejudicando sua própria economia.

Os consumidores americanos estão no meio de um fogo cruzado econômico, e a paciência deles pode estar chegando ao fim. Durante anos, a resiliência do consumo nos EUA sustentou o crescimento econômico, contrastando com a estagnação de outras economias desenvolvidas. No entanto, essa resiliência não é infinita. A mais recente guinada protecionista de Trump, com tarifas de 25% sobre aço e alumínio, não apenas alimenta o risco inflacionário, mas também mina diretamente o bolso do consumidor.




A confiança do consumidor despencou para o menor nível em sete meses, segundo a Universidade de Michigan, e o medo da inflação voltou com força. O americano médio agora espera que os preços subam mais de 4% nos próximos 12 meses, reflexo da memória ainda fresca do choque inflacionário de 2022. E pior: a polarização política levou a um verdadeiro abismo na percepção da economia. Enquanto os republicanos acreditam que a inflação vai para zero, os democratas preveem um novo surto acima de 5%. Essa divergência extrema de expectativas sugere um cenário onde a própria racionalidade econômica foi substituída por lealdades políticas.




Por enquanto, o mercado de trabalho tem sido o pilar de sustentação dessa bolha de consumo. Mas há sinais preocupantes no horizonte: a inflação permanece teimosamente acima da meta do Fed, o que pode manter os juros elevados por mais tempo do que os mercados gostariam. E se os consumidores começarem a apertar o cinto de verdade, a narrativa de crescimento impulsionado pelo consumo pode desmoronar rapidamente.

No fim, o protecionismo de Trump parece mais uma jogada política do que uma estratégia econômica realista. As ameaças de tarifas vêm e vão, criando caos nos mercados e incerteza nas famílias. Mas o consumidor americano, até agora resiliente, pode estar prestes a dar um basta. E quando isso acontecer, não haverá tarifa que segure a economia.

Mas não são só so consumidores que estão se desanimando com o novo velho presidente, os empresários que estavam otimistas estão perdendo seu ímpeto como comenta Laurent Thomas e outros no Wall Street Journal.

A euforia dos CEOs e banqueiros com o segundo mandato de Trump evaporou em tempo recorde. O entusiasmo inicial deu lugar a um cenário de incerteza e paralisia no mundo dos negócios, especialmente com as mudanças bruscas em tarifas e regulamentações. O mercado de fusões e aquisições sentiu o golpe com o janeiro mais fraco da última década, refletindo a falta de confiança do setor corporativo. O Departamento de Justiça, que era esperado para facilitar grandes fusões, surpreendeu ao bloquear um acordo bilionário entre a Hewlett Packard Enterprise e a Juniper Networks, um sinal claro de que nem tudo será tão fácil para os grandes negócios sob Trump.




Os empresários estão cada vez mais desorientados, sem saber para onde a economia está indo. Esse vai-e-vem tem CEOs e banqueiros mais preocupados em tentar entender a nova dinâmica do comércio do que em fechar novos acordos. Sem previsibilidade, ninguém quer arriscar grandes movimentações, e os negócios que ainda saem do papel acontecem com um pé atrás.

Mesmo com o clima de incerteza, ainda há quem tente jogar agressivamente. Janeiro viu um número incomum de aquisições hostis, com empresas apostando na fraqueza de seus concorrentes para assumir o controle. O setor financeiro ainda acredita que um "boom" de fusões e aquisições pode acontecer ao longo do ano, mas para isso, os líderes empresariais precisarão sentir que estão pisando em um chão mais firme. Até lá, o discurso mudou: o otimismo deu lugar a palavras como "fragilidade" e "volatilidade", e os investidores estão cada vez mais cautelosos.

Também se pode notar pelo tom e conteúdo das matérias que a imprensa tem um viés contra o presidente e raro encontrar conteúdo que elogia seus passos. Com medidas desconectas Trump está atirando para todo lado e arrisca tornar o time que está ganhando de goleada começar entrar numa onda de perdas – alguém pensou na guinada do Manchester City?

No post strike-economico fiz os seguintes comentários sobre o dólar: “ Com essa visão, o dólar deveria terminar essa queda entre R$ 5,6378 / R$ 5,5969, patamar que será mais bem definido conforme o andamento do mercado”




Tudo indica que o dólar caminha para o intervalo definido acima. O que se pode esperar depois? O primeiro teste será se o movimento de queda estanca para em seguida iniciar o movimento de alta que levaria o dólar a um objetivo mínimo de R$ 6.78; ou a queda continua o que levaria a meu cenário alternativo apresentado a seguir onde o dólar atingiria R$ 5.41 num movimento tortuoso de idas e vindas até próximo do final de 2025.




O S&P500 fechou a 6.066, com alta de 0,67%; o USDBRL a R$ 5,7871, com queda de 0,30%; o EURUSD a € 1,0306, com queda de 0,20%; e o ouro a U$ 2.905, com alta de 1,57%.

Fique ligado!

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