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Esqueceram de mim #bitcoin #S&P 500

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Há momentos no mercado em que o investidor acorda e descobre que ficou sozinho em casa — exatamente como no filme em que o garoto é esquecido pela família e precisa improvisar para se defender. A diferença é que, no mercado, os “invasores” não são ladrões atrapalhados: são ondas de liquidez, manias especulativas e narrativas que desaparecem de um dia para o outro. E foi esse enredo que vimos se desenrolar no universo das criptomoedas nos últimos dias. Quem acompanha o Mosca sabe da minha postura cética — não por preconceito, mas por constatação: desde o início, o preço do bitcoin depende de uma reposição infinita de novos compradores. Regulamentação, ETFs, promessas políticas… tudo isso ajuda, mas não resolve o ponto central. Não existe valor intrínseco. Quando a narrativa esfria, sobra apenas o silêncio — o mesmo silêncio do garoto do filme, percebendo que ninguém voltaria para buscá-lo tão cedo. Nos últimos dias, a chamada “devastação cripto” tomou conta das manchetes. O bitcoin ...

Depois eu pago #USDBRL

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Existe uma expressão que sempre volta à minha cabeça quando analiso o momento atual da Inteligência Artificial: depois eu pago. Ela resume de forma simples a lógica que tomou conta das empresas que lideram essa corrida tecnológica. Gasta-se agora, acumula-se dívida, ergue-se um exército de data centers… com a esperança — quase um ato de fé — de que o retorno virá lá na frente. O desafio é que essa aposta gigantesca ainda está no início, e o mercado inteiro tenta medir se o investimento extraordinário será compensado pela geração futura de receitas. Para isso, alguns indicadores ajudam — e poucos são tão úteis quanto o EBITDA. Ele revela a força operacional de uma empresa olhando apenas para o motor do negócio, sem o ruído contábil. Mas, como mostra um dos artigos analisados, até esse motor pode enganar quando a empresa acelera demais sem olhar para o combustível restante. No caso das empresas ligadas à IA, o investimento não é apenas pesado: é monumental. O artigo da Bloomberg most...

A Banalização da IA #nasdaq100 #NVDA

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  Depois de ler vários — e quando digo vários, coloque muitos nessa conta — artigos sobre Inteligência Artificial, uma dúvida começou a me cutucar. Não surgiu de um insight genial, mas da repetição de um padrão que, quando você junta peça por peça, fica impossível de ignorar. A pergunta é simples: será que a IA está seguindo o mesmo roteiro da internet? Aquela história que começa exclusiva, impressionante, quase sobrenatural… e termina virando banal, indispensável, mas invisível, como a água da torneira ou o Wi-Fi do aeroporto? Essa provocação ganhou força conforme os textos apresentavam, cada um à sua maneira, um retrato desconfortável. A China, por exemplo, não está tentando criar “a melhor IA”. Está criando o ecossistema no qual todas as IAs terão que rodar: energia barata, controle das cadeias, domínio do hardware, capacidade de escalar antes que o Ocidente termine uma reunião regulatória. Os EUA, por sua vez, já tratam esse tema como a nova Guerra Fria — não com tanques, mas...

Ainda temos coisas boas #OURO #GOLD #EURUSD

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  Mesmo quando o noticiário insiste em pintar o país em tons sombrosos, ainda existem algumas luzes que, vistas com calma, mostram que o Brasil tem coisas boas — e não são poucas. Não estou falando de otimismo gratuito, tampouco de adesão ao discurso oficial. É apenas uma constatação simples: mesmo sob uma gestão da qual discordo em quase tudo, há forças estruturais no país que seguem avançando, algumas silenciosamente, outras impulsionadas por fatores externos que, gostemos ou não, nos empurram adiante. Essa percepção me acompanha há anos, desde os tempos em que eu vivia cercado por economistas. Aprendi a respeitar a disciplina, mas também a desconfiar da segurança com que muitos projetam o futuro. Em 2007, sentado numa reunião de conjuntura da Rosenberg, vi um quadro que me chamou atenção: a indústria começava a definhar, enquanto o setor de commodities — especialmente o agrícola — ganhava musculatura. Apontei a tendência e arrisquei: — “Do jeito que as coisas andam, o Brasil ...

Bolsa sob Judice #IBOVESPA

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Até meu filho, que está a centenas de quilômetros do mercado financeiro, veio me afirmar que a IA é uma bolha. Imaginem, então, os milhares de analistas que veem suas projeções de preços ficarem obsoletas dia após dia. Tenho a propensão de acreditar que não estamos diante de uma bolha, mas prefiro sempre sustentar essa visão com lógica — é arriscado demais enfrentar o consenso sem fundamento. Hoje, porém, decidi correr o risco: não estamos em uma bolha. O movimento que vemos é racional, ainda que um pouco exagerado, mas longe de ser ilógico. O artigo da Bloomberg, publicado esta semana, vai exatamente nessa direção. Nele, o veterano gestor William Clough argumenta que os temores de uma nova bolha tecnológica são infundados. Segundo ele, as empresas que lideram o avanço da inteligência artificial — Nvidia, Microsoft, Alphabet, Apple e outras — não lembram em nada as “ponto com” dos anos 2000: são companhias altamente rentáveis, com caixa robusto, baixa dívida e margens de lucro recordes...

Decisão meio a meio #S&P 500

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Nos anos 80, eu era tesoureiro do Banco Francês e Brasileiro, e a maioria dos nossos clientes eram multinacionais. Naquele tempo, as empresas se financiavam com linhas externas – quem é dessa época lembra bem da famosa Resolução 63. Naquela época nós inventamos a compra de ORTN (atual NTN) cambial futuro. A operação funcionava assim: o banco comprava o papel escolhido pelo cliente e carregava no overnight. Esse título era corrigido pela taxa Selic, e, no vencimento do contrato, fazia-se a conta do preço de mercado ajustado — a diferença, positiva ou negativa, era repassada ao cliente. Dessa forma, se houvesse uma maxidesvalorização — e naquela época movimentos de 30% não eram raros, já que o câmbio era administrado pelo governo — o cliente conseguia minimizar o custo da linha externa. Podemos chamar isso de um “swap disfarçado”. O cliente, porém, ficou em dúvida: havia o risco de oscilação do papel (refiro-me aos juros implícitos do título) e resolveu fazer apenas metade da exposição...