É possivel confiar #USDBRL

 


Ganhar a confiança de alguém é um processo lento, mas perdê-la pode ser instantâneo. É bem possível que todos nós já tenhamos passado por um processo de traição no passado e, quando o assunto é no campo amoroso, existe a propensão de se dar mais uma chance. No meu ponto de vista, se foi um escorregão levado por uma situação de envolvimento pontual e essa pessoa tem um caráter exemplar, é possível que não se repita – mesmo assim, ele(a) deve tratar isso em terapia. Agora, se o caráter é duvidoso, essas situações (traição) podem se repetir.

No caso de um governante, os princípios são semelhantes. Por exemplo, ninguém espera que Lula se torne honesto – basta comparar seu histórico. Em nenhum momento houve um mea culpa, ele se limitou a se defender. Porém, não é dele que quero comentar, e sim sobre Xi Jinping. Ele demonstrou durante seu governo que “apenas” aceitou goela abaixo que a China, um país comunista de raiz, se tornasse uma economia de mercado, permitindo que, nesse cenário, se formassem empresários almejando lucros e se tornando bilionários. Uma amostra dessa contradição foi vista em 2020, quando tomou medidas no sentido contrário a essa pseudo abertura da China.

Jack Ma aprendeu da pior maneira que, na China, só existe um chefão: Xi Jinping. Tudo começou quando o fundador da Alibaba resolveu abrir a boca e criticar publicamente o sistema financeiro do país, chamando os bancos estatais de “casas de penhores” e acusando o governo de sufocar a inovação. Em qualquer outro lugar, isso poderia gerar um debate saudável sobre reformas econômicas, mas, na China de Xi, foi o equivalente a assinar sua própria sentença. Poucas semanas depois, o Partido Comunista Chinês (PCC) pulverizou o IPO da Ant Group, que seria o maior da história, e deu início a uma verdadeira caça às bruxas contra Jack Ma e suas empresas.

O bilionário desapareceu misteriosamente da vida pública, enquanto a Alibaba enfrentava uma avalanche de investigações e multas. O governo aplicou uma penalidade antitruste recorde de US$ 2,8 bilhões, desmontou a Ant Group e forçou a empresa a se curvar à supervisão do Banco Central. Outras gigantes da tecnologia, como Tencent e Didi, também sentiram a mão pesada de Pequim, deixando claro que qualquer um que ousasse crescer demais ou desafiar o status quo seria rapidamente podado. Na China de Xi, você pode ser um bilionário — desde que saiba o seu lugar.

O resultado? Jack Ma, que antes era o rosto da inovação chinesa, hoje vive no ostracismo, longe do controle da Alibaba e praticamente exilado entre Hong Kong e o Japão. A mensagem do governo foi clara: o Partido manda, os empresários obedecem. Xi Jinping conseguiu algo que nenhum concorrente global jamais fez — domesticar a maior potência do e-commerce chinês e, de quebra, esfriar o apetite dos investidores estrangeiros para qualquer aposta ousada na China. Se alguém ainda tinha dúvida sobre quem realmente governa o país, basta olhar para o que restou de Jack Ma.

Mas a China precisa, neste momento, competir na área de tecnologia se não quiser ficar para trás. Curiosamente, Xi Jinping se encontrou nesta segunda-feira com líderes desse setor, inclusive com Jack Ma. Fiz uma compilação de artigos publicados na Bloomberg.

A postura da China em relação aos investimentos em tecnologia passou por uma reviravolta digna de um roteiro de suspense. Há poucos anos, Pequim parecia determinada a esmagar o setor privado com regulamentações severas e investigações punitivas. O IPO bilionário da Ant Group foi cancelado de última hora, CEOs de tecnologia desapareceram temporariamente da vista pública e um mar de regulações despencou sobre empresas de internet, educação e fintechs. Agora, subitamente, o governo chinês quer mostrar que virou a página e está de braços abertos para os investidores.

O encontro de Xi Jinping com gigantes da tecnologia, como Jack Ma (Alibaba), Ren Zhengfei (Huawei) e Lei Jun (Xiaomi), foi o sinal mais claro até agora de que o governo quer acalmar os ânimos. Os mercados reagiram com euforia, e o Hang Seng Tech Index subiu para o maior patamar desde 2022. Mas a grande pergunta é: será que dá para confiar? Ou isso é só mais um head fake do Partido Comunista Chinês, como alguns veteranos de Wall Street gostam de dizer?

Wall Street, que apostou pesado na China nos últimos anos, aprendeu do jeito mais doloroso que promessas políticas podem evaporar da noite para o dia. Grandes bancos como JPMorgan, Goldman Sachs e Morgan Stanley agora estão repensando suas operações no país, cortando empregos e redirecionando esforços para mercados mais previsíveis, como Japão e Índia. O governo americano, por sua vez, adiciona mais uma camada de incerteza, com restrições e tarifas que tornam o cenário para investimentos cada vez mais turvo.

 



Mas há um fator que Xi Jinping não pode ignorar: a economia chinesa está com problemas sérios. O setor imobiliário está afundado em dívidas, a juventude enfrenta desemprego recorde e Pequim precisa desesperadamente de um motor de crescimento. O setor de tecnologia pode ser a peça-chave para evitar um colapso ainda maior e, por isso, o governo parece disposto a soltar um pouco as rédeas — mas sem abrir mão do controle total.

O timing desse "afrouxamento" também não é coincidência. O avanço da inteligência artificial no Ocidente, com empresas como OpenAI e Nvidia ditando o ritmo da inovação, preocupa Pequim. A resposta chinesa veio na forma do DeepSeek, um modelo de IA que supostamente rivaliza com os melhores dos EUA, apesar das sanções e da proibição do acesso a chips de ponta. Pequim quer que suas gigantes tecnológicas parem de brigar entre si e concentrem esforços em áreas estratégicas como IA, semicondutores e computação em nuvem.

Mesmo com essa nova postura, ninguém espera que o governo chinês permita um retorno ao "Velho Oeste" das startups que existia antes de 2020. O Partido Comunista deixou claro que quer um setor tecnológico alinhado com seus objetivos políticos e que qualquer deslize pode ser punido com outra rodada de regulações. Empresas como Alibaba e Tencent já se adaptaram a essa nova realidade, aceitando pagar multas bilionárias e remodelando suas operações para evitar desagradar Pequim.

Acredito que Xi Jinping não mudou sua crença sobre o capitalismo e suas consequências e disparidades em relação ao modelo chinês. Esse seu recuo mais parece ter sido “obrigado” a aceitar, tendo em vista a situação delicada em que o país se encontra hoje. Podemos imaginar que, se em algum momento no futuro a China conseguir sair do atoleiro, Xi pode recuar novamente. Confiar no Partido Comunista Chinês é como acreditar que um traidor sem caráter mudou de repente. Desta forma, configura-se uma aposta extremamente perigosa para investimentos de longo prazo.

 

Análise Tecnica

No post "atirando-para-todo-lado", fiz os seguintes comentários sobre o dólar: “Tudo indica que o dólar caminha para o intervalo definido acima (R$ 5,6378 / R$ 5,5969). O que se pode esperar depois? O primeiro teste será se o movimento de queda estanca para, em seguida, iniciar o movimento de alta que levaria o dólar a um objetivo mínimo de R$ 6,78; ou a queda continua, o que levaria ao meu cenário alternativo apresentado a seguir, onde o dólar atingiria R$ 5,41 num movimento tortuoso de idas e vindas até próximo do final de 2025.”

 



O dólar está se aproximando da intervalo apontada acima.

Como ficamos com esses dois cenários expostos no post acima? Existe um stop loss importante localizado muito perto do limite mínimo de R$ 5,5143 para a estratégia mostrada abaixo. Caso seja ultrapassado, vou ter que usar inicialmente a alternativa apontada acima. Vamos acompanhar.

 



A bolsa ficou fechada em função do feriado do Dia do Presidente – será que o Trump sossega um pouco pelo menos hoje! Hahaha ...; o USDBRL a R$ 5.7115, com alta de 0,13%; o EURUSD a € 1,0482, sem variação; e o ouro a U$ 2.897, com alta de 0,50%.

Fique ligado!

Comentários

  1. Metade dos pesquisadores de alto nível em IA do mundo estão na China. Huawei é a grande competidora da NVIDIA e ninguém duvida que logo estarão no nível da TMSC em construção de chips. Em baterias automotivas, estão 10 anos na frente dos EUA, segundo o presidente da Ford.

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