A incerteza volta (nunca saiu!) do radar #nasdaq100 #Nvidia


Não sei se as medidas tomadas pelo presidente Trump são pensadas ou movidas pelo calor do momento. Em todo caso, ele deve ter uma listinha de “maldades” que consulta diariamente para decidir qual será a do dia. Ontem foram as tarifas novamente focadas no México, Canadá – que tinham um deadline no dia 04 de março, mas a de 10% para a China surpreendeu. 

Os mercados de risco já mostravam há alguns dias que estavam desconfiados, mas esta semana resolveram ir à luta, e uma onda de vendas se sucedeu em todos eles, com intensidades proporcionais à sua volatilidade. Nem mesmo a “Normalzinha” escapou, com uma queda de 8,5% só no pregão de ontem, depois de resultados melhores que o esperado. Recomendo a leitura do post de ontem, onde expus minhas desconfianças: “a Queridinha está perdendo o brilho”. 

A China vem tentando se reerguer de dois setores com grandes problemas: o mercado imobiliário, que estava executando os projetos segundo curvas teóricas de crescimento, e exportações, que precisam achar novos compradores. Trump é um exímio negociador; como comentei recentemente, ele já quebrou 3 vezes e continua como empresário bem-sucedido, e sabe que a China está em condições precárias de negociação. Mas não podemos esquecer a origem da expressão “tortura chinesa”, uma metáfora para algo insuportavelmente prolongado, e eles aguentam muito mais que os ocidentais. A seguir, um resumo de artigos da Bloomberg e Reuters. 

A China enfrenta a prova de de fogo, e Donald Trump acaba de acender o pavio. Em 28 de fevereiro de 2025, o presidente americano anunciou uma nova tarifa de 10% sobre importações chinesas, somando-se aos 10% já impostos no início de seu segundo mandato. É um golpe calculado, que pega Pequim no pior momento: uma economia que patina na deflação mais longa desde os anos 60, com o consumo interno em frangalhos e a pressão de um mundo que já não engole seus produtos como antes. 

Veja o caso de Coco Wen, 31 anos, funcionária de uma agência de turismo em crise. Ela usou subsídios estatais para comprar um iPhone a preço de banana, mas cortou até o jantar de aniversário. O programa de trocas – uma tentativa de injetar vida no consumo com descontos em carros elétricos e eletrodomésticos – é uma faca de dois gumes: estimula gastos hoje, mas sufoca o amanhã, com famílias adiando compras futuras. Xing Zhaopeng, da ANZ, alerta: em cinco ou seis anos, a conta chega, e ela não será barata. 

Trump não dá trégua. A China agarrou-se às exportações para atingir seu crescimento de 5% em 2024, inundando o planeta com baterias, painéis solares e carros elétricos. Mas as tarifas americanas – com ameaça de escalada – cortam esse fio de esperança. Outras nações já coçam as mãos para erguer suas próprias barreiras, e Pequim teme reacender o fantasma do “China shock”, que destruiu empregos no Ocidente e pavimentou o caminho de Trump ao poder. O jogo está apertado. 

Internamente, o cenário é sombrio. O setor imobiliário desmoronou, o privado levou um chute do Partido Comunista, e o consumo familiar não passa de 40% do PIB – 20 pontos abaixo da média global. Especialistas como Louis Kuijs, da S&P, exigem reformas sérias: saúde robusta, pensões dignas, fim do sistema que segrega trabalhadores rurais. Só que isso custaria até 30% do PIB, estima a Rhodium Group, e Xi Jinping hesita em mexer no tabuleiro do controle político. 




O National People’s Congress (NPC), que começa em 5 de março, é o próximo ato desse drama. O Primeiro-Ministro Li Qiang vai manter a meta de 5% de crescimento, mas, com exportações sob ataque e Trump na ofensiva, a saída é afundar em dívidas – déficit maior, mais títulos especiais. Há promessas de “impulsionar vigorosamente” o consumo, mas o aumento de pensões de 103 para 123 yuan por mês é uma migalha irrisória, menos de 0,01% do PIB para 170 milhões de pessoas. É um insulto mascarado de esforço. 

Na arena global, Trump aperta o cerco enquanto Xi mantém a frieza. O americano quer TikTok vendido e a guerra na Ucrânia resolvida, mas o chinês ignora os telefonemas, apostando no longo prazo. Na primeira guerra comercial, Xi resistiu às pressões e saiu com um acordo meia-boca; agora, com tarifas batendo, ele acelera a indústria – chips de IA da DeepSeek provam que os EUA não conseguiram sufocá-lo tecnologicamente. É uma guerra de resistência. 

Taiwan permanece a pedra no sapato. Trump sugere lavar as mãos para conflitos menores, mas Xi sabe que guerra é risco demais: o Partido prefere coerção – vigilância, detenções, leis esmagadoras – a um confronto que poderia incinerar cidades como Shanghai. As tarifas já ameaçam suas metas de PIB per capita até 2035; sanções por um conflito armado seriam o golpe final em sua visão de influência global. 

A economia chinesa, outrora um titã em ascensão, vê seu sonho de superar os EUA esfarelar. Exportações, o último pilar, tremem sob o peso das tarifas, e o NPC terá de apresentar um plano crível para reanimar o consumo interno. Sem reformas estruturais – redistribuição de recursos, segurança social robusta –, Xi fica no discurso vazio, enquanto Trump capitaliza cada fraqueza. 

O americano, com sua obsessão por hegemonia, acha que dita as regras, mas Xi, aos 71, joga com paciência e sem eleições no horizonte. As tarifas ferem, mas também alimentam a narrativa chinesa de um Ocidente hostil. Trump pode até forçar a China a sangrar no curto prazo, mas está pavimentando um mundo onde a força bruta, não as regras, reina – e isso é terreno onde Xi se sente em casa. 

O veredicto é cruel: a China precisa de um milagre econômico, mas Xi reluta em pagar o preço político. Com a nova tarifa de 10%, o tempo aperta, e o consumidor chinês segue refém de um sistema que promete conforto, mas entrega incerteza. Trump ataca, Xi resiste, e o futuro da segunda maior economia do mundo balança na corda bamba. 

No post “vamos falar sério” fiz os seguintes comentários sobre a Nasdaq100: “No post acima, mencionei a possibilidade de um false break, e, por enquanto, é o que ocorreu – destaque no círculo. Por outro lado, está se formando um triângulo destacado com as linhas vermelhas, o que deveria indicar rompimento” 




O triângulo rompeu para baixo, o que acontece com menos frequência – às vezes os eventos menos prováveis ocorrem. Enfatizo que análise técnica é probabilística. Eu tenho duas contagens que não diferem muito no curto prazo e ambas têm o seguinte dilema: os níveis atuais são uma oportunidade de compra ou, numa recuperação que terá a seguir, deve-se vender? Se seguir meu cenário à risca, seria o primeiro caso; porém, onde colocar o stop loss, como indiquei no gráfico abaixo? O Mosca não gosta de entrar no mercado dessa forma, prefere esperar 5 ondas para cima. 




Em relação à “Normalzinha”, meus comentários foram: “A ‘queridinha’ ficou patinando nos níveis mais elevados. Como comentei ontem, na próxima quarta-feira vai anunciar seus resultados, e tudo indica que o mercado está esperando essa informação para reagir” 




O mesmo dilema se apresenta para Nvidia. Para verificar a opção da correção da onda 4 vermelha estar ainda em andamento dentro das linhas pontilhadas, poderia chegar ao nível de U$104 (-15%) – U$98 (-20%). Acredito que ninguém quer experimentar para ver. Ficamos na expectativa de 5 ondas ou observando o que ocorre para baixo. 




Os investidores ficaram pessimistas em relação à bolsa de valores. O AAII Sentiment Survey constitui um instrumento objetivo e descomplicado que reflete o sentimento dos investidores individuais nos Estados Unidos acerca das perspectivas do mercado acionário, do investidor comum em meio às incertezas econômicas de 2025. Até aí tudo bem, mas vejam o que está ocorrendo agora. 




Notem que, quando esse indicador mostrava níveis elevados de pessimismo, a bolsa apresentou quedas, o que indica ser um elemento contrário, ou seja, nesses momentos era um bom momento de entrada no mercado. Desta vez, a bolsa não se mexeu. O que aconteceu agora? É estranho; se existe pessimismo, os investidores deveriam ter vendido suas posições, levando a bolsa a novas quedas.




O S&P500 fechou a 5.954, com alta de 1,58%; o USDBRL a R$ 5.8891, com alta de 0,85%; o EURUSD a € 1,0372, com queda de 0,24%; e o ouro a U$ 2.854, com queda de 0,74%.

Fique ligado!

Comentários

  1. Trump é uma tragédia. Só os faria limers, no alto de suas sabedorias, acham que ele vai melhorar a condição americana.

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