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Pênalti sem goleiro #S&P 500

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Sempre que o mercado caminha em uma única direção com convicção exagerada, eu lembro do que dizia meu ex-sócio Gil Faiwichow: em certas fases, investir é como bater um pênalti sem goleiro — só perde quem escorrega. É exatamente assim que vejo o bitcoin hoje: não há goleiro, não há defesa, não há racionalidade disposta a segurar a bola. A estrutura inteira ficou sem estradas de retorno. E o caso mais emblemático dessa situação é Michael Saylor. Depois de cinco anos repetindo o evangelho do “nunca venderemos bitcoin”, agora admite que venderá — não por vontade, mas por necessidade. A própria Strategy Inc., sua empresa, abriu mão do dogma ao reconhecer em relatório e entrevistas que pode ter de liquidar parte das posições se o valor da ação cair abaixo do valor dos próprios bitcoins que detém, algo já perto de acontecer segundo o Wall Street Journal e a Bloomberg. A queda superior a 30% desde outubro e o derretimento simultâneo de altcoins expuseram um ponto central: a Strategy não ...

IA: na segunda fase #USDBRL

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Passei boa parte da minha vida profissional seguindo um padrão que só consegui enxergar claramente anos depois. Sempre que assumia uma nova função, vinha primeiro aquela fase impulsiva em que eu acreditava entender tudo rapidamente e me sentia confortável para dar palpites, como se a complexidade pudesse ser domada pela intuição. Logo depois, chegava a etapa do desconforto, quando percebia que o assunto era muito maior do que parecia e começava a me perguntar se um dia conseguiria, de fato, compreendê-lo. Quando finalmente as engrenagens se alinhavam, surgia alguém para dizer que aquilo era “óbvio”, como se o caminho não tivesse existido. Em seguida, vinha a fase criativa, em que ideias de melhoria brotavam naturalmente, e por fim, a fase do desinteresse, quando o aprendizado se estabilizava e eu já buscava um novo desafio. Quando observo o fenômeno da Inteligência Artificial, vejo que estamos exatamente nesse segundo estágio coletivo: o da dúvida. Há convicções por toda parte, proje...

A economia Sem Conserto #nasdaq100 #NVDA

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Quando uma economia acumula problemas estruturais, o tempo se transforma no inimigo público número um. As medidas de curto prazo aliviam, mas nunca resolvem; apenas encobrem o estrago que continua fermentando debaixo da superfície. O Brasil é um caso clássico dessa armadilha: com metade da população sem qualificação, os governos optam sempre pela anestesia — benefícios permanentes, programas assistenciais que deveriam ser provisórios, uma mão estendida que virou muleta. Não há conserto possível quando a própria engrenagem produtiva gira em falso. Mas existe um outro tipo de país, onde o governo não precisa disputar eleição a cada quatro anos e, portanto, não tem urgência democrática. A China, ao contrário do Brasil, não trabalha com horizonte curto. E, mesmo assim, vive hoje um dos maiores impasses econômicos da sua história moderna. O que muda é apenas o ritmo do colapso: lá, ele é silencioso, metódico, administrado. Isso não o torna menor — apenas mais perigoso. Venho dizendo no ...

O pulo do gato #OURO #GOLD #EURUSD

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Há quem insista que o mercado é imprevisível, quase uma loteria sofisticada. Eu discordo. Para mim, existe um padrão — não o padrão das planilhas, mas o comportamento repetitivo das pessoas que alimentam o mercado. É aí que entra o verdadeiro “pulo do gato”: perceber que preços não reagem a fatos, e sim ao modo como a massa digere esses fatos. E essa digestão é sempre lenta, enviesada, emocional. As ondas de Elliott traduzem isso melhor do que modelo matemático. O estudo do Deutsche Bank usando IA — o dbLumina — reforça isso emocionalmente. Ele vasculhou milhares de comentários de mercado ao longo de 2025. O que encontrou? Um mercado dominado pela ansiedade praticamente o ano inteiro. A euforia, quando apareceu, foi apenas em surtos breves. Os investidores passaram mais tempo com medo do que convictos. Medo de perder, medo de errar, medo de acreditar demais. Medo é o combustível mais constante dos preços. Outro ponto importante é a comparação entre o índice de sentimento do dbL...

Acabou a moleza #IBOVESPA

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Durante muito tempo, quem precisava de chips para treinar modelos de inteligência artificial tinha apenas uma opção real: aceitar o preço imposto pela Nvidia ou simplesmente ficar sem produto. A relação era essa — ou você pagava o que Jensen Huang determinava, ou não treinava nada. E não adiantava levantar a sobrancelha e ameaçar “vou comprar do concorrente”. Concorrente? Era piada. O mercado inteiro dependia do monopólio tecnológico da Nvidia, e ela cobrava como tal: margens de 75%, filas de espera intermináveis e empresas engolindo seco para não sair atrás na corrida da IA. Eu conheço bem essa dinâmica. No tempo de pregão, quando alguém precisava comprar um ativo com poucos vendedores, a expressão era direta: “fecha na boca do vendedor”. Significava que não havia negociação possível — ou você aceitava o preço ou ficava sem negócio. A lógica era exatamente essa. Só que toda hegemonia gera arrogância, e toda arrogância abre espaço para uma reação. A Google não é exatamente uma empr...

O risco do copy - past #S&P 500

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Às vezes, quando observo o mercado reagindo aos ruídos da semana antes de uma decisão relevante do banco central americano, me pergunto se não estamos todos reféns do que chamei de copy-paste mental: a tendência de repetir a cartilha econômica sem checar os exames. O tema voltou forte agora, quando o Fed entra na reta final para decidir se corta ou não os juros na reunião de dezembro. E o que vejo é um entusiasmo exagerado, quase automático, baseado em premissas que, ao olhar com cuidado, podem estar desatualizadas — ou simplesmente incompletas. O pano de fundo começa pelo mercado de trabalho. Dias atrás, o consenso caminhava para uma pausa. Mas, de repente, uma série de autoridades do Fed passou a sugerir que prefere um corte preventivo. A presidente do Fed de São Francisco, Mary Daly, reforçou essa mudança ao afirmar que o mercado de trabalho está “vulnerável” e que existe risco de uma virada brusca, mais difícil de administrar do que um surto de inflação. Ela ressalta que o equilíbr...