Mundo de lucro rápido #bitcoin #IBOVESPA
Vivemos um momento muito diferente do meu passado – acho que
todo cidadão sênior diz a mesma coisa! – mas tenho argumentos para essa
afirmação. A Revolução Digital, como eu a denomino, criou uma sensação de
urgência, como se a velocidade dos bits transbordasse para o dia a dia. Veja
seu WhatsApp: a cada dia, você se sente mais compelido a responder à sua rede,
ou observe a velocidade com que as inovações acumulam milhões de adeptos.
Essa sensação também envolveu os lucros. Outro dia, estava
vendo algumas estatísticas da bolsa e algo me chamou a atenção: no mercado de
opções, mais de 50% das posições vencem no mesmo dia. Qual a razão para alguém
se envolver nesse mercado? Lucro rápido, pois fundamento não é.
Outro mercado que ganhou atenção nesse sentido é o das
criptomoedas, que se [AD1] reproduzem
de forma geométrica, principalmente as chamadas meme coins. Mais recentemente,
Donald Trump lançou a sua – e sua mulher, Melania, pegou carona lançando também
a dela. O gráfico a seguir diz tudo sobre a MAGA – em português puro, “virou
pó”. Agora, se ele ganhou dinheiro ou não, é outra questão. O presidente
argentino Milei se espelha muito em Trump e resolveu dar as caras nesse mercado
promovendo uma moeda meme.
Ele, o libertário que prometeu revolucionar a Argentina com
o livre mercado, acabou tropeçando justamente no campo onde deveria ser
especialista: a desregulação financeira. Seu envolvimento com a criptomoeda
$LIBRA não foi um escândalo tradicional de corrupção, mas sim um exemplo
clássico de como o entusiasmo cego por criptoativos pode se tornar um desastre
político. Milei aparentemente acreditou que poderia dar um empurrão simbólico
na moeda digital e que o mercado faria o resto – mas, como muitos antes dele já
aprenderam, o jogo das criptos é traiçoeiro, e quem se mete sem entender
completamente suas implicações acaba pagando o preço.
A aposta do presidente argentino em $LIBRA parecia, no
início, apenas mais um gesto alinhado ao seu discurso de destruição do Estado e
promoção de moedas alternativas. No entanto, a valorização absurda seguida pelo
colapso do token expôs algo ainda mais perigoso: a influência de figuras
próximas a Milei na operação, incluindo sua irmã Karina, que teria facilitado
os contatos entre empresários do setor cripto e o governo. O que era para ser
um simples aceno ao mercado virou um turbilhão de acusações, desde manipulação
até conflito de interesses, colocando Milei na desconfortável posição de alguém
que ou foi ingênuo ou foi conivente.
A ingenuidade de Milei ficou ainda mais evidente quando seus
assessores tentaram conter o estrago, interrompendo jornalistas e tentando
censurar perguntas sobre o escândalo. Em vez de controlar a narrativa, essas
ações só reforçaram a percepção de que o presidente não tinha noção do tamanho
do problema que havia causado. E o mercado, implacável, respondeu rapidamente:
ações argentinas despencaram, investidores estrangeiros começaram a rever suas
apostas no país e a imagem de Milei como um gestor confiável sofreu um forte
abalo.
O grande erro do presidente foi subestimar a volatilidade do
mundo cripto. Ele acreditou que poderia apenas "ajudar" a moeda a
decolar, sem perceber que seu envolvimento direto era um fator de manipulação
explícito para o mercado. No final, Milei não foi um fraudador clássico, mas
sim um presidente que se meteu em um campo que não domina, apostando no livre
mercado de uma forma que nem o próprio mercado aceitou. Seu nome agora está
associado a um esquema que, intencionalmente ou não, deixou investidores no prejuízo
e reforçou a ideia de que cripto continua sendo um território perigoso até para
chefes de Estado.
Essa história deixa uma lição clara: criptoativos ainda são
um jogo para poucos, e mesmo um presidente que acredita no livre mercado pode
ser engolido por ele. Milei não caiu por corrupção tradicional, mas por
acreditar que poderia dar legitimidade a uma moeda digital apenas com seu selo
de aprovação. O problema? O mercado não perdoa amadores. Agora, sua
credibilidade está sob ataque, e ele precisa provar que não foi apenas mais um
que entrou para a longa lista de políticos iludidos pelo brilho das criptomoedas.
Mas são só essas criptomoedas que devemos evitar? Existe uma
outra categoria: as stablecoins, que estão prestes a consolidar a hegemonia do
dólar no sistema monetário global por mais um século, segundo análise da
Bloomberg. Essas criptomoedas, atreladas a moedas fiduciárias – principalmente
ao dólar –, estão em plena ascensão, e sua adoção crescente sugere um novo
paradigma monetário. Atualmente, cerca de 99% das stablecoins em circulação são
denominadas em dólares, evidenciando que, se o mundo estivesse começando um
novo sistema financeiro do zero, a preferência continuaria sendo pela moeda
americana.
O fenômeno das stablecoins pode ser explicado, em parte,
pela busca de economias menos desenvolvidas por uma alternativa ao sistema
bancário tradicional. Muitos países sofrem com regimes financeiros frágeis,
regulações rígidas ou, simplesmente, falta de acesso a dólares físicos. As
stablecoins preenchem essa lacuna ao permitir que indivíduos e empresas façam
transações digitais em dólar de maneira instantânea e sem a necessidade de
bancos. Dessa forma, essas moedas digitais podem provocar uma dolarização gradual
de diversas economias emergentes, tornando o dólar ainda mais dominante.
O mercado de stablecoins tem crescido significativamente nos
últimos anos. Até o final de 2024, havia 223 stablecoins listadas, com uma
capitalização de mercado combinada de aproximadamente US$ 209,46 bilhões. As
líderes de mercado incluem o Tether (USDT), com uma capitalização superior a
US$ 139,5 bilhões, e o USD Coin (USDC), com cerca de US$ 53 bilhões.
O impacto das stablecoins, no entanto, vai além do acesso a
dólares digitais. Há um movimento global de desconfiança nas moedas nacionais e
até mesmo nos sistemas bancários tradicionais, levando investidores e empresas
a optarem por alternativas descentralizadas.
A concorrência contra o dólar segue fraca. Nem o euro nem o
yuan chinês parecem ameaçar a supremacia da moeda americana no curto prazo. O
euro enfrenta riscos políticos e instabilidade na União Europeia, enquanto a
China mantém rígidos controles de capital e um ambiente econômico incerto.
Nesse cenário, as stablecoins impulsionam ainda mais a posição do dólar,
funcionando como um facilitador da nova ordem monetária digital. A grande
questão agora é se os EUA irão regular essas moedas de maneira mais severa ou
incentivar seu crescimento como uma ferramenta estratégica de influência
global.
No longo prazo, a dependência crescente das stablecoins pode
transformar radicalmente a economia mundial. O dólar pode consolidar seu status
de moeda de reserva global não apenas por meio dos sistemas financeiros
tradicionais, mas também através das blockchains. O crescimento dessas
criptomoedas pode remodelar a geopolítica monetária, tornando mais difícil para
países adversários desafiar a hegemonia americana. Para os EUA, isso pode ser
um trunfo para manter sua liderança econômica, mas para o restante do mundo,
significa que qualquer turbulência no dólar poderá ter impactos ainda mais
profundos e imediatos.
Análise Técnica
No post “o-final-da-história-parte-ii”, fiz os seguintes comentários sobre o bitcoin: “A onda (5) vermelha acabou se alongando um pouco mais, o que projeta um objetivo de 117,7 mil, conforme gráfico abaixo. O que não muda é que o bitcoin se encontra em estágio avançado, e a contagem de mais longo prazo prevê uma queda mínima a U$ 50,8 mil.”
Acho que você ainda tem uma chance de fazer um lucrinho. Do
ponto de vista técnico, a onda 4 azul parece não ter terminado. No gráfico,
usei essa onda como sendo flat, o que implicaria uma pequena queda até os
níveis destacados no retângulo – entre U$ 90,1 mil e U$ 87,5 mil. Porém, essa
configuração não é obrigatória; pode estar formando um triângulo e permanecer
em um vai e volta dentro dos preços atuais, antes de buscar os U$ 117,7 mil.
Como mencionei antes e segundo minha contagem, o bitcoin está no término de uma
onda 5 azul, (5) vermelha, 5 laranja e III azul, o que requer cuidado.
No post “o-fed-está-tonto”, fiz os seguintes
comentários sobre o IBOVESPA: “Por enquanto, fico com a hipótese de uma mini
alta, que levaria o IBOVESPA até 129,7 mil / 133,0 mil. Sendo assim, não tenho
nada a oferecer como sugestão aos leitores – esqueçam temporariamente (definitivamente?)
esse mercado.”
A bolsa atingiu 129,5 mil, o primeiro objetivo acima – não é
incrível? Depois, iniciou um mini movimento de queda, em que, numa janela de 1
hora, só é possível visualizar três ondas de baixa, o que é insuficiente para
assumir que a onda b laranja terminou. Se esse for o caso e a onda 2 estiver em
curso, podemos esperar que uma reversão possível aconteça em 111,4 mil (-12%)
ou 109,8 mil (-14%). Vou acompanhar mais de perto nos próximos dias e, caso
complete, comento no post.
O S&P500 fechou a 6.144, com alta de 0,24%; o USDBRL a
R$ 5.7248, com alta de 0,62%; o EURUSD a € 1,0426, com queda de 0,18%; e o ouro
a U$ 2.934, sem variação.
Fique ligado!
[AD1]Multiplicar
de forma geométrica é pleonasmo
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