Strike econômico #USDBRL
Nos próximos dias, podemos esperar muita especulação sobre o
assunto. Por enquanto, a opinião da Goldman Sachs é: "Estimamos
anteriormente que uma tarifa de 25% a longo prazo sobre importações desses
países aumentaria os preços do PCE Core em 0,7% e reduziria o PIB em 0,4%.
Esperamos atualizar essas estimativas preliminares."
Mas, além das tarifas, nesses primeiros dias de governo,
alguns outros países podem ser afetados, cujos principais movimentos levam a
algumas indicações preocupantes.
Trump está retomando sua estratégia de tarifas e
consolidando o poder econômico americano. Seu governo ainda opera de forma
caótica, com decisões impulsionadas por instinto e conselheiros informais,
enquanto os novos secretários tentam estabelecer algum controle.
A política externa de Trump busca reafirmar a supremacia
americana. Ele quer expandir a influência dos EUA em energia fóssil, tecnologia
e política global, além de firmar acordos diretos com Putin e Xi Jinping,
abandonando o multilateralismo tradicional. No entanto, a imposição de tarifas
pode se tornar um tiro no pé, já que, no longo prazo, um dólar mais forte e
custos elevados podem prejudicar a competitividade das indústrias americanas.
No setor energético, Trump foca nos combustíveis fósseis, ignorando a crescente
força das renováveis e da energia nuclear, onde a China já domina.
E o controle não para por aí. O presidente quer retomar
influência sobre o Canal do Panamá, reduzindo tarifas para navios americanos e
chutando empresas chinesas para fora da operação. No Ártico, pretende explorar
minerais na Groenlândia e aumentar a presença militar para conter Rússia e
China. E a Europa? Para Trump, está cada vez mais irrelevante. Seu secretário
de Estado, Marco Rubio, ignorou os europeus e priorizou conversas com líderes
da Ásia e do Oriente Médio. A União Europeia não é mais tratada como aliada,
mas como adversária econômica.
Na OTAN, o jogo é de força. Trump quer que os países
aumentem os gastos militares de 2% para 5% do PIB, um número que Alemanha e
França jamais aceitarão. O resultado? O foco dos EUA agora está nos novos
aliados do Leste Europeu, como Polônia e Hungria, enquanto os tradicionais
parceiros europeus ficam em segundo plano. E tem mais: tarifas contra a Europa
já estão no radar. Trump já deixou claro que tem "grandes
reclamações" contra o bloco e pode soltar novas sanções a qualquer
momento.
Sentindo a bomba prestes a explodir, a UE já correu para
oferecer um pacote de concessões, prometendo comprar mais gás, produtos
agrícolas e armas americanas, além de reduzir laços com a China. Mas será
suficiente? Improvável. Trump joga para ganhar – e quando sente que tem a
vantagem, ele empurra ainda mais.
O que isso significa? Mercados mais voláteis, retaliações
comerciais iminentes e um mundo onde Trump reescreve as regras na base da
força. Quem ainda acha que as velhas alianças importam, está desatualizado. O
cenário agora é de um jogo de soma zero, onde quem não se mexer rápido vai ser
atropelado.
As consequências imediatas já foram sentidas na abertura dos
mercados asiáticos, como relata David Uberti e outros no Wall Street Journal.
Os futuros do Nasdaq despencaram mais de 2%, o S&P 500
caiu 1,6% e o Dow Jones perdeu 500 pontos. O mercado finalmente percebeu que a
guerra comercial de Trump não é só papo furado. Wall Street, que até então via
as ameaças como blefe, agora precisa recalcular suas apostas. E, como sempre,
quando o caos bate à porta, o dólar e o petróleo disparam – a moeda americana
atingiu um dos níveis mais altos desde 2022, e o barril de petróleo subiu 2%,
chegando a US$ 74.
Trump deixou claro que isso é só o começo. Falando no Salão
Oval, ele avisou que as próximas vítimas serão os chips, os remédios, o aço, o
alumínio e o cobre, com novas tarifas já previstas para meados de fevereiro. A
Europa também está na mira, com Trump acusando o bloco de "tratar os EUA
horrivelmente". A retaliação já começou: o Canadá anunciou tarifas de 25%
sobre US$ 105 bilhões em produtos americanos, incluindo carros, aço e alumínio.
O México deve responder nos próximos dias, e a China ainda está na sombra, mas
qualquer reação do país pode causar uma trepidação no mercado financeiro.
As consequências disso começam a aparecer. A indústria automotiva está no olho do furacão. O México responde por 42% das importações americanas de autopeças e o Canadá por 13%. Uma tarifa de 25% sobre essas peças pode esmagar os lucros das montadoras, com gigantes como Volkswagen, Honda, Stellantis, Nissan e General Motors entre as mais expostas. Enquanto isso, o setor energético também sofre. As refinarias do Meio-Oeste, que dependem do petróleo canadense, podem ser obrigadas a repassar os custos ao consumidor. No setor de commodities, o impacto também será brutal: os custos da madeira serrada canadense devem subir 25%, pressionando o setor de construção nos EUA.
O maior medo de Wall Street, no entanto, é o efeito dominó.
Se a China resolver jogar a carta da desvalorização do yuan, os mercados
globais podem entrar em colapso. Goldman Sachs já alertou que uma mudança no
câmbio chinês poderia ter "reverberações em toda a economia".
O que está claro é que o mercado entrou em modo de defesa. A
volatilidade deve aumentar e, para muitos investidores, a festa do mercado
acionário pode estar chegando ao fim. Como disse um analista do TD Securities:
"Os ativos de risco estão na linha de fogo." Agora é esperar para
ver: essa pancada é passageira ou o começo de uma nova crise?
John Authers levantou alguns pontos na Bloomberg que
complementam a ideia das tarifas. A grande questão que ele destaca é o quão
desastrosa essa estratégia pode ser – e, pior, parece que ninguém no mercado
financeiro realmente acreditava que Trump seguiria adiante com essas tarifas.
Um ponto que precisa ser ressaltado é que essas tarifas não
têm um propósito claro ou sequer um critério de reversão. A Casa Branca afirma
que as taxas foram impostas para combater o tráfico de fentanil e a crise na
imigração, mas não há nenhuma exigência concreta para que esses países resolvam
esses problemas. Ou seja, Trump pode manter essas tarifas pelo tempo que quiser
e usá-las como moeda de troca política sem nenhuma previsão de retirada. Isso
coloca o Canadá e o México contra a parede, mas também afeta diretamente os
próprios consumidores e empresas americanas, que agora precisam lidar com
custos mais altos e incerteza total nos negócios – o que se contrapõe às ideias
da Goldman Sachs expressas acima.
Essa guerra comercial pode empurrar o México para uma
recessão severa, o que, ironicamente, aumentaria ainda mais o fluxo de
imigrantes para os EUA – exatamente o oposto do que Trump diz querer combater.
Além disso, a relação com o Canadá já vinha se desgastando desde a renegociação
do USMCA (o antigo NAFTA) e agora pode atingir um nível de conflito comercial
sem precedentes. A Casa Branca está jogando gasolina no fogo, sem pensar nas
consequências.
Por fim, há uma questão maior sobre o impacto global dessas
tarifas. A Organização Mundial do Comércio (OMC) já alertou que um conflito
tarifário total pode levar a uma queda de dois dígitos no PIB global, algo
semelhante ao colapso econômico da década de 1930. E Trump não parece disposto
a recuar – pelo contrário, já está sinalizando que pode expandir as tarifas
para outros setores e países. Como diz a Bloomberg, essa não é apenas uma
guerra comercial, é um ataque frontal ao sistema econômico global.
Se alguém achava que essa jogada de Trump era um simples
blefe, o mercado agora está descobrindo da pior forma que não era. Trump está
promovendo um verdadeiro strike econômico, e o pior: jogou só a primeira bola.
No final da manhã fomos surpreendidos com um recuo dos EUA
noticiado pelo Waal Street Journal: Os EUA e o México fecharam um acordo de
última hora para adiar as novas tarifas, e o presidente Trump afirmou que
estava conversando novamente com o primeiro-ministro canadense, Justin
Trudeau, nesta tarde, levantando dúvidas sobre a implementação de suas
novas tarifas de importação.
A China, outro alvo das tarifas, também está se preparando
para discutir comércio com Trump.
Tenho que jogar fora esse post? Vai saber o que o Trump está
tramando mas sem duvida com o poder que tem nas mãos pode “brincar” com os
outros!!!
Análise Técnica
No post "a-queridinha-em-xeque", fiz os
seguintes comentários sobre o dólar:
‘Contagem "clássica"
Nessa opção, o dólar estaria entrando numa correção da onda 4 laranja,
onde o objetivo seria entre R$ 5,6378, limitado a R$ 5,5143, o
que eliminaria essa contagem’.
O S&P500 fechou a 5.994, com queda de 0,76%; o USDBRL a R$ 5.8049, com queda de 0,62%; o EURUSD a € 1,0324, com queda de 0,39%; e o ouro a U$ 2.814, com alta de 0,49%.
Fique ligado!
Make Inflation Great Again
ResponderExcluirEsse texto é propaganda americana. Os EUA não tem esse poder de irem contra o mundo, ainda mais seus aliados.
ResponderExcluirhoje li um conceito interessante sobre como o presidente Trump vê esse conceito. Os aliados é questão de segunda ordem a primeira é: o que é bom para os EUA. Se houver conflito vale o último.
ResponderExcluirTrump quer voltar a um mundo que não existe mais. Americano não vai querer pagar mais caro por produtos Made in USA...
ExcluirAprendiz de Economia aprenda q dolar mais valorizado diminui inflacao...
ResponderExcluirDa-lhe Trump destroi a esquerdalha
Se aumentar importações, sim. Mas querem justamente o contrário. Americano vai querer receber menor salário?
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