Ouro debaixo do colchão #OURO #GOLD

 


Ontem, ao assistir ao Jornal Nacional, fiquei surpreso com o destaque dado à recente queda do dólar. O tom da reportagem sugeria que a desvalorização da moeda americana, que caiu por 12 dias consecutivos no início do ano — algo inédito, segundo o noticiário —, não teria explicação aparente, já que os argumentos usados anteriormente para justificar sua alta, como o crescente déficit, não sofreram mudanças.

Em seguida, entrevistaram alguns profissionais que tentaram encontrar razões para essa queda, mas ninguém mencionou que o Banco Central vendeu cerca de U$ 30 bilhões em reservas, sem contar os contratos de swap, para conter a alta do dólar. Essa liquidez foi essencial para cobrir as saídas de moeda estrangeira feitas pelos agentes do mercado.

Segundo informações obtidas com alguns bancos, investidores especulativos venderam dólares no início do ano para se aproveitar das altas taxas de juros, que ainda devem subir mais. Além disso, muitos especuladores liquidaram suas posições compradas, pressionando ainda mais a cotação.

Mas de quanto foi a tão anunciada queda? 5%! Precisa esse carnaval todo. O mercado caiu sim durante esses últimos 12 dias mais um pouco cada dia, ambiente tipo de correções.

Resumindo: o fluxo de dólares se inverteu, e contra o fluxo não há argumentos. Em relação à Rede Globo, ficou a impressão de que tentaram proteger o governo, enfatizando de forma equivocada que a valorização do dólar foi puramente especulativa, jogando a culpa na "Faria Lima".

Fiquei confuso ao ler uma matéria publicada na Bloomberg, assinada por Yvonne Yue Li e outros, que comenta a longa fila para retirar ouro do Banco Central Inglês (BOE). Vejam a seguir os motivos.

Ouro no Banco da Inglaterra é Vendido com Desconto em Meio ao Pânico Gerado pelas Tarifas de Trump

A incerteza causada pelas tarifas comerciais impostas pelo presidente Donald Trump gerou um verdadeiro caos no mercado de ouro, resultando em descontos inéditos no ouro armazenado no Banco da Inglaterra (BOE). Com traders correndo para garantir metais preciosos antes da possível imposição de tarifas, filas de semanas se formaram para retirar ouro do BOE, tornando suas reservas menos atraentes do que os estoques mantidos em cofres comerciais privados em Londres.

Os traders estão vendendo ouro armazenado no Banco da Inglaterra com descontos superiores a US$ 5 por onça em relação ao preço de mercado em Londres, algo altamente incomum, já que, tradicionalmente, o ouro armazenado no BOE é negociado aos mesmos preços das reservas mantidas por gigantes como JPMorgan Chase & Co. e HSBC Holdings Plc.

A razão para esse descompasso é a corrida desesperada para enviar ouro para os Estados Unidos, onde os preços estão subindo devido ao temor de novas tarifas. Embora Trump ainda não tenha anunciado medidas específicas contra metais preciosos, o clima de incerteza fez com que traders tomassem medidas preventivas, resultando em um aumento da demanda pelo metal nos EUA e filas gigantescas para retirada no BOE. Com a crescente dificuldade de retirar ouro rapidamente do banco central britânico, muitos traders passaram a evitar o BOE e priorizar cofres comerciais, onde o acesso é mais ágil.

O Banco da Inglaterra atualmente armazena mais de 400.000 barras de ouro, avaliadas em aproximadamente US$ 450 bilhões, principalmente para outros bancos centrais e grandes negociantes do mercado. Esse estoque representa uma parte significativa das mais de 8.000 toneladas de ouro armazenadas em Londres, porém grande parte desse ouro pertence a fundos de investimento e entidades que não têm intenção de vender.

Impactos no Mercado e Preços em Nova York

Nos últimos meses, os preços do ouro na Comex de Nova York dispararam acima das cotações internacionais, já que traders, temendo a aplicação das tarifas, correram para encerrar posições vendidas e garantir fornecimento para entrega. Esse movimento gerou um aperto no mercado e fez com que as taxas de arrendamento do ouro por um mês saltassem para 4,7%, muito acima dos níveis tradicionais próximos de zero.




A estrutura de preços do mercado entrou em um fenômeno chamado backwardation, no qual os preços à vista estão mais altos do que os contratos futuros de um mês, algo extremamente raro no mercado de ouro. Isso acontece porque o ouro disponível para entrega imediata em Londres está em escassez, à medida que os negociantes que venderam contratos futuros tentam obter metal físico para cumprir suas obrigações.

A London Bullion Market Association (LBMA) reconheceu as preocupações sobre a situação e declarou que está monitorando de perto os impactos das tarifas dos EUA no mercado. Segundo a entidade, os grandes participantes do setor estão buscando soluções para minimizar os atrasos e evitar gargalos na retirada de ouro armazenado no BOE.

Esse fenômeno também está fazendo bancos centrais reconsiderarem se devem continuar mantendo ouro no BOE ou transferi-lo para cofres comerciais privados, que oferecem maior agilidade no acesso ao metal. Como afirmou John Reade, estrategista sênior do Conselho Mundial do Ouro: "Algumas pessoas podem estar se arrependendo de manter seu ouro no Banco da Inglaterra e podem reconsiderar essa decisão no futuro."

Se essa tendência continuar, o BOE pode perder relevância como centro de armazenamento de ouro, enquanto os cofres comerciais privados ganham mais espaço no mercado.

Como assim? Os traders estão receosos de que o presidente imponha tarifas sobre a exportação de ouro para os EUA? Se ele fizer isso, é louco – não posso negar essa afirmação! Hahaha… não faz o menor sentido esse receio. Além do mais, o custo para retirar o ouro, transportá-lo para os EUA, refiná-lo de barras de 400 onças para barras de 100 onças ou quilos, em locais como a Suíça, antes de enviá-lo para os EUA, é de aproximadamente U$ 50 por onça.

Mas imagino que o responsável por essa posição seja um executivo, e caso essa taxação aconteça, ele será massacrado pelos seus superiores se não tiver se antecipado, ainda mais se outros tiverem feito esse movimento. Mesmo assim, aposto que essa taxação nunca vai acontecer, pois seria uma insanidade sem sentido. Agora, se as custodias nos EUA já estiverem abarrotadas com essa transferência, sugiro que guardem esse ouro debaixo do colchão, mas dentro dos EUA! Hahaha...

 

Análise Técnica


No post "e-o-jogo-começa", fiz os seguintes comentários sobre o ouro:

"O ouro se encontra próximo da máxima histórica, o que coloca em dúvida a possibilidade de haver uma nova queda. No gráfico a seguir, ainda continuo com essa ideia, mas, se tiver que mudar, a área destacada no retângulo seria o início do movimento de alta da onda (5) azul."

 



O ouro ultrapassou a marca de U$ 2.790, mas não me animei a sugerir um trade de compra, pois o primeiro objetivo, conforme se pode observar no gráfico semanal abaixo, é U$ 2.883, uma alta um pouco acima de 3%. É verdade que o preço pode se estender acima desse nível, mas como se trata de uma onda (5) azul da onda 5 laranja, o risco é elevado.

O fato destacado acima, sobre a retirada do ouro físico de uma custódia, ainda que temporária, pode pressionar o metal, como já foi comentado no mercado de aluguel.

 



Por motivos de viagem estou publicando as 14h00 o post. O S&P500 estava a 6.071, com alta de 0,16%; o USDBRL a R$ 5,7638, com queda de 0,60%; o EURUSD a € 1,0377, com queda de 0,24%; e o ouro a U$ 2.850, com queda de 0,52%.

Fique ligado!

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