O tiro saiu pela culatra #IBOVESPA
Já vi acontecer diversas vezes: um profissional bem-sucedido
vai para o governo e, em vez de seu negócio se beneficiar, acontece o
contrário. Lógico que não estou falando de picaretas, e sim de gente séria. As
razões são diversas, mas eu poderia resumir em uma frase: viram torcedores e
ficam cegos à realidade.
O mais recente caso é Elon Musk, que, ao adotar a linha de
ação de seu chefe, o presidente Trump, resolveu assumir uma tarefa de difícil
execução: diminuir o peso do governo, prometendo eliminar milhares de empregos,
fechar inúmeros órgãos etc., uma “blitzkrieg”. Com tão pouco tempo no cargo,
suas ações tiveram impacto na sua empresa, a Tesla.
Elon Musk tentou transformar a Tesla em uma extensão de sua
persona excêntrica e politicamente carregada, mas o tiro saiu pela culatra. Em
vez de reforçar a lealdade dos consumidores, suas polêmicas afastaram
compradores e investidores, resultando em uma queda brutal nas vendas e no
valor das ações. Enquanto ele se distrai com bravatas políticas e aventuras no
Dogecoin, concorrentes como Volkswagen, BMW e Hyundai avançam sobre o
território que antes era exclusivamente seu. No fim, Musk pode ter confundido carisma
com imunidade, mas o mercado não perdoa: a bala perdida da sua própria
arrogância agora o acerta em cheio.
Essa figura emblemática da inovação e da controvérsia parece
ter atingido um ponto de inflexão perigoso para sua própria fortuna. De um
lado, seu flerte incessante com a política e suas excentricidades no comando da
Tesla começaram a erodir a base de clientes fiéis da montadora. De outro, sua
obsessão com o Dogecoin e o espetáculo midiático de suas manobras econômicas
parecem não convencer os mercados financeiros, deixando um rastro de descrédito
que se reflete diretamente no valor de suas empresas.
Os números falam por si: as vendas da Tesla despencaram 45%
na Europa em janeiro, e a rejeição à marca cresce em locais onde Musk resolveu
assumir um papel político. Na Califórnia, berço da Tesla, as vendas caíram 12%,
enquanto na Alemanha e no Reino Unido a debandada foi ainda mais intensa. Os
consumidores já não compram apenas um carro elétrico – compram uma identidade,
e Musk parece ter transformado a Tesla em um outdoor ambulante de suas próprias
polêmicas.
Mas a crise da Tesla não se resume apenas à percepção do
consumidor. Enquanto Musk se lança de cabeça no governo Trump, criando sua
controversa “DOGE” (Departamento de Eficiência Governamental), os investidores
do mercado de títulos não estão nada impressionados. Apesar das promessas de
cortes bilionários nos gastos públicos, os rendimentos dos títulos do Tesouro
americano seguem elevados, sinalizando que os mercados não compram o discurso
de austeridade vendido por Musk.
O paradoxo é evidente: Musk quer convencer o mundo de que
suas iniciativas políticas são eficazes, enquanto sua empresa mais valiosa
sangra. O mercado financeiro tem suas próprias regras e, diferentemente da base
de seguidores fiéis do bilionário no X, os investidores exigem mais do que
promessas grandiosas e tweets provocativos.
O desgaste da Tesla é amplificado por uma crescente onda de
protestos e vandalismo contra suas lojas e fábricas. Em Berlim, ativistas
projetaram imagens de Musk em sua mais recente controvérsia política, enquanto,
nos Estados Unidos, showrooms foram alvo de pichações e ataques diretos. A
empresa que um dia simbolizou o futuro agora se vê associada a uma divisão
social e política sem precedentes.
Para os consumidores de veículos elétricos, alternativas não
faltam. Enquanto isso, Musk continua dobrando a aposta, flertando com medidas
radicais de corte de gastos no governo e defendendo sua criptomoeda favorita em
meio a um cenário de ceticismo generalizado no mercado financeiro.
A ironia é cruel: enquanto tenta convencer os investidores
de que pode transformar o governo americano com sua nova missão de austeridade,
Musk assiste ao valor da Tesla cair vertiginosamente. Suas promessas de bilhões
em cortes fiscais não conseguem reduzir os rendimentos dos títulos, enquanto
suas próprias ações no mercado refletem um ceticismo crescente em relação à sua
gestão.
O recado do mercado é claro: a era da narrativa messiânica
de Musk pode estar chegando ao fim. A Tesla, outrora a joia da coroa de sua
reputação, agora enfrenta um teste de fogo. A questão é se Musk conseguirá
reverter essa tendência antes que sua imagem, e, consequentemente, seu império
sofram danos irreversíveis.
No fim das contas, a lição que fica para investidores e
consumidores é simples: a imagem de um líder pode elevar ou destruir uma
empresa. E, neste momento, Musk parece ser o maior inimigo do próprio legado.
Análise Técnica
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Resolvi dar uma olhada do ponto de vista técnico nas ações
da Tesla. Demarquei com a curva em vermelho o “round trip” desde que Trump foi
eleito como presidente e apontou Musk para o DOGE. Desde a máxima aproximada de
U$ 500 atingida no final de 2024, suas ações já caíram 40%. Ainda é possível
que subam, mas precisa acontecer rapidamente – e nem pensar em chegar a U$ 264,
onde essa estratégia de alta teria que ser revista.
No post “mundo-de-lucro-rápido”, fiz os seguintes
comentários sobre o IBOVESPA: “Se esse for o caso e a onda 2 estiver em
curso, podemos esperar que uma reversão possível aconteça em 111,4 mil (-12%)
ou 109,8 mil (-14%)”.
Como havia comentado no post acima, numa janela de 1 hora se pode observar claramente a complementação de 5 ondas. O que isso significa? Pode-se esperar uma recuperação até os níveis apontados no retângulo para, em seguida, começar um movimento de baixa levando aos patamares acima, que devem ser confirmados mais adiante.
- David,
se está tão convencido assim, por que não sugere um trade de venda?
Pode ser uma boa ideia, siga o Mosca.
O S&P500 fechou a 5.956, sem variação; o USDBRL a R$ 5,8102, com alta de 1,23%; o EURUSD a € 1,0486, com queda de 0,26%; e o ouro a U$ 2.916, sem variação.
Fique ligado!
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