Strike econômico #USDBRL

 



O presidente Trump resolveu voltar ao noticiário depois de ter perdido os holofotes na semana passada para o DeepSeek, que, diga-se de passagem, pelo menos para nós, brasileiros, tem pouca utilidade – fiz uma consulta corriqueira e recebi a resposta de que seu banco de dados é até junho de 2024. Para mim, não serve. Agora, Trump impõe tarifas ao Canadá, México e China, além de deixar a Europa sob aviso.

Nos próximos dias, podemos esperar muita especulação sobre o assunto. Por enquanto, a opinião da Goldman Sachs é: "Estimamos anteriormente que uma tarifa de 25% a longo prazo sobre importações desses países aumentaria os preços do PCE Core em 0,7% e reduziria o PIB em 0,4%. Esperamos atualizar essas estimativas preliminares."

Mas, além das tarifas, nesses primeiros dias de governo, alguns outros países podem ser afetados, cujos principais movimentos levam a algumas indicações preocupantes.

Trump está retomando sua estratégia de tarifas e consolidando o poder econômico americano. Seu governo ainda opera de forma caótica, com decisões impulsionadas por instinto e conselheiros informais, enquanto os novos secretários tentam estabelecer algum controle.

A política externa de Trump busca reafirmar a supremacia americana. Ele quer expandir a influência dos EUA em energia fóssil, tecnologia e política global, além de firmar acordos diretos com Putin e Xi Jinping, abandonando o multilateralismo tradicional. No entanto, a imposição de tarifas pode se tornar um tiro no pé, já que, no longo prazo, um dólar mais forte e custos elevados podem prejudicar a competitividade das indústrias americanas. No setor energético, Trump foca nos combustíveis fósseis, ignorando a crescente força das renováveis e da energia nuclear, onde a China já domina.

E o controle não para por aí. O presidente quer retomar influência sobre o Canal do Panamá, reduzindo tarifas para navios americanos e chutando empresas chinesas para fora da operação. No Ártico, pretende explorar minerais na Groenlândia e aumentar a presença militar para conter Rússia e China. E a Europa? Para Trump, está cada vez mais irrelevante. Seu secretário de Estado, Marco Rubio, ignorou os europeus e priorizou conversas com líderes da Ásia e do Oriente Médio. A União Europeia não é mais tratada como aliada, mas como adversária econômica.

Na OTAN, o jogo é de força. Trump quer que os países aumentem os gastos militares de 2% para 5% do PIB, um número que Alemanha e França jamais aceitarão. O resultado? O foco dos EUA agora está nos novos aliados do Leste Europeu, como Polônia e Hungria, enquanto os tradicionais parceiros europeus ficam em segundo plano. E tem mais: tarifas contra a Europa já estão no radar. Trump já deixou claro que tem "grandes reclamações" contra o bloco e pode soltar novas sanções a qualquer momento.

Sentindo a bomba prestes a explodir, a UE já correu para oferecer um pacote de concessões, prometendo comprar mais gás, produtos agrícolas e armas americanas, além de reduzir laços com a China. Mas será suficiente? Improvável. Trump joga para ganhar – e quando sente que tem a vantagem, ele empurra ainda mais.

O que isso significa? Mercados mais voláteis, retaliações comerciais iminentes e um mundo onde Trump reescreve as regras na base da força. Quem ainda acha que as velhas alianças importam, está desatualizado. O cenário agora é de um jogo de soma zero, onde quem não se mexer rápido vai ser atropelado.

As consequências imediatas já foram sentidas na abertura dos mercados asiáticos, como relata David Uberti e outros no Wall Street Journal.

Os futuros do Nasdaq despencaram mais de 2%, o S&P 500 caiu 1,6% e o Dow Jones perdeu 500 pontos. O mercado finalmente percebeu que a guerra comercial de Trump não é só papo furado. Wall Street, que até então via as ameaças como blefe, agora precisa recalcular suas apostas. E, como sempre, quando o caos bate à porta, o dólar e o petróleo disparam – a moeda americana atingiu um dos níveis mais altos desde 2022, e o barril de petróleo subiu 2%, chegando a US$ 74.

Trump deixou claro que isso é só o começo. Falando no Salão Oval, ele avisou que as próximas vítimas serão os chips, os remédios, o aço, o alumínio e o cobre, com novas tarifas já previstas para meados de fevereiro. A Europa também está na mira, com Trump acusando o bloco de "tratar os EUA horrivelmente". A retaliação já começou: o Canadá anunciou tarifas de 25% sobre US$ 105 bilhões em produtos americanos, incluindo carros, aço e alumínio. O México deve responder nos próximos dias, e a China ainda está na sombra, mas qualquer reação do país pode causar uma trepidação no mercado financeiro.





As consequências disso começam a aparecer. A indústria automotiva está no olho do furacão. O México responde por 42% das importações americanas de autopeças e o Canadá por 13%. Uma tarifa de 25% sobre essas peças pode esmagar os lucros das montadoras, com gigantes como Volkswagen, Honda, Stellantis, Nissan e General Motors entre as mais expostas. Enquanto isso, o setor energético também sofre. As refinarias do Meio-Oeste, que dependem do petróleo canadense, podem ser obrigadas a repassar os custos ao consumidor. No setor de commodities, o impacto também será brutal: os custos da madeira serrada canadense devem subir 25%, pressionando o setor de construção nos EUA.

O maior medo de Wall Street, no entanto, é o efeito dominó. Se a China resolver jogar a carta da desvalorização do yuan, os mercados globais podem entrar em colapso. Goldman Sachs já alertou que uma mudança no câmbio chinês poderia ter "reverberações em toda a economia".

O que está claro é que o mercado entrou em modo de defesa. A volatilidade deve aumentar e, para muitos investidores, a festa do mercado acionário pode estar chegando ao fim. Como disse um analista do TD Securities: "Os ativos de risco estão na linha de fogo." Agora é esperar para ver: essa pancada é passageira ou o começo de uma nova crise?

John Authers levantou alguns pontos na Bloomberg que complementam a ideia das tarifas. A grande questão que ele destaca é o quão desastrosa essa estratégia pode ser – e, pior, parece que ninguém no mercado financeiro realmente acreditava que Trump seguiria adiante com essas tarifas.

Um ponto que precisa ser ressaltado é que essas tarifas não têm um propósito claro ou sequer um critério de reversão. A Casa Branca afirma que as taxas foram impostas para combater o tráfico de fentanil e a crise na imigração, mas não há nenhuma exigência concreta para que esses países resolvam esses problemas. Ou seja, Trump pode manter essas tarifas pelo tempo que quiser e usá-las como moeda de troca política sem nenhuma previsão de retirada. Isso coloca o Canadá e o México contra a parede, mas também afeta diretamente os próprios consumidores e empresas americanas, que agora precisam lidar com custos mais altos e incerteza total nos negócios – o que se contrapõe às ideias da Goldman Sachs expressas acima.

Essa guerra comercial pode empurrar o México para uma recessão severa, o que, ironicamente, aumentaria ainda mais o fluxo de imigrantes para os EUA – exatamente o oposto do que Trump diz querer combater. Além disso, a relação com o Canadá já vinha se desgastando desde a renegociação do USMCA (o antigo NAFTA) e agora pode atingir um nível de conflito comercial sem precedentes. A Casa Branca está jogando gasolina no fogo, sem pensar nas consequências.

Por fim, há uma questão maior sobre o impacto global dessas tarifas. A Organização Mundial do Comércio (OMC) já alertou que um conflito tarifário total pode levar a uma queda de dois dígitos no PIB global, algo semelhante ao colapso econômico da década de 1930. E Trump não parece disposto a recuar – pelo contrário, já está sinalizando que pode expandir as tarifas para outros setores e países. Como diz a Bloomberg, essa não é apenas uma guerra comercial, é um ataque frontal ao sistema econômico global.

Se alguém achava que essa jogada de Trump era um simples blefe, o mercado agora está descobrindo da pior forma que não era. Trump está promovendo um verdadeiro strike econômico, e o pior: jogou só a primeira bola.

No final da manhã fomos surpreendidos com um recuo dos EUA noticiado pelo Waal Street Journal: Os EUA e o México fecharam um acordo de última hora para adiar as novas tarifas, e o presidente Trump afirmou que estava conversando novamente com o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, nesta tarde, levantando dúvidas sobre a implementação de suas novas tarifas de importação.

A China, outro alvo das tarifas, também está se preparando para discutir comércio com Trump.

Tenho que jogar fora esse post? Vai saber o que o Trump está tramando mas sem duvida com o poder que tem nas mãos pode “brincar” com os outros!!!

 

Análise Técnica


No post "a-queridinha-em-xeque", fiz os seguintes comentários sobre o dólar:

‘Contagem "clássica"
Nessa opção, o dólar estaria entrando numa correção da onda 4 laranja, onde o objetivo seria entre R$ 5,6378, limitado a R$ 5,5143, o que eliminaria essa contagem’.

 



No post acima, apresentei duas possibilidades para a correção que está em andamento. Dentre elas, optei por aquela que me parece mais lógica, dado o momento em que estamos vivendo. Com essa visão, o dólar deveria terminar essa queda entre R$ 5,6378 / R$ 5,5969, patamar que será mais bem definido conforme o andamento do mercado.

 


O S&P500 fechou a 5.994, com queda de 0,76%; o USDBRL a R$ 5.8049, com queda de 0,62%; o EURUSD a € 1,0324, com queda de 0,39%; e o ouro a U$ 2.814, com alta de 0,49%.

Fique ligado!

Comentários

  1. Esse texto é propaganda americana. Os EUA não tem esse poder de irem contra o mundo, ainda mais seus aliados.

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  2. hoje li um conceito interessante sobre como o presidente Trump vê esse conceito. Os aliados é questão de segunda ordem a primeira é: o que é bom para os EUA. Se houver conflito vale o último.

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    1. Trump quer voltar a um mundo que não existe mais. Americano não vai querer pagar mais caro por produtos Made in USA...

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  3. Aprendiz de Economia aprenda q dolar mais valorizado diminui inflacao...
    Da-lhe Trump destroi a esquerdalha

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    1. Se aumentar importações, sim. Mas querem justamente o contrário. Americano vai querer receber menor salário?

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