Ressureição digital #S&P500
Os dias de pouca volatilidade no mercado financeiro ficaram
para trás desde que o presidente Trump assumiu. Ontem, os mercados deram
meia-volta depois que ele recuou, pelo menos temporariamente, sobre a
implantação de novas tarifas, com exceção da China, que rebateu hoje pela manhã
com a imposição de tarifas sobre produtos americanos. Os analistas acreditam
que Xi Jinping quer negociar, mas não houve telefonema entre eles.
Mas o que Trump realmente quer com essa atitude? Mostrar que
está cumprindo o prometido ou garantir receitas adicionais para suportar uma
eventual redução nas taxas corporativas? Fiz um resumo das principais ideias
expostas na Bloomberg e no Wall Street Journal.
Trump recuou das taxações sobre o México e o Canadá após
perceber que sua estratégia de imposição unilateral de tarifas poderia gerar
consequências adversas para a economia dos EUA e para seus próprios interesses
políticos. Inicialmente, ele justificou as tarifas como uma medida para
combater o tráfico de fentanil e a imigração ilegal. No entanto, a reação
imediata dos mercados e a resposta política do México e do Canadá mostraram que
essa abordagem poderia se tornar um problema maior do que um trunfo político.
A primeira razão para a mudança de postura de Trump foi a
pressão econômica. A ameaça de tarifas gerou pânico nos mercados, com queda nos
índices acionários e alta nos rendimentos dos Treasuries, o que sugeria
preocupações com inflação e crescimento econômico mais fraco. Investidores
passaram a precificar uma desaceleração da economia americana caso as tarifas
fossem mantidas, pois impactariam diretamente cadeias produtivas essenciais,
como a automotiva e a de bens de consumo.
Além disso, a resposta do México e do Canadá foi calculada
para dar a Trump uma "vitória política" sem oferecer concessões
significativas. O governo mexicano concordou em enviar 10.000 membros da Guarda
Nacional para a fronteira sul, algo que já havia sido feito no passado,
enquanto o Canadá prometeu reforçar o controle na fronteira e nomear um
"czar do fentanil", medidas de baixo impacto prático, mas suficientes
para que Trump pudesse alegar sucesso.
Outro fator crucial foi o posicionamento político e
diplomático. O governo chinês observou a situação e já indicava que responderia
à imposição de tarifas com retaliações econômicas. Pequim vê a guerra comercial
como parte de um jogo de longo prazo e está disposta a prolongar as negociações
para desgastar a posição americana. Além disso, o impacto negativo das tarifas
sobre aliados como o Canadá e o México criava um risco de isolamento
diplomático para os EUA, tornando a posição de Trump mais frágil em negociações
multilaterais.
Apesar da suspensão das tarifas, a incerteza continua. Trump
adiou as medidas por 30 dias, mas deixou claro que pode reimpor as tarifas caso
não veja progresso nos temas de imigração e fentanil. Além disso, há a
possibilidade de novas sanções contra outros países, especialmente a União
Europeia, que já está no radar da administração americana. Isso sugere que a
política tarifária de Trump continuará sendo um instrumento de negociação e
pressão política, mas com um alto risco de desestabilização econômica caso ele
decida levá-la adiante.
A guerra comercial entre EUA e China saiu do campo das
ameaças e virou realidade. As tarifas de 10% sobre todos os produtos chineses
entraram em vigor, e Pequim revidou sem cerimônia, taxando energia, produtos
agrícolas e veículos americanos em 10% a 15%. Mas quem ainda acha que isso é só
uma queda de braço momentânea precisa acordar: essa briga não é como os acordos
arranjados com México e Canadá – aqui o buraco é mais embaixo.
O verdadeiro problema não é a tarifa do dia ou a retaliação
da semana. O desequilíbrio comercial entre os dois países é brutal, e Trump
quer mudar isso na marra. Os EUA consomem 29% dos produtos do mundo, mas só
produzem 15%, enquanto a China domina 32% da produção global e consome apenas
12%. Isso criou um superávit comercial de US$ 1 trilhão para os chineses e um
rombo equivalente para os americanos. Durante décadas, os EUA aceitaram esse
jogo porque produtos baratos compensavam. Mas agora, o preço ficou alto demais:
os americanos estão perdendo controle sobre cadeias produtivas inteiras e
cedendo tecnologia para um rival que quer liderar o jogo global.
Se alguém ainda tem dúvidas sobre a real intenção da Casa Branca, basta olhar o mantra de Trump: "FAÇA SEU PRODUTO NOS EUA E NÃO HAVERÁ TARIFAS". Ou seja, a meta não é apenas ajustar números da balança comercial, mas sim redesenhar o mapa da produção global. E os aliados? Também estão no fogo cruzado. Enquanto a China avança em setores de alto valor agregado, como tecnologia e bens de capital, os parceiros dos EUA perderam relevância no tabuleiro global.
A questão agora não é se essa guerra comercial vai escalar,
mas até onde ela vai chegar. Diferente das disputas anteriores, que acabavam em
um aperto de mãos e algumas concessões, essa briga é existencial. A China não
vai simplesmente ceder e Trump não quer só negociar, ele quer mudar as regras
do jogo. O que vem pela frente? Disrupção nas cadeias globais, inflação
importada e um novo realinhamento do comércio mundial. E quem não entender essa
nova dinâmica, vai ser atropelado pelo rolo compressor do protecionismo
americano.
No curto prazo, os mercados respiraram aliviados com o
adiamento das tarifas, mas continuam atentos aos próximos passos. A grande
questão agora é se Trump usará essa estratégia como uma ferramenta temporária
para obter concessões ou se pretende transformar as tarifas em um pilar
permanente de sua política econômica. O fato é que o presidente americano está
reescrevendo as regras do comércio global, e o impacto dessa nova abordagem
ainda está longe de ser completamente compreendido.
A tecnologia agora permite usar a voz de uma pessoa falecida
para criar conversas, e isso vem sendo explorado em diversas situações. No caso
recente de Neymar, a diretoria do Santos criou uma gravação com a voz do Pelé
pedindo para que o jogador voltasse ao clube de origem. Sem dúvida, isso ajudou
a convencê-lo. Mas não está se limitando a casos especiais: já existem empresas
que permitem a "ressurreição artificial" de pessoas mortas, como
comenta Parmy Olson na Bloomberg.
A inteligência artificial está transformando a maneira como
lidamos com a morte, permitindo a criação de avatares digitais que replicam
vozes e personalidades de entes queridos falecidos. Essa nova tecnologia,
chamada de "grief tech", já tem empresas como "You, Only
Virtual" e "Project December" oferecendo modelos treinados com
mensagens, vídeos e outros dados pessoais para recriar digitalmente a presença
de alguém que já morreu. O conceito promete conforto para aqueles que perderam
entes queridos, mas levanta questões éticas e psicológicas profundas, podendo
afetar a forma como percebemos a realidade e lidamos com o luto.
Essa prática, embora inovadora, levanta graves preocupações.
A possibilidade de manter contato com uma versão digital de uma pessoa falecida
pode confundir as memórias reais, diluindo a diferença entre o que foi vivido e
o que foi criado artificialmente. Além disso, há a questão do consentimento –
será que todas as pessoas gostariam de ser recriadas digitalmente? Outro
problema é a dependência emocional: algumas pessoas podem acabar se prendendo à
versão digital de um falecido, dificultando o processo natural de luto e
aceitação da perda.
Qual a sua opinião sobre essa técnica? Para mim, tentar
reescrever a realidade na essência não é muito diferente das Fake News,
naturalmente com um objetivo muito diferente. A verdade é que, a cada dia, uma
nova opção é criada para o uso da IA.
Análise Técnica
No post "deepseek-massifica-as-carteirinhas", fiz os seguintes
comentários sobre o S&P 500:
Cenário Mais Ambicioso
Eu esperaria que o índice ficasse contido entre
5.948/5.906 durante não muito tempo e, de repente, o mercado começasse a subir
de forma mais vigorosa.
Cenário Adotado
É o representado no gráfico abaixo, onde a onda B azul
deveria retrair entre 5.906/5.847 por algum tempo e, em seguida, iniciaria um
movimento de alta não com tanto ímpeto, para atingir depois 6.182.
Mudança de Cenário
Abaixo de 5.847, e principalmente se ultrapassar 5.773,
vou ter que refazer minhas hipóteses”
Eu resolvi sair da posição na última quinta-feira. No post "o-destilado-que-nao-e-whisky", descrevi a possibilidade de os índices de bolsa estarem em uma onda 4:
"Estamos no início do governo Trump, um período de muitas dúvidas sobre suas ações e o impacto na economia. Esse cenário é compatível com uma onda 4, em que o mercado fica lateralizado por um tempo até que as coisas se esclareçam."
Minha observação nos três cenários que venho acompanhando continua intacta. A retração que ocorreu ontem atingiu a mínima de 5.923, e o leitor pode notar que qualquer um dos cenários pode se encaixar conforme expus no post acima:
"O que quero dizer é que o Cenário Mais Ambicioso pode prevalecer mesmo que caia abaixo de 5.906, assim como o Cenário Adotado pode não atingir 5.906 antes de subir. O que compromete todos os cenários é uma queda abaixo de 5.773."
MUDANÇA DE CENÁRIO
ADOTADO
Eu sei que meu amigo está louco para perguntar: E agora, o que fazemos?
Por enquanto, não sei. Por um lado, consigo enxergar cinco ondas para cima após a mínima de ontem, usando o gráfico do mercado futuro de 1 hora. No entanto, não me baseio apenas nisso como princípio. Trump bagunçou o coreto no curto prazo.
O Mosca não está aqui para "arriscar" palpites, mas sim para interpretar o que o mercado quer dizer. Acompanhem o Mosca para uma eventual sugestão de trade.
o S&P500 fechou a 6.037, com alta de 0,72%; o USDBRL a R$ 5,7585, com queda de 0,83%; o EURUSD a € 1,0383, com alta de 0,38%; e o ouro a U$ 2.842, com alta de 1,03%.
Fique ligado!
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